Capítulo 31: Turbulência Espiritual

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Pouco mais de duas horas depois de zarparem com o navio voador, o grupo notou que uma estranha tempestade se aproximava. Poderia ser qualquer coisa, mas Noor e Marlon ficaram apreensivos.

Tempestades significavam problemas.

–Espíritos de Aegir. –Disse Noor, encarando a massa de nuvens que se movia na direção deles. –Isso não é bom.

–São perigosos? –Perguntou Ayla.

–Não vão nos atacar a menos que nós os ataquemos. O problemas são os ventos que eles trazem consigo.

Como se concordando com suas palavras, o vento gritou alto em seus ouvidos, sacudindo as velas e fazendo a madeira estalar. Marlon fez forçar para manter o navio equilibrado, mas temia perder o controle.

–O que faremos?

–Têm muitos deles. Não dá pra desviar. –Disse a Gigante do Fogo, saltando de volta ao convés. O vento sacudia seu hijab e ela o prendeu com mais força ao redor do pescoço. –Vamos nos preparar. Todos amarrem uma corda na cintura, por precaução.

Dito e feito, todos trataram de se prender com cordas à estrutura do navio. Ayla apertou forte o pingente contra o peito em busca de algum conforto, mas tudo o que sentiu foi temor.

Os Espíritos de Aegir os alcançaram em poucos minutos. Dezenas, centenas deles. Eram falcões de pelagem da cor da tempestade e tão grandes ou até maiores que um avião. Traziam consigo uma forte escuridão e a sensação foi a de adentrar por um túnel extremamente barulhento e com cheiro de chuva.

–Fiquem calmas. –Pediu Marlon através da conexão mental. –Vamos passar por eles antes que percebam.

Ayla ainda podia enxergar alguma coisa com sua visão lupina. Alguns dos espíritos passavam raspando no casco do navio, enquanto outros quase tocavam o mastro. Marlon fazia um bom trabalho desviando deles, o que era curioso, já que o rapaz deveria estar enxergando praticamente nada ao redor.

Quanto tempo já havia se passado? Era difícil dizer. Já começava a sentir dores de cabeça pelo barulho quando sentiu um estrondo. O casco do navio tremeu por inteiro.

–Droga! Um deles bateu na gente! –Reclamou o Corvo de Odin.

Ayla sentiu um tranco, um estalo quando sua corda se partiu, e foi arremessada de encontra à amurada. Bateu contra o chão, rolando e dando com as costas na amurada com tanta força que a madeira se partiu.

–Me ajudem aqui! –Gritou, conseguindo agarrar-se à beirada do navio por pouco.

–Aguente firme! –Gritou Noor, aos poucos conseguindo puxar a amiga até mais perto de si. –Marlon, endireita logo essa coisa!

Antes que Marlon pudesse responder, outro Espírito de Aegir bateu contra o navio. O convés inclinou ainda mais, ficando escorregadio pela chuva e cada vez mais difícil de se segurar.

–O vento está muito forte! –Disse o rapaz, fazendo o possível para retornar a embarcação ao normal. –Só mais um pouco!

–Não sei quanto tempo mais eu aguento!

Noor inflamou uma das mãos, lançando jatos luminosos de fogo contra os Espíritos, conseguindo afastar alguns e dando tempo para que Marlon virasse o barco de volta para a posição certa. Ayla forçou os músculos, cravando as garras na madeira e conseguindo apoiar o peito no convés. Esforçou-se ainda mais, pondo uma perna para cima, sentindo que toda aquela loucura tinha terminado.

Até que um grasnado veio do céu.

Um Espírito de Aegir atacou o navio, batendo as asas e tentando bicar Noor enfurecidademente. Ayla foi acertada por uma das asas quando ele alçou voo mais uma vez, e em seguida o chão já não se encontrava sob seus pés. Ela caía em direção aos galhos da Árvore do Mundo, em direção ao Ginnungagap.

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