Depois daquela noite, em que senti os lábios de Isabela pela primeira vez, tive a certeza de que me arrependeria pelo resto da vida. Sabia que aquela era uma decisão imprudente e que me machucaria, mais do que já estava machucado. Isabela morreria, sabia disso, sabia que as chances de ela sair viva eram mínimas e mesmo assim estava a mantendo tão perto quanto gostaria. Me apaixonando, como disse que não faria.
Ela dormiu em meus braços naquela noite, senti seu cheiro tão perto e seu toque aquecendo todo meu corpo. Sua cabeça estava delicadamente acomodada em meu peito, sua mão pequena e quente, ao lado de seu rosto. Ela usava um anel prateado, nunca havia o notado até aquele momento. Haviam pedrinhas em toda parte de cima, o decorando como se fosse uma pequena coroa em seu dedo. Era delicado assim como ela.
Seria assim tão difícil faze-la ficar ao meu lado por mais tempo? E se ela sobreviver, ficaria comigo? Ela me deixaria quando tudo acabasse?
Essas perguntas gritavam em minha mente, eu queria desesperadamente poder saber a resposta. Eu queria uma certeza, apenas uma, que quando isso acabasse ela ainda esteja aqui. Mas tudo que eu tinha, era uma possibilidade, com baixas expectativas de sucesso.
Meu pai e meu avô esperaram muito até aparecer uma oportunidade como essa, tirar isso deles seria uma covardia. Uma traição. Iria contra tudo aquilo que eu acreditava. Não seria justo com nenhum deles. Isso significaria que essa garota, Isabela, tinha que arriscar a vida. Era um preço justo a ser pago e eles não pensariam duas vezes. Meu único trabalho era mantê-la em segurança por um mês. Em vez disso trai a mim mesmo e a eles. Me apaixonei pela única coisa na qual não podia.
Eu a queria. Mas querê-la, não estava na minha lista de prioridades agora.
Naquela noite não dormi, não por falta de sono, mas sim porque queria observar aquela garota enquanto ainda tinha tempo. Queria que cada momento ao lado dela fosse claro em minha mente, que eu conseguisse me lembrar ate mesmo da sensação de seus cabelos escorrendo por minha pele. Queria lembrar dela por completo.
Estava amanhecendo quando ouvi passos no corredor. Já conhecia aquele caminhar barulhento e arrastado, Samuel. ele estava perto da porta do meu quarto que era a alguns metros de distancia do de Isabela. Ouvi o garoto dar três batidas na porta.
Eu me levantei cuidadosamente da cama, colocando Isabela para o lado. Tinha a esperança que ela não acordasse, mas foi em vão. A garota abriu os olhos verdes e me encarou com uma expressão sonolenta no rosto.
Adorável.
-Onde vai? - ela perguntou com a voz rouca.
-Pode dormir. - Respondi levantando. - Vou sair.
-Vai ver o sol de novo? - pergunto ela.
-Vou. - Respondi.
Ela assentiu e jogou a cabeça de volta na cama. Os cabelos estavam bagunçados, mas ela não pareceu se importar com disso.
-Isabela. - Chamei e ela levantou a cabeça pra mim. - Se eu demorar...você não...
-Eu sei. - Ela respondeu sonolenta. - Não sair do quarto.
- É. -respondi sem conseguir conter um sorriso ladino.
Assim que abro a porta do quarto, vejo Samuel parado em frente ao meu quarto. Seus olhos se direcionam em mim com um toque de surpresa. Ele estava usando, como de praxe, uma camisa abotoada ate em cima e calças jeans. Já havia me acostumado a ter um amigo que gostava tanto de roupas elegantes. Era sempre muito difícil estar à altura de Samuel quando o assunto se tratava de roupas.
-Ela teve pesadelos de novo? - perguntou ele me vendo sair do quarto de Isabela.
-Mais ou menos. - Respondi me aproximando dele.- Ela não gosta muito de ficar sozinha aqui.
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Ainda Com Você
Teen FictionTudo que ela tinha era uma vida normal e uma bolsa da Gucci que havia parcelado em 39x sem juros, ate que dois homens misteriosos a levam para um lugar desconhecido. Na mesma noite ela é "salva" por um rapaz charmoso que jura protege-la por uma pe...