capítulo 11

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A presença do Jungkook não tirava todas as minhas preocupações e inseguranças, pelo contrário, me deixavam mais ansiosa. Naquela noite Jungkook se deitou ao meu lado na cama e falou uma coisa que mexeu comigo. Disse que gostava dos sorrisos que eu causava nele, naquele momento me senti realmente especial. Eu queria ficar ouvindo a voz dele até não poder mais, mas o sono me venceu.
Ele parecia cansado, mas não fisicamente, mentalmente. Era como se não dormisse a mais tempo do que eu e isso o corrompia por dentro como fogo queimando papel.

...

Quando abri os olhos novamente Jungkook ainda estava ao meu lado. Com os olhos fechados e os cabelos pretos caindo em seu rosto, ele parecia descansar. Eu o fiquei encarando por alguns minutos, imaginando como de costume o que se passava na cabeça dele. Jungkook era um mistério de olhos escuros, que eu seguia dentro desse mundo caótico em que me encontrava. Mas apesar disso eu me sentia segura, era como se eu sempre fosse sair ilesa com ele ao meu lado. Era uma sensação estranha de sentir contando o fato de que o conheci a alguns dias. Jungkook havia me salvado tantas vezes e talvez devesse ser essa a raiz do motivo dos meus sentimentos por ele.

...

-Bom...nada nesse também! - disse Sam fechando um dos grimórios e colocado na pilha dos já lidos.

Mais uma vez me encontrava na sala de estar, jogada no chão com s pernas cruzadas e um livro no colo. Samuel, como de costume, sentado no sofa com suas roupas elegantes e combinadas segurando outro livro as mãos. Jungkook, na mesa da cozinha estava abrindo uma lata de comida.

Era engraçado como o casebre era inteiro e sem paredes dividindo os cômodos. Apenas um grande quadrado com uma sala em um canto e uma cozinha no outro, com uma enorme escada levando para o segundo piso. Os outros cômodos de cima eram os únicos com divisórias feitas de madeira fina. Isso era bom pois nos dava um pouco de privacidade.

-Vamos achar alguma coisa! - falei tentando demonstrar o máximo de entusiasmo possível. -Se eu consegui convencer a moça da loja a parcelar minha bolsa em 39x eu consigo achar um feitiço !

-39x? -perguntou Sam. -Precisava de uma bolsa tão cara?

-É uma Gucci! -respondi.

-Idai ?- resmungou Jungkook. -É só uma bolsa.

-Não é só uma bolsa! -falei folheando as páginas do grimório que eu já estava na metade. -É uma Gucci!

-Mas não deixa de ser só uma bols...-Jungkook travou na hora.

Sam e eu o encaramos com olhos enormes. Sam fechou o livro e foi até o amigo.
Jungkook colocou o dedo a boca e mandou fazemos silêncio.

-Pensei ter ouvido alguma coisa. - ele disse depois de alguns segundos.

Eu me levantei e fui a até janela, empurrei com cuidado a cortina para o lado pra que não entrasse a luz do sol e machucar Jungkook. La fora havia somente as árvores, nada estranho. Estava quase fechando as cortinas quando vi um ponto preto ao longe se movendo em meio a luz do sol. Como se fosse um homem com uma capa. Ele correu rapidamente em meio as árvores assim como Jungkook fazia a noite. Tão rápido quanto uma flecha.

-Tem alguém na floresta. -falei. -Um vampiro talvez?

-Um vampiro? -repetiu Jungkook. -Impossível.

-Bom...tem alguém a alguns metros da casa. -Respondi.

-Não se preocupe com isso. -Falou Sam. -A casa está enfeitiçada, por fora ela parece estar abandonada. E a menos que a gente coloque pra dentro, ninguém pode entrar.

Eu olhei novamente pela janela e ele não estava mais lá.

-----------------Jungkook

Sam e Isabela estavam dia e noite procurando uma forma de criar um feitiço da luz do sol, enquanto isso eu ajudava meu pai a planejar um jeito de pegar Sabrina e matá-la. Sabíamos que todos os subordinados dela estariam perto e que perderíamos alguns dos nossos no processo. Mas apesar de tudo isso, sabíamos que se tivéssemos êxito Sabrina estaria morta no final de tudo. O que mais me intrigava não era nada do que deveria me importar, mas eu me importava. Isabela. Não era minha prioridade mate-la viva, não era minha obrigação cuidar dela nem a proteger dos vampiros que tentarem atacar na luta. Mas eu queria proteger ela. Tinha prometido isso e sei que se ela morresse eu não conseguiria me perdoar.

Conseguia ouvir a voz do meu avô dizendo claramente pra mim

-Não desista de achar alguém que te ame, só porque uma pessoa errada fez você acreditar que o amor machuca. - Ele disse encostado na beira da lareira naquela noite. - Não tenha medo de tentar...

-Não é medo de tentar de novo. -Respondi. - E sim...de ter o mesmo resultado de antes.

-Assim como você tem momentos maravilhosos, você também vai ter momentos horríveis. - Naquela hora meu avô saiu da frente da lareira pra colocar a mão no meu ombro e olhar nos meus olhos. - Basta você saber lidar com a sua dor e seguir em frente à procura da felicidade. Acredite Jungkook, eu sei o que é perder a mulher que a gente ama.

Eu estava na casa da floresta com Sam e Isabela, os dois liam os grimórios e eu, depois de abrir uma lata de comida para a garota comecei a folhear um dos livros pra passar o tempo. Sam estava ao meu lado e Isabela jogada no chão com os olhos fixos no livro. Vez em outra Sam a olhava com os olhos sérios, ele a cuidava e cada movimento que ela fazia seus olhos voavam pra garota. Conhecia ele o suficiente para dizer que ele gostava dela e que se preocupava com ela. Não devia me incomodar o fato dele a comer com os olhos, mas me incomodava.

Eu não gostava daquela garota, não com olhos românticos, disso eu estava certo. Mas eu gostava de pensar na vida e lembrar que Isabela existia, fazia com que ela parecesse um pouco mais bonita.

--------------------------Isabela

Apesar de eu não mexer a cabeça, eu conseguia ver pela visão periférica que Sam e Jungkook me encarava alternadamente. Aquilo era muito estranho, como se estivessem se revezando para ter certeza de que eu não ia fazer nada errado. Aquela altura o dia já tinha escurecido, já tínhamos comido as comidas das latas e o sol já tinha ido embora.

Minha cabeça estava quase caindo de sono, as palavras já estavam saindo pra fora do livro de tanto que meus olhos se vesgueavam.

-Não saiam da casa. - disse Jungkook rápido demais e se levantando como uma flecha.

Meus olhos se abriram rapidamente e me forcei a me manter alerta para qualquer coisa que viesse.

Fique acordada Isabela...isso não é hora de ter sono!

-O que foi? - perguntou Sam.

-Tem alguém perto da casa. - respondeu abrindo a porta e saindo.

Eu corri pra ficar ao lado de Sam.

-Ele vai ficar bem? -perguntei a Sam. – Devemos ir atrás dele?

-Não se preocupe. -respondeu o feiticeiro. - É o Jungkook. Ele sempre fica bem.

Não demorou muito até Jungkook voltar pra dentro da casa, mas dessa vez ele não voltou sozinho. Jungkook segurava os braços do outro homem atrás das costas dele, o homem estava sujo de sangue assim como a blusa rosada de Jungkook. O homem parecia exausto, mas o que mais se destacava era que ele usava uma capa azul escura, parecendo um príncipe antigo.

-UMA CADEIRA! -pediu Jungkook e Sam em menos de um segundo trouxe a cadeira até o amigo.

Jungkook jogou o homem na cadeira e Sam o prendeu nela. Sem cordas ou fitas, mas uma luz azul envolveu o homem e o prendeu na cadeira. Ele tentou se soltar, mas estava cansado demais pra isso e algo me dizia que mesmo que tentasse ele não conseguiria.

-Me... soltem! -falou o homem.

-Não até me falar quem você é. -disse Sam com uma voz mais grossa que o normal.

-Isabela vai lá pra cima. -pediu Jungkook.

-Eu vou ficar aqui. -disse sem sair do lugar.

Jungkook se aproximou de mim, o suficiente para eu sentir sua respiração.

-Não estou pedindo. -ele falou.- Estou mandando.

-Você não manda em mim. -falei.

Ficamos nos encarando por uns segundos até ele pegar meu braço e me puxar pra cima.

-Ei! - resmunguei enquanto ele me puxava. - Você tem que parar com essa mania de ficar me levando...

-Fique aqui. -Foi tudo que Jungkook disse antes de me trancar no quarto e sair.

Palhaçada! Ele pensa que eu sou o que? Propriedade dele pra ir me levando pra onde quiser...ele vai ver na próxima! Abusado...

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