Atrás do pátio central que abrigava uma grande fonte, Dulce conseguiu ver os pequenos arbustos posicionados linearmente e que pareciam salpicados com tinta lilás.
Um lavandário.
Sentiu-se tão idiota por não saber da existência dele, mal havia pesquisado sobre a cidade por estar sem interesse para nada, mas ao mesmo tempo em que lamentava aquele pequeno lapso ela sentia-se emocionada.
Tentou segurar o choro, acarretando um incômodo em sua garganta, não porque estava na frente de uma plantação de sua flor preferida, mas pelo cuidado dele. Uma vez foi o suficiente para ele entender esse gosto dela, anos não foram suficientes para Pablo. Não que fosse uma questão de comparação, mas...
Foi caminhando lentamente pelos corredores de terra que eram sempre paralelos às linhas de arbustos. Não estava tão florido, apesar de ainda distribuir os tons de lilás pelo caminho, possivelmente na primavera ou no verão aquele tom e as flores de lavanda estariam mais acentuados.
Como qualquer lavandário, as plantações eram dispostas em regiões montanhosas, com vistas serranas e que se moldavam às questões ambientais nativas. Seu conhecimento por botânica lhe fazia saber que a flor de lavanda que ela encontraria em Mineral de Pozos não era igual a que ela encontraria em Provence, por exemplo.
Abaixou-se lentamente entre os arbustos e aproximou-se de um dos ramos da planta, fechou os olhos ao sentir o doce aroma da flor. Não à toa, sua essência era usada para tratamentos terapêuticos de relaxamento... era impossível não sentir paz em meio àquela atmosfera. Estava tão absorta naquele lugar que não havia tocado em seu celular para tirar nenhuma foto, mas certamente já havia criado em seu cérebro uma memória de longo prazo fixada por suas emoções conflitantes.
Ao caminhar mais um pouco entre a plantação, conseguiu avistar um mirante que se encaixava na topografia do terreno. Era de madeira e tinha uma grande árvore no seu centro e como uma grande cena clichê entre tantas outras, viu um balanço preso entre os galhos. Foi até lá, mas preferiu sentar-se no chão e olhar o horizonte... em silêncio.
O local estava vazio e isso aumentava o barulho do vento entre a natureza, um zunido que soava tão melancólico. Dulce inspirou e expirou profundamente e mais uma vez abriu o caderno.
Bem que ela queria ter conhecimento do lavandário. Ou talvez não. Não teria sido surpreendida tão positivamente caso já o conhecesse.
Tirou a mochila das costas, pegando de dentro a caixa que ele indicava. A abriu com cuidado e arregalou os olhos ao ver que se tratava de uma câmera instantânea Instax Mini 90. A cor marrom a deixava ainda mais charmosa.
Dentre todas as coisas, aquele realmente parecia ser um presente dele.
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Cinco passos para conquistá-la [Vondy]
RomanceSegundo Steve Jobs... melhor dizendo, segundo Maite Perroni sempre devemos racionalizar e organizar as nossas ideias em cinco passos. Ideias ou vingança, aí fica a seu critério. Só não se esqueça que você pode entrar em uma zona de perigo, se apaix...