Capítulo 18

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   O quarto em que Victor havia me dado era pequeno, mas aconchegante. Havia uma janela grande com uma sacada na parede paralela a porta de entrada, havia uma cama com cortinas rosa chá, um tapete branco, um guarda roupa e uma penteadeira com um espelho grande. Por incrível que parecesse ser, o quarto estava limpo e arrumado. O castelo todo de Victor era limpo e bem cuidado, diferentemente do de Sabrina que tinha teias de aranha como se aquilo fizesse parte da decoração.

Fui direto para a sacada, o vento havia se intensificado e fazia com meu cabelo voar forte. A noite estava escura e eu conseguia ouvir o som da música e as risadas dos convidados a baixo de mim no salão. O tecido do meu vestido voava assim como meu cabelo, era como se eu mergulhasse naquela imensidão escura e sem estrelas. Era como eu me sentia, em uma imensidão escura. Minha família, mas principalmente minha mãe, vieram em minha mente. Ela devia estar preocupada, devia estar chorando ou até mesmo teve ter passado alguns dias sem dormir. Era por esse motivo que eu tinha que voltar pra casa, pela minha mãe, pelo meu pai, pela minha família. Mas a pergunta era bem simples. Como eu faria isso? E a resposta parecia não estar em lugar nenhum. Eu nem sabia o que eu realmente estava fazendo ali, não sabia ao certo como tinha entrado naquela confusão e nem como eu poderia ajudá-los. Me sentia como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Ouço passos atrás de mim e isso me faz sair dos devaneios que me atormentavam. Quando olhei pra trás vi Jungkook caminhando em minha direção. Agora ele estava sem o paletó, a camisa preta pra fora das calças e os cabelos não estavam mais tão arrumados como antes.

-O que está fazendo? -perguntou ele enquanto se apoiava no parapeito da sacada ao meu lado.

-Nada. -Respondi. - Só olhando o céu.

-Não há nada para olhar no céu. -Ele respondeu. -Nem um misero ponto de luz para chamar de estrela.

-Mas ainda assim, não é lindo? -perguntei.

-Se você gosta de escuridão até pode ser.- respondeu ele fechando os olhos e sentindo o vento em seu rosto. -Agora que posso andar no sol, não quero me esconder dele.

Fiquei observando Jungkook, e lembrando das frases ditas por Manseok. Como teria sido culpa dele a morte de Elise? Eu tinha que saber, mas não queria magoa-lo.

-Jungkook...-chamei e ele abriu os olhos para me encarar.

-O que foi? -perguntou.

-Você...- estava prestes a perguntar, mas meu coração doeu de um modo que não saberia explicar. Talvez eu não devesse saber ou me preocupar com isso, porque afinal, era o passado dele e não meu. - Você pode dormir comigo essa noite?

Ele me olhou surpreso com a pergunta.

-Eu não quero ficar sozinha aqui. -falei.

Jungkook se aproximou de mim e segurou meu rosto com uma das mãos, isso me fez arrepiar pois as mesmas estavam geladas. Aquilo era verdade, não queria estar sozinha e a presença de Jungkook me fazia sentir segura.

-Tudo bem. -Ele disse.

...

Eu havia trazido, dentro da minha bolsa parcelada em 39x, a camiseta de Jungkook. Eu tentava tirar, com fracasso, meu vestido para trocar pela camiseta, mas não conseguia abrir o zíper. Jungkook havia saído do quarto para resolver assuntos com Benjamin e eu estava sozinha naquela situação.

Será que seu eu tentar tirar sem abrir ele rasga? Não é como se eu fosse tão magra a ponto de passar sem abrir, mas... Se eu abrir só um pouquinho.

-Está tudo bem com você? - olho para a porta e vejo Samuel.

Ele estava segurando o riso parado no batente da porta com os braços cruzados. O garoto também tinha tirado o paletó cinza, estava com sua camisa abotoada e posta pra dentro das calças. Nada diferente poderia se ser esperado de Samuel. Ele conseguia ser elegante até quando não precisava.

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