Capítulo 18: Caminho para Eldorado

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Município de Eldorado, São Paulo


Um dos sistemas de cavernas mais impressionantes do Brasil é o do Parque Estadual Caverna do Diabo, localizado no município de Eldorado, em São Paulo. Além do título de maior concentração de cavernas da América do Sul, outra curiosidade que poucos mortais sabem é que o local é uma das últimas cidadelas anãs.

Apesar de estarem atualmente em extinção, os Dwarf, Dwergar, Nibelungos, ou simplesmente Anões, são ainda bastante numerosos, chegando aos milhões de indivíduos espalhados por todo o globo. E apesar do nome, os Anões não possuem uma estatura tão baixa quanto as histórias contadas pelos mortais dão a entender, mesmo que, quanto mais baixo, mais status a pessoa possui dentro da sociedade e mais ligado à Nídavellir, um dos Nove Mundos e a fonte da magia dos Nibelungos, estará o conjurador.

Sabendo disso, Deko e Mori viajaram da Bahia para São Paulo, cruzando a enorme distância em tempo recorde graças à magia de Magni, capaz de tornar qualquer meio de transporte tão rápido quanto o cavalo lendário Gullfaxi. Traziam na parte traseira a mortal Violeta, que era mantida isolada dos afazeres das irmãs até que fosse necessária para o plano.

Estacionaram o caminhão dos bombeiros no estacionamento do restaurante para visitantes da caverna ao entardecer, quando muitos mortais já haviam deixado o passeio ou começavam a se retirar após um dia de exploração das cavernas antigas. Como sempre, ocultaram o veículo roubado com uma runa de desatenção, aguardando até que o local ficasse vazio.

–Tem certeza de que isso vai dar certo? –Questionou Deko, comendo um biscoito de chocolate que havia comprado em uma parada.

–Decepcionar a mamãe é tudo o que não podemos fazer agora. Ela conta com a gente.

A mais nova engoliu em seco o biscoito, tomando um gole de suco de caixinha em seguida. Era verdade. Se decepcionassem sua mãe naquela missão, colocariam tudo a perder não só para elas, mas também para o Valhalla como um todo.

–E a mortal?

–O que tem ela?

–Não sabemos quanto tempo vamos permanecer na cidadela. Seria prudente levá-la conosco.

Mori andava evitando aquele assunto nos últimos dias. Tiveram pouco contato com a garota e, mesmo assim, ela se mostrou de confiança e capaz de compreender a natureza divina do que ocorria ao seu redor. Mesmo assim, levar uma bomba-relógio como ela para dentro de uma cidade era outra história.

–Vamos esperar para ver. –Sugeriu, recostando-se em seu banco. –Se tudo sair como o planejado, não ficaremos mais do que dois dias aqui.

Assim que escureceu, deixaram a segurança do veículo e rumaram para a entrada da caverna. Haviam seguranças com uniformes e lanternas, mas nenhum fez menção de pará-las até que chegassem à caverna.

–O horário de visitas já terminou, crianças. –Avisou o segurança. Mori notou que ele trazia uma arma consigo. –Por favor, voltem para suas casas. Aqui não é lugar para brincar.

Deko chegou a ficar um pouco preocupada. Aquele homem era um mortal comum ou um...?

–Um anel por nove anéis. –Mori falou em nórdico antigo, cruzando os braços. O olhar no rosto do homem quase a fez gargalhar. Quase. –Por que a surpresa? Não conhece a língua antiga?

–Claro que conheço. Peço perdão, senhoritas. –O segurança ajoelhou-se. –Não me informaram de visitantes. –O medo era agora visível em seu olhar. –Posso perguntar quem são?

–Somos Mori e Deko Odringg, filhas de Lady Sasha Odringg. Informe aos seus superiores que pretendemos apenas adentrar a cidadela para requisitar um serviço. Nada mais.

A Última CriaOnde histórias criam vida. Descubra agora