Ainda Com Você

Capítulo 28

3 anos depois...

Mais uma vez ele estava lá comigo, tão perto que era capaz de sentir sua respiração em minha pele. Seus olhos tão escuros quando a noite, sem nenhum brilho, nem mesmo o do próprio olhar. Jungkook estava parado na minha frente, vestindo roupas pretas assim como costumava fazer. Estava muito frio e era possível ver a fumaça em sua respiração. Ele se aproximou de mim, tocando lentamente minha bochecha. Seus dedos estavam muito gelados me fazendo tremer ao sentir seu toque. Com aquela voz suave e calma ele disse.

-Você tem noção do quanto eu te amo?

E antes mesmo que eu pudesse responder ele começou a cuspir sangue e logo caiu no chão desaparecendo como fumaça. Tao rápido como um piscar de olhos. Eu me via mais uma vez sozinha naquela imensa floresta, estava escuro, sem nem mesmo a luz da lua para me guiar. Apenas escuridão. A floresta estava recheada de arvores tortas e secas, havia uma nevoa espessa no chão me impossibilitando de ver meus pés. Era frio, mas não tanto quando o toque de Jungkook. Ao longe eu conseguia ouvir a voz dele me chamar e eu queria correr ao seu encontro, mas não conseguia dar um único passo. Era como se aquela nevoa estivesse me prendendo, impedindo de chegar até o garoto.

-Isabela...Isabela...-a voz dele começou alta e depois foi diminuindo, como se estivesse se afastando de mim lentamente.

-Jungkook!!- chamei ele tentando seguir a voz. -JUNGKOOK!

Então eu acordei.

Aquela sensação de aperto no peito mais uma vez estava ali. Já havia me acostumado com aquilo, os sonhos tinham se tonado uma coisa constante. Mas agora estavam cada vez piores. Meu peito subia e descia rapidamente, sentindo como se o coração estivesse prestes a pular pra fora. Era difícil até mesmo respirar naquelas noites. Mesmo depois de 3 anos.

-Outro pesadelo?

Me sentei na cama com as mãos de Daniel em meu ombro. O garoto me encarava com os olhos sonolentos e com os cabelos loiros bagunçados.

-Sim. -respondi.

-Você precisa ir no medico ver isso. -Ele disse deitando novamente. - Só faz um mês que moramos juntos e isso está começando a me incomodar, todas as noites a mesma coisa.

-Eu disse que talvez não fosse uma boa ideia morarmos juntos Daniel. - disse me levantando da cama.

Daniel e eu estávamos "noivos" a alguns meses, nos mudamos para Nova York após eu ter sido contratada por uma editora renomada da área. desde então os pesadelos vem se tornando mais constantes. não que eles já não fossem.

Assim como havia prometido a mim mesma, escrevi meu livro. Contei sobre a história que havia vivinho aquele mês com os vampiros. Para minha surpresa foi um grande sucesso. Nunca imaginei que emplacaria. Com tantas vendas pediram para que escrevesse o segundo volume, e cá estava eu. Trabalhando em uma grande editora enquanto escrevia meu segundo livro e estava prestes a me casar. Apesar disso eu não conseguia esquecer o que vivi. Jungkook ainda estava muito presente na minha mente, por ele ser quem é e por eu frequentemente descrever ele em meu livro como o personagem principal. Era o jeito que eu havia encontrado para mantê-lo perto.

O dia estava quase amanhecendo e pela janela da sala do meu apartamento eu conseguia ver os prédios e o nascer do sol. Me sentei em frente a mesa, pegando meu notebook e o colando em meu colo. Comecei a ler o capitulo 7 do manuscrito, era a parte em que a personagem principal reencontrava o seu amor depois de tê-lo perdido uma vez. Era a copia exata da minha história porem não conseguia escrevê-la pois nunca reencontrei Jungkook de fato.

As vezes tentava usar Daniel como modelo para a história, mas ele não parecia se encaixar. Para ser sincera ele nem mesmo se encaixar em parte nenhuma pra mim. O conheci na editora, a onze meses atrás e ele se apaixonou por mim. Eu também gostei muito dele, começamos a namorar e ele havia me pedido em casamento a algumas semanas. Eu não havia dito os famosos sim, com todas as letras nem cerimonias. Apenas disse que pensaria no assunto. Não sabia ainda se queria viver minha vida toda ao seu lado. Uma coisa um pouco rude de se pensar, mas não me sentia confortável o suficiente para aceitar.