vingt-six ❇ bad muse

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𝙟𝙖𝙘𝙠 𝙜𝙞𝙡𝙞𝙣𝙨𝙠𝙮

Eu via Giselle movimentar seu braço enquanto alternava seu olhar entre mim e a tela à sua frente.

Ela me obrigou a sentar em um banco, na sala de estar, e ficar imóvel e disse que me desenharia. Eu estava nervoso para ver ver o resultado, mas sei que Giselle dará seu melhor. Pelo menos é o que o tempo que estamos aqui diz.

— Terminou? — perguntei.

— Não... — ela murmura, passando o pincel novamente na sala — E se continuar me perguntando isso a cada cinco minutos, nunca iremos.

— Estamos aqui a quanto tempo? Uma hora? — pergunto, relaxando meus ombros.

— Uma hora e dezesseis minutos... — ela olha rapidamente o relógio e me olha firmemente — Mandei se mexer?

Revirei os olhos, voltando a minha antiga posição. Pelo menos não escolhi sorrir.

Giselle era extremamente concentrada quando pintava e parecia mais ela. Seus olhos brilhavam e sua expressão serena deixavam explícito a sua calmaria ao fazer aquilo.

Em sua testa, havia uma mancha de tinta marrom o que a deixava adorável. Seus cabelos estavam presos em um coque e ela usava uma camiseta grande e rosa e um short jeans. Pareciam velhos já que estavam um pouco sujos de tinta.

— Por que está me olhando com essa cara? — ela me olha, sorrindo.

— Eu gosto de te olhar. — sorrio e a vejo me olhar severamente novamente e eu volto a minha posição — Desculpa.

— Você não nasceu pra ser minha musa.— ela tirou com as costas da sua mão, uma mecha de seu cabelo que caia sobre seu rosto.

— Musa?

— Sim. — ela riu levemente — No Quebec, minha melhor amiga era a minha. Ela ficava imóvel por quase três horas. Era uma perfeita musa.

— E eu sou uma péssima musa? — pergunto ofendido.

— Bem, você se mexe muito, fala muito e faz muitas caras que não deveria. Então, sim, você é. — ela ri.

— Vou ficar imóvel por mais três horas, quer apostar?

— Não, porque eu já acabei. — ela abre um sorriso orgulhoso, largando o pincel.

— Posso ver? — me levanto do banco, querendo ver mas ela nega — Não posso ver meu próprio retrato?

— Ainda não. E se olhar, eu não serei mais sua amiga. — ela diz e pega um grande lenço que havia ali, cobrindo o desenho.

— Mas por quê? — pergunto, decepcionado — Eu estou a uma hora e meia sentado ali e não posso ver? Que arrogante, senhorita Deschamps.

Elle ri e se vira de costas, começando a guardar seus pincéis e tintas.

— Depois você verá. É seu castigo por não parar quieto.

Passo meus braços pela sua cintura e coloco minha cabeça em seu ombro, sentindo sua respiração parar por um segundo.

— Nem uma espiada? — sussurro.

— Nem uma espiada. E pode parar com isso. — ela se solta de mim, rindo.

— Isso o quê? — dou um sorriso divertido.

— Eu vou tomar banho e você — ela aponta para mim — não vai tocar em nada. Nada. As paredes tem olhos, sabe?

Levanto meus braços em rendição e me sento no sofá, relaxando meu corpo.

Após alguns minutos segurando a vontade de ver meu retrato, Giselle aparece na sala com um vestido preto com pequenas borboletas azuis e um tênis Vans. Seus cabelos tinham pequenas ondas e um penteado simples, mas que deixava ela ainda mais perfeita.

— Você não olhou, né? — ela ergue uma sobrancelha.

— Infelizmente, não. — suspiro, olhando seu rosto e balanço minha cabeça desviando os pensamentos — Viu meu celular? Procurei ele e não achei.

— Deve estar no meu quarto.

Ando em passos lentos até o quarto de Giselle e quando entro, aprecio os diversos desenhos colados nas paredes. O violino no encosto da cama e um pequeno teclado no canto do quarto. Talvez esse fosse o quarto mais inspirador que eu já vi.

Ouvi o som da porta se fechar atrás de mim com força e olho para trás, não vendo ninguém.

— Elle? — ouço o som da chave trancar aquela porta — Giselle?

— Feliz aniversário, Jack!

𝗣𝗔𝗥𝗞𝗢𝗨𝗥, gilinsky [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora