un ❇ imbalance

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𝙟𝙖𝙘𝙠 𝙜𝙞𝙡𝙞𝙣𝙨𝙠𝙮

Eu não aguentava mais Johnson, Taylor, Nash e Cameron gritando enquanto jogavam videogame na frente da TV; nem Shawn e Aaron ouvindo música vidrados em seus celulares e muito menos Matthew roncando na poltrona ao meu lado, sem contar a mãe de Jack com o liquidificador ligado, na cozinha.

Eu tive um dia muito estressante e o apartamento dos Johnson não ajudava em nada.

Acontece que minha ex, Madison, ficou no meu pé o dia inteiro pedindo para voltarmos. Ela não entende que ela mesma me traiu há cinco meses atrás e eu não aguento olhar em seu rosto?

Bem que Cameron disse que ela era extremamente chata, irritante e persistente. Mas o que um rostinho bonito não consegue?

— Gente, eu vou dar uma volta. Volto depois. — disse sendo ignorado por todos na sala. Acabo por revirar meus olhos e pegar meu celular, levantando do sofá e indo em direção a saída.

— Volte aqui, mocinho. — a senhora Johnson disse me fazendo dar dois passos para trás e a encarar.

— Sim, dona? — coçei minha nuca vendo sua cara séria.

— Não quero saber de você no telhado do prédio, ouviu? Eu não vou te acobertar para sempre, Gilinsky. Se o síndico te pegar, você sabe que ele conta para sua mãe. Então, nada de sair pulando que nem um macaco silvestre. — ela avisou apontando uma espátula pra mim e eu assenti, sorrindo pequeno — Agora pode ir.

— Valeu, tia, te amo. — sorri e sai correndo daquele apartamento, indo para as escadas.

A mãe do JJ era uma ótima mulher, como — por incrível que pareça — uma irmã mais velha para mim, mas meu amor por estar nas alturas é maior.

Lembro de um dia que o síndico me viu de longe fazendo parkour e saiu de porta em porta procurando um "garoto moreno alto super perigoso, de roupa preta" e a senhora Johnson me deu cobertura, com uma desculpa esfarrapada.

Mas eu só iria tomar um ar, não tem problemas.

Subi de três em três degraus as escadas até o último andar (o que não demorou muito, já que o prédio tinha 15 andares e os Johnson moravam no 13°) e subi as pequenas escadas, chegando finalmente no terraço do prédio.

Lá era cheio de bagunças e muitos lugares para pular, e o melhor de tudo: ninguém vinha aqui além de mim e Jack.

Me apoiei nos meus dois braços e subi no meio-fio do muro, onde de um lado era uma varanda da cobertura e no outro... bem, 45 metros direto no chão.

Mas o segredo era apenas manter o olhar na onde você está pisando e onde você irá pisar e nunca olhar para baixo.

Comecei a andar em passos rápidos naquele pequeno espaço com meu olhar para frente e a atenção total.

Eu amava a sensação de estar livre e sozinho, sentindo o vento sobre meu rosto e a adrenalina correndo pelas minhas veias. Era como arte para mim, como uma terapia ou um calmante.

Pulei no meio-fio de outra varanda umas duas vezes, mas quando fui fazer a mesma coisa pela terceira vez, acabei olhando para a rua movimentada e senti minhas pernas ficarem bambas e em seguida, o desequilíbrio.

Ou era cair todos os quinze andares ou era me jogar para a esquerda, na varanda do vizinho desconhecido.

A consequência de um era a morte, a outra era se fuder legal depois.

Eu ainda sim preferia viver.

Assim que joguei meu corpo para o lado contrário da enorme queda, senti o baque do meu braço no chão e jurei ter ouvido um osso quebrar, logo sendo atingido pela dor no mesmo lugar, soltando um grito.

Parabéns, Jack Gilinsky. Você é um merda.

𝗣𝗔𝗥𝗞𝗢𝗨𝗥, gilinsky [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora