Capítulo 25: Yggdrasill

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Ayla, Marlon e Noor se preparavam para a incursão. Marlon levava a bolsa mágica que Lofar lhe entregara. Dentro havia algumas provisões e uma ou outra coisa que o Anão pudesse eventualmente ter esquecido lá dentro.

Ayla esperava estar passando confiança naquele momento, mas a verdade era que estava em pânico. E se algo desse errado? E se não encontrassem a tal árvore de nome esquisito? E se, na pior das hipóteses, alguém acabasse morrendo? Eram coisas demais a se pensar, e Ayla não queria pensar em nenhuma delas.

–Levem isso. –Lofar atirou um machado na direção deles. Marlon o agarrou por pouco antes da lâmina acertar uma cabeça de javali empalhada. –Vai ajudar a cortar a Laeradr quando a encontrarem.

–Obrigado, Velhote. Vai ajudar muito. –Agradeceu Marlon enquanto guardava o machado.

–Ei, isso aqui não é caridade! Quero ele de volta quando acabarem, entendeu?

–Entendi. Vamos tomar cuidado com ele.

Os três ficaram um de frente para o outro, formando um triângulo. Marlon aproveitou e, com sua adaga, desenhou pequenas runas de comunicação nas orelhas de cada um. Assim, poderiam manter-se conectados caso alguém se perdesse.

–Preparados? –Perguntou Noor enquanto prendia seus cabelos atrás da cabeça.

–Sim. –Responderam os dois.

Com o mesmo movimento estranho de antes, a Gigante do Fogo cravou os dedos no ar e os puxou, fazendo tudo ao redor deles girar como em um carrossel supersônico. Ayla sentiu aquela vertigem estranha lhe acometer mais uma vez, e só conseguiu manter a comida no estômago com muita força de vontade. Já Marlon não pareceu ter sentido tanto os efeitos, mas cambaleou um pouco quando finalmente chegaram aos galhos da Yggdrasill.

–Chegamos. –Anunciou Noor, olhando ao redor. Seu nariz arrebitava como se farejasse o ar. –Precisamos encontrar a árvore agora. Bem que poderia ter uma aqui por perto.

A paisagem ao redor era bem parecida com a que Ayla se lembrava. Um enorme deserto de raízes e folhas coloridas que se estendiam até onde a vista alcançava. Algumas eram grossas e firmes, tão grandes quanto prédios, enquanto outras balançavam com o vento e eram finas como cabos de vassoura.

–O que tem de tão especial nessa árvore, afinal? –Ayla perguntou. –Não basta pegar qualquer um desses galhos aqui?

Ayla pegou um galho solto no chão. A textura era de madeira, sem dúvida, mas a aparência era diferente de tudo o que já tinha visto na vida. Rastros luminosos percorriam as fissuras e ela mudava de cor conforme a intensidade do fluxo. Assim que Ayla o tocou, algumas partes assumiram uma tonalidade que ia do azul ao prata, enquanto outras ficaram alaranjadas ou amareladas.

–A Yggdrasill tem suas peculiaridades. –Explicou Marlon. –Alguns galhos dela acabam se transformando em outras árvores, assim ganhando propriedades únicas. A Laeradr, segundo os mitos, é a árvore que cresce em Asgard, mais especificamente no Salão de Valhalla. Nela vivem a cabra Heidrun, cujo leite é fermentado e se transforma em hidromel, e o veado Eikthyrnir, cujos chifres jorram a água que abastece os rios do mundo.

–Isso não faz sentido nenhum.

–É poético. Não é pra fazer sentido. –Disse Noor, tocando os galhos como se tentasse sentir alguma coisa neles. –Existem várias dessas árvores e vários desses animais. A maioria aqui, mas alguns as vezes conseguem ir para o mundo real através de fissuras nos galhos.

–Entendi. Animais mágicos, árvores mágicas e coisas mágicas. Saquei esse lance de magia. Agora, onde está essa árvore?

–Venham comigo. Acho que tem uma há alguns quilômetros daqui.

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