Miss you

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''Aceite o que não pode mudar. Mude o que não pode aceitar.''

Scott andou até a sua mesa, jogando o seu corpo na famosa cadeira de couro preta. Eu estava parada na porta, vendo-o acender seu cigarro e encher seu copo de whisky com gelo, então, ele levantou sua cabeça, tendo o seu olhar completo sob o meu corpo e por fim, levantando uma de suas sobrancelhas.

- Vai ficar parada ai? - Ele perguntou em seu famoso tom arrogante. Só que naquele momento estava um pouquinho pior.

Balancei a cabeça negativamente, dando alguns passos pra dentro da sala e fechando a porta. Fechei meus olhos por alguns segundos, soltando um suspiro pesado pelo nariz.

Eu tinha que ser forte. Nada de mandar aquele homem tomar no cu. Nada de xingar. Nada de demonstrar fraqueza ou stress. Eu deveria no mínimo colocar o sorriso mais falso no rosto e mostrar que tudo estava bem.

Então, eu abri meus olhos com cuidado. Olhei pra sua sala sentindo a minha respiração ao menos se acalmar, em seguida, olhei pra Scott.

- O que você quer falar comigo? - Ele perguntou, mas na verdade pareceu até que ele estava pouco se fodendo.

Scott simplesmente não se importava. Em que mundo eu vivia por achar que ele fosse se importar de eu contar que eu estava completamente fodida? E não digo de modo figurado da palavra, eu falo de modo real: eu fui estuprada. Eu fui violentada. Eu estou detonada. E eu achei que ele fosse notar isso pela minha fisionomia, por eu ter chegado antes de ontem na boate e ter ficado em silêncio em todos os momentos, apenas lhe procurado um instante quando eu achei, por burrice, por ilusão que ele quisesse me escutar, que por um milésimo de segundo ele se importasse.

''Tudo o que acontecer nessa boate ou fora dela enquanto vocês estiverem em horário de serviço, e, acontecer algo que vocês não gostem como apanhar, fazer algo contrariado, é pra me avisarem imediatamente''. Aquela frase em que Scott repetia milhares de vezes quando nos reuníamos rodava a minha mente.

- Não é nada. - Respondi, vendo o seu olhar diretamente pra mim.

Assim que eu disse aquilo, ele riu fraco, abaixando a sua cabeça e mexendo no copo. Eu pude enxergar o gelo se misturar com aquele álcool enquanto Scott brincava com o mesmo, em instantes, ele levantou a sua cabeça e me fitou.

- Você pediu pra conversar comigo, eu tirei o meu ilustre tempo de hoje que eu poderia estar fazendo qualquer coisa, mas não... Eu te esperei pra poder escutar o que você tinha pra falar, pra você chegar na minha frente e dizer que não é nada? - Ele perguntou perplexo. - Abbie, o meu tempo não é lixo, o meu tempo é luxo. Para de fazer drama e me fala logo o que você quer.

- Você não sabe? - Perguntei, cruzando meus braços.

Scott me olhou desconfiado, logo, pensativo. Ele pareceu pensar por longos segundos e quando eu imaginei que ele fosse assentir, que ele fosse dizer que sabia, ele apenas balançou a cabeça negativamente.

Merda!

- Não? - Ele respondeu como se fosse obvio. - Se eu te chamei aqui é porque, claro... Eu não sei.

- Então eu não tenho o que te falar. - Eu disse. - Não é nada.

Ele soltou um suspiro irritado, levando a mão até a testa e fechando os olhos. Seus dedos que continham anéis a ouro, passaram pelos seus fios de cabelo preto que já era nítido alguns fios grisalho. Ele estava irritado. E estressado.

- ME FALA LOGO A PORRA DO QUE ACONTECEU! - Ele gritou, me fazendo dar dois passos pra trás e engolir a seco. - NÃO É ISSO QUE VOCÊ PEDIU? - Ele se levantou da cadeira, ficando de pé atrás da mesa. - QUE QUERIA CONVERSAR COMIGO? NÃO FOI ISSO?

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