Cinco passos para conquistá-la [Vondy]

Capítulo 45 - Manhã de domingo

"But things just get so crazy. Living life gets hard to do. Sunday morning rain is falling and I'm calling out to you... singing someday it will bring me back to you." Maroon 5.

Era quase manhã e Dulce permanecia na mesma posição, sentada no chão gelado do banheiro com Tyson repousando a cabeça em seu colo. Os olhos estavam estalados de pânico, sono e os vestígios encrustados em sua pele das milhares de lágrimas que havia derrubado. Sentia dor em todos os músculos de seu corpo, reflexo do quanto esteve encolhida e acuada.

Mesmo que os olhos estivessem pesados, não tinha como não ter insônia depois de todo o terror que havia vivido naquela noite. Que ela vivia constantemente, melhor dizendo, mas agora as coisas estavam mais vívidas em sua mente. Agora ela enxergava com precisão, sem a miopia que havia lhe acometido durante todo aquele relacionamento.

Suspirou ao ver os primeiros raios de sol entrarem pela janela, sua mente divagando entre suicídio, fuga e lembranças de uma manhã de domingo diferente. Onde os dias pareciam ser mais leves, aquela trégua que ela havia dado a si mesma indo ao encontro dele.

Ainda não havia amanhecido naquela madrugada de sábado para domingo, o inverno contribuía para que as noites fossem mais longas e apesar do vento frio batendo nas folhagens das árvores, Christopher estava longe de sentir frio e sono.

Tinha sido contagiado com a insônia dela, ou os papéis haviam sido invertidos, já que ela dormia feito um bebê na cama dele. Até tentou se enganar com um livro que havia levado para aquela viagem, que ele jurava que seria solitária, mas não conseguiu se concentrar nem no primeiro parágrafo do prefácio. Ok, talvez a "viagem não-solitária" explicasse muita coisa: não estava dormindo porque mesmo depois de dois dias, ainda achava surreal que ela tivesse ido até ele.

Ela despertava essa sensação de surpresa nele, em todos os sentidos e isso era como uma descarga de adrenalina constante. Segurou a risada quando percebeu que depois de velho uma mulher havia tirado o seu sono, literalmente.

Jogou o livro para o lado e ajeitou o cobertor que lhe cobria da cintura para baixo. Estava sentado entre umas almofadas que ficavam no chão de um pequeno ambiente envidraçado entre a sala e a cozinha. Era um canto estratégico e contemplativo da "fusão" do céu com o horizonte verde, era visivelmente estonteante.

– Perdeu o sono? – Escutou a voz fina e levemente rouca pelo sono.

Sorriu quando sentiu os dedos frios dela tocando-o no ombro e antes mesmo de olhar para cima para observá-la, a viu passar por sua frente e sentar-se com cuidado a seu lado.

– O bichinho da sua insônia me picou... – Falou rindo e tombando a cabeça de lado para olhá-la. – Achei que você ia dormir mais, estava dormindo tão profundamente.

– A cama ficou gelada. – Falou sorrindo e encostando a cabeça na parede. – Eu acordo por causa de frio... mentira, eu acordo por qualquer coisa. – Completou rindo.

– Da próxima vez eu coloco mais uns cinco cobertores para você não acordar. – Brincou não contendo a vontade de tocar em uma mecha do cabelo dela.

– Da próxima vez você não sai da cama. – Falou sorrindo e tocando com cuidado na capa do livro que ele deixara anteriormente ao lado das almofadas, a textura do papel era agradável para ficar tateando.

– Combinado.

Ela já havia relaxado com algumas questões em relação a ele e não pensou duas vezes em aproximar-se e deitar a cabeça em seu ombro. Ele era acolhedor nesse aspecto, nunca foi um homem que recusava qualquer tipo de afeto vindo do sexo oposto, ainda mais quando era uma bela jovem e que... bem, que despertava em seu coração mais do que ele havia permitido.