Capítulo 26 - Luzes do norte

1.4K 114 118
                                    

Christopher sorriu ao avistar seus primos, Alexander e Victoria, sentados perto do balcão de madeira. Já eram quase duas horas da madrugada do dia primeiro de janeiro e depois da ceia de Réveillon lá estavam eles naquele típico bar sueco que beirava o rio Lulealven, região ao norte da Suécia e fronteiriça à Noruega. O bar que era o mais antigo da redondeza, sempre ficava aberto nessas datas comemorativas.

– Finalmente apareceu. – Victoria brincou, com seu espanhol carregado de sotaque. Os primos de Christopher costumavam treinar o idioma com ele.

– Não foi fácil se livrar da mormor? – Alexander perguntou rindo.

– Até foi fácil sair de lá, o mais difícil foi me livrar de um pedaço de carne. – Christopher murmurou desfazendo o nó do cachecol e sentando-se ao lado deles.

– E deu certo? – A prima perguntou rindo.

– Óbvio que não. Depois de não sei quantos anos, eu tive que comer carne porque segundo ela... – Christopher lamentou. – "você está desonrando a memória dos seus ancestrais vikings". – Concluiu imitando-a.

– Consigo imaginá-la falando isso. – Victoria riu e em seguida tocou o ombro do primo com a mão direita. – E como o seu estômago reagiu? Não vomitou? – Ironizou rindo.

– Eu devia vomitar na sua cara... – Christopher debochou. – Mas eu cuspi no guardanapo e estou me sentindo a pessoa mais culpada de todo o mundo. Que isso fique só entre a gente. – Riu e em seguida bagunçou as madeixas loiras da prima.

– O negócio é jogar álcool por cima... e já que estamos aqui para honrar a memória de nossos ancestrais vikings, eu proponho um brinde com a bebida deles. – Alexander propôs rindo e em seguida pediu algo para o proprietário do bar, que cuidava do balcão principal.

– Viking bebia o que? – Victoria perguntou.

– Perguntando isso você desonrou a memória deles. – Christopher brincou. – Eu que me alfabetizei no México, sei.

– Quem se importa com eles? – A prima debochou e ajeitou os cabelos em um coque despenteado.

– Blasfêmia, Vic, blasfêmia... – Alexander falou entregando na mão de cada um, uma grande caneca. – E respondendo a sua dúvida, é hidromel.

– Hidromel não é da mitologia nórdica?

– E a Suécia é de onde? – Christopher perguntou indignado.

– Escandinávia. – Respondeu aproximando a caneca do nariz para sentir o aroma do hidromel, como de costume.

– Hoje tem suas divisões, mas naquela época era tudo a mesma coisa. Compartilhávamos isso e, enfim... vamos brindar, porque aparentemente a Vic teve problemas no colégio nas disciplinas de história e geografia. – Alexander brincou.

– É provável mesmo. – Victoria riu e levantou um pouco sua caneca. – Mas que se dane o colégio, o importante é que estamos aqui para enaltecer nossos ancestrais e para deixar a mormor feliz. Skål!

Skål! – Alexander e Christopher exclamaram ao mesmo tempo e em seguida bateram suas canecas.

Pela tradição e no melhor estilo "bronco" dos vikings, eles deviam virar a bebida de uma só vez, mas Victoria largou na metade e começou a reclamar.

– Odeio hidromel, que bebida mais doce. – Falou com cara de nojo.

– Quanto exagero. – Christopher falou revirando os olhos e colocando a caneca vazia em cima do balcão.

– Nesse caso, querido primo, eu prefiro a mitologia mexicana que nos presenteou com a tequila.

– Mitologia asteca. – Christopher a corrigiu rindo. – Mas isso não quer dizer que a tequila surgiu deles.

Cinco passos para conquistá-la [Vondy]Onde histórias criam vida. Descubra agora