quatre-vingt-dix-huit ❇ life is a blow

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𝙩𝙝𝙞𝙧𝙙 𝙥𝙚𝙧𝙨𝙤𝙣

A vida era um sopro e Giselle só percebeu isso quando sua mãe a deixou com seus meros catorze anos e uma vida inteira pela frente.

Ela sabia que não era culpa de ninguém, mas sabia que se não cuidasse da sua, uma hora ou outra a perderia.

E ela cuidava.

Sua vida toda olhou os dois lados antes de atravessar a rua, nadava apenas perto de adultos, tomava cuidado ao usar o fogão, evitava assaltos, sempre que pegava um resfriado ia ao hospital temendo algo maior.

Era um pouco sufocante, mas ela já estava acostumada.

— Quer comer o quê? Eu posso pedir... tacos! — Giselle perguntou ao seu namorado que mexia no celular concentrado.

— Claro. — ele diz, ainda olhando o celular sem nem a olha-la. Era indescritível o ódio de Giselle quando alguém nem sequer a olhava quando ela falava; isso apenas a lembrava do seu pai a alguns meses atrás.

— Vai querer refrigerante ou suco? — ela pergunta.

— Pode ser. — ele diz e ela o olha confusa.

— Vou comprar um travesseiro também, ok? — ela cruza os braços.

— Uhum... — ele responde e ela bufa, tirando o celular da mão do garoto, logo o ouvindo reclamar — Amor!

— Amor digo eu! Fala comigo! — ela cruza os braços, fazendo um bico e aquilo aquece o coração de Jack o fazendo sorrir e dar um beijo em seus lábios.

— Eu te amo, desculpa. — ele murmura, dando inúmeros selinhos em seus lábios — Mas eu preciso resolver sua surpresa.

— Isso me parece como uma desculpa. — ela arqueia uma sobrancelha.

— Também. — ele ri, recebendo um tapa de Giselle — Eu juro que você vai amar, só espera mais alguns dias! Vou indo, eu te amo.

— Eu sinto. — ela responde o mantra do casal.

Ele dá outro rápido beijo em seus lábios, pega seu celular e sai correndo para fora do apartamento da namorada. Ele tinha que passar em tantos lugares até sua surpresa estar pronta.

Giselle bufou e se levantou. Ela já estava impaciente com essa surpresa. Pegou um casaco e saiu de seu apartamento, subindo as escadas em direção ao terraço e ao abrir a porta de metal, suspirou sentindo a brisa do ar.

O sol estava se pondo e havia gaivotas voando no céu, em direção à praia. O mar estava calmo assim como o vento.

Era um dia perfeito.

Bem, de toda a lista de coisas que Giselle era cuidadosa, altura nunca foi uma delas. Ela nunca sentiu medo de estar em cima de um meio-fio; ou debruçar sua cabeça na varanda de seu prédio; e nunca de ficar em pé, na beirada da queda de quarenta cinco metros de seu prédio.

Ela olhou para baixo, vendo o chão a metros abaixo de seus pés e em seguida o céu alaranjado, abrindo com força e rapidez seus braços e por esse maldito motivo, onde a física não ajudou nem um pouco, Giselle perdeu o equilíbrio.

Ela viu sua vida passar pelos seus olhos quando seu corpo se desequilibrou e caiu para frente e mais nada era sentindo abaixo de seus pés.

Ela se viu com seis anos correndo com suas primas pequenas pela casa de sua avó; se viu aprendendo a tocar atentamente piano com sua mãe; viu seu pai a avisando de sua morte e ela chorar, negando aquilo; viu terminar de pintar as paredes do seu quarto no Canadá com estrelas; viu se mudar para Los Angeles e admirar o mar azul; e viu o dia que conheceu Jack Gilinsky, o garoto que mudou sua vida apenas caindo. Assim como ela.

A vida era um sopro e Giselle Deschamps tinha certeza disso muito antes de cair quinze andares e formar ao lado de seu corpo, uma grande poça de sangue.






ok eu matei a minha personagem

espero que vocês não me matem por isso...

esse não é o último capítulo, ainda temos mais um então sem despedidas ainda

𝗣𝗔𝗥𝗞𝗢𝗨𝗥, gilinsky [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora