Marlon explicou a situação para a garota chamada Lala. Ela comia uma barrinha de chocolate do frigobar enquanto ouvia a tudo atentamente.
–Sinceramente, Marlon, você deve gostar de se meter em problemas. –Disse Lala, amassando a embalagem do chocolatinho e a arremessando na lixeira. –Uma Cria de Fenrir? Huh. Sempre achei que vocês eram mais... impressionantes.
–Obrigada pelo elogio. –Respondeu Ayla.
–Enfim, precisamos da ajuda do Caleb. –Continuou Marlon. –Preciso da Kuro, mais especificamente.
Lala concordou, pegando outra barrinha.
–Já suspeitava. Só não posso garantir que ela vai estar disponível. –A expressão de Lala se fechou ainda mais. –A situação está séria, Marlon. Perdemos pessoas. Nenhum dos nossos ainda, mas é questão de tempo.
–Por isso mesmo preciso conversar com o Caleb. Posso ajudar vocês.
Ela olhou para Ayla e Noor, depois voltou as atenções para o rapaz.
–Marlon, o certo seria que eu o mandasse embora. Tenho ordens de impedir a entrada no território. Mas devemos muito a você, e seu conhecimento pode ser útil.
–Isso quer dizer que vai nos ajudar, garota? –Questionou Noor, ainda com sérias suspeitas sobre Lala.
–Vou. –Respondeu ela. –Arrumem suas coisas. Vou levar vocês até uma das Tocas assim que o sol nascer.
***
A manhã veio acompanhada por uma chuva pesada. A cidade aos poucos parecia mais viva, com os sons de carros e todo outro tipo de atividade urbana começando a funcionar. O grupo deixou o hotel rumo ao esconderijo, com todos portando guarda-chuvas pretos com a logo do hotel. Seguiram pela rua principal até virarem numa outra adjacente, e foram continuando cada vez mais por caminhos cada vez mais desertos até que Ayla começou a estranhar.
–Não ouço nada... –Comentou, tentando forçar sua audição lupina. Nem um único som da cidade agora se fazia presente.
–É um feitiço de ocultação. –Explicou Lala. –Já não estamos mais na "superfície" da cidade, por assim dizer.
–Não gosto nada disso. Onde fica esse lugar? –Questionou Noor, inquieta.
–Já estamos chegando.
O lugar em questão era uma oficina de carros com mais dois andares residenciais em cima. A fachada estava tomada por pichações das mais variadas, com a tinta já há muito desbotada caindo aos pedaços em algumas partes. As janelas estavam fechadas, mas Ayla teve certeza de avistar um par de olhos brilhantes lhe encarando através das gretas da madeira.
–Não reparem na bagunça. Quase não usamos esse lugar.
Lala entrou direto pela oficina aberta, tomando uma escada lateral e abrindo a porta que dava no segundo andar. A porta abriu para um corredor, que por sua vez abria-se numa sala coberta por um tapete colorido em padrão de quebra-cabeças. Nele, brinquedos e artigos eletrônicos dividiam espaço com latas vazias de refrigerante, parafusos, porcas e caixas de ferramentas, além de uma infinidade de fios indo de lá pra cá.
–Quem vive aqui? Um cientista maluco? –Perguntou Noor enquanto olhava para alguns computadores ligados sobre uma mesa de escritório. –Quem mais está aqui?
–Kiiroi quase sempre conserta suas coisas aqui. Ela é nossa estrategista. Lida com a logística de batalha.
Um dos computadores mostrava um mapa detalhado da cidade dividido por algumas zonas demarcadas por cores. Algumas mostravam um X vermelho, e Noor não quis bisbilhotar mais do que isso. Se eles tinham seus problemas ali, que resolvessem por si mesmos.
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A Última Cria
FantasíaAyla é uma noviça que pouco viu além dos muros do Convento de Santa Alice. Apesar de gostar da ideia de tornar-se freira, a garota anseia por desbravar o mundo e conhecer seus mistérios. Ela só não imaginava que esses mistérios viriam atrás dela, at...