Prólogo

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POV. Abbie Liesel

Eu me olhava no espelho do quarto 98. As paredes pintada a vinho e a iluminação baixa que deixava o ambiente mais exótico do que nunca. O cheiro de sexo no ar misturado com o aroma do incenso invadiam a minha narina. Notei as curvas do meu corpo pelo reflexo se dado no grande espelho perto da cama e o outro no teto: eu estava nua.

É basicamente assim que eu fico das 23h até as 6h da manhã todos os dias, de domingo a terça, tendo apenas segunda-feira de folga. Pelo espelho notei Wilmer, um dos clientes daquele noite se aproximar de mim e jogar um pacote enrolado de dinheiro.

- 7 mil dólares. - Ele disse simplesmente e eu lhe fitei. - Para o seu trabalho de hoje. - Ele esticou seu braço, tirando uma mecha de cabelo do meu pescoço e o colocando pra trás, em seguida senti a sua boca colar no meu pescoço e distribuir alguns beijos.

Era incomum eu receber carinhos desse modo, tão pouco lembrar o nome dos clientes, mas Wilmer costumava vir todo final de semana pra casa noturna e pagava pra me ter. Ele dizia que eu conseguia suprir as suas vontades melhor que a sua própria mulher - eu apostava que eles não transavam a anos.

Wilmer tinha seus 40 e poucos anos e era um empresário muito rico. Não é à toa, ele paga 7 mil dólares pra mim todo final de semana e de vez em quando - quando ele está com o tesão a flor da pele ou, feliz da vida - ele pede brinquedos eróticos, correntes pra me prender e claro, isso vai de 10 mil dólares até a 12 mil. Mas ele nunca reclamou, pelo contrário: ele nunca deixou de vir.

Senti um tapa dolorido estalar na minha bunda e mordi meus próprios lábios pra segurar o gritinho. Ele riu fraco, me olhando pelo espelho e passando seu dedo pelo meu pescoço.

- Tão linda, Abbie. - Ele sussurrou. - E viver nesse lugar sujo. Você poderia virar uma modelo, ou...

Me virei, fitando-o.

- Desculpa Wilmer, a gente já conversou sobre isso. - Falei. - Esse é o meu trabalho.

- Tudo bem. - Ele soltou um suspiro profundo. - Eu não me incomodo, até porque se você permanecer aqui eu terei você todos os finais de semana... - Seu dedo deslizou pelo meu queixo e ele fez biquinho. - E não reclamo disso.

Sorri, assentindo. Eu sabia que ele gostava e eu já lhe conhecia o suficiente pra não perder tempo e fazer o trabalho completo. Mas naquele dia ele já havia gozado 4 vezes - exatamente 4 vezes. E o preço da noite havia acabado.

- Pode se retirar. - Ele disse. - Você já finalizou o seu trabalho.

- Obrigada! - Falei, dando as costas e andando até a cama redonda com o colchoado vermelho - que claro, nem existia mais - e pegando a minha camisola de seda transparente, vestindo-a.

Fui em direção a porta e destranquei a mesma, mas antes que eu pudesse girar a maçaneta Wilmer me chamou. Lhe fitei.

- Até semana que vem, querida. - Ele disse ainda me olhando e totalmente nu.

- Até, senhor. - Falei, lhe acenando e em seguida, girando a maçaneta.

Abri a porta do quarto e o corredor estava um silencio total. Há milhares de portas naquele corredor onde indicava cada quarto e pouquíssimos estavam com a porta destrancada, o que mostrava que havia cliente junto com as meninas.

Eu não era a única ali.

Era em média de 50 meninas. Cada uma com idade, personalidade e história diferente. Eu era a mais velha daquele lugar por nunca se quer ter saído, então, eu conheço cada uma que entra e sai.

Fui em direção ao banheiro onde tomávamos banho após cada transa e assim que eu entrei, fui tirando a minha camisola, jogando-a no cesto sujo em seguida. Liguei a ducha e adentrei na mesma, sentindo a temperatura morna da água dar de encontro a minha pele e eu me arrepiar por completo.

Fechei os meus olhos por alguns segundos, deixando todos os rastros sujos de uma transa ir pra ralo a baixo.

Pode parecer estranho uma puta ter oportunidade de tomar banho assim que finalizar uma transa, mas aqui não se trata de putas normais, aqui se trata de puta de luxo. Três mil dólares uma transa comum sem preliminares ou qualquer fetiches que seja. É claro, um homem que for pra um bordel de luxo não vai querer enfiar o seu pau em uma buceta que já esteja melada de gozo de outro cara. Ele vai te querer cheirosa, limpa como se você nunca estivesse transado com ninguém na vida além dele.

E é assim a regra nesse lugar. Eu mais do que ninguém reconheço e não reclamo: a melhor parte do meu dia é quando eu tomo banho sem ter nenhuma mão de macho encostando no meu corpo.

Assim que eu finalizei o meu banho rápido - eu sabia que tinha que ser assim, provavelmente já tinha outro cliente me esperando e eles simplesmente não gostam de esperar -, puxei a toalha branca, me enrolando nela e saindo do box. Levei um susto quando vi Marie sentada em um dos bancos presentes no banheiro. Ela estava enrolada na toalha e fitava o chão.

- Hey. - Falei. - O que está fazendo aqui? Esperando o tempo passar, espertinha?

Assim que ela levantou a cabeça notei algumas lágrimas caindo.

- Marie! - A chamei, andando até ela e me agachando na sua frente. - O que aconteceu?

Ela começou a chorar ainda mais e balançou a cabeça negativamente. Em seguida, deslizou o seu dedo pela toalha mostrando um hematoma no seu ombro.

- Foi... foi o cliente?

Ela assentiu.

Uma das regras de lá é que eles não podem bater na gente - não que deixe roxo - tão pouco morder ou chupar. E é digno. Nenhum homem vai querer comer uma puta que esteja roxa de chupadas de outro homem.

- Vá reclamar com o Scott. - Falei, puxando o seu queixo pra ela me fitar. - Você sabe, ele nunca deixaria que isso acontecesse.

- Ele não deixaria com você, Abbie. Você é a puta mais cara desse lugar, a que os homens mais desejam, eu estou aqui a... um mês. - Ela me fitava. - Ele não vai se importar.

- Lógico que vai! - Falei. - Não importa se você está a um mês ou um ano, ele se importa com todas as ''suas meninas.'' - Disse ''suas meninas'' do mesmo modo que Scott fala e ela riu.

- Ok. - Ela disse. - Eu vou falar com ele.

- Tudo bem. - Soltei um suspiro, me levantando. - Eu vou me arrumar pra o próximo cliente.

Fui até o espelho e parei na frente dele, olhando o meu reflexo. Marie parou atrás de mim e me fitou.

- Tem uma movimentação forte lá fora. - Ela disse. - As meninas estão histéricas.

- Por que? - A fitei, franzindo a testa.

- Não sei, eu estava me sentindo tão mal pelo acontecimento que eu nem se quer notei.

Ri fraco.

- Não deve ser nada demais. - Falei, tirando a toalha e indo até armário que tinha ali, puxando um roupão transparente e limpo que tinha o meu nome. - Vá falar com o Scott.

Marie assentiu, puxando outro roupão e se vestindo. Rapidamente ela saiu do banheiro e eu me olhei no espelho pela última vez, passando um batom vermelho nos meus lábios e em seguida, bagunçando o meu cabelo mesmo molhado.

Eu estava renovada e pronta pra mais uma.

Quando eu fui colocar a toalha seca dentro do cesto e estava prestes a sair do banheiro, Marie entra branca e ofegante. Dei um passo pra trás e ela engoliu seco.

- O que aconteceu? - Perguntei aflita. - Viu uma assombração?

- Abbie. - Ela murmurou. - Você não sabe quem está aqui?

- Leonardo DiCaprio? - Brinquei.

Não seria uma má ideia transar com ele.

- Não. - Ela balançou a cabeça rápido, me fitando com a testa franzida. - Merda!

- É quem, então? - Perguntei, encostando o meu corpo na parede pelo tédio já estar me consumindo.

- O Justin. - Ela disse animada. - O Justin Bieber está aqui, Abbie!

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