Life and death

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Aniversário de Abbie.

''Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: não tenho medo de vivê-la.''

O barulho do meu salto batendo contra o chão daquele presidio era intrigante. Eu acompanhava um dos policiais que me levava até a sala de visitas onde Scott já me esperava. Aquele lugar fedia suor e pouca higiene. Dava pra se ouvir alguns gritos que vinha do corredor das celas, e, eu não parecia tão distante dali.

Uma porta de metal rangeu assim que o policial que eu seguia a abriu, ele deu espaço pra que eu passasse e assim eu fiz, entrando em um corredor que não tinha tanta claridade.

- É a primeira visita que Scott recebe. - O policial disse, me chamando a atenção. Lhe fitei. - Eu pensei que ele não fosse receber ninguém.

- Ele não ia mesmo. - Eu disse seca, o acompanhando até uma porta de vidro. Através dela eu consegui enxergar Scott sentado em uma cadeira, de frente a uma pequena mesa quadrada e as suas mãos estavam por cima dela, ambas algemadas.

Um outro policial que estava do lado de fora da sala abriu a porta pra mim. O mesmo que me acompanhou e que pelo distintivo dava pra ver o seu nome que era Augusto, deu espaço pra que eu entrasse e assim eu fiz, dando um passo pra dentro daquela pequena sala. O olhar de Scott que antes estava baixo, logo se levantou, pairando sob eu. Um sorriso um tanto quanto arrogante nasceu em seus lábios e ele disse:

- Eu sabia que você viria, Abbie.

Senti um nó se formar na minha garganta ao escutar sua maldita voz. Eu precisava ser forte, apenas isso.

- Abbie, caso você precise de alguma coisa, é só gritar. - O policial disse, parado na porta, eu apenas assenti sem nem olhar pra ele. - Estaremos de olho.

- Ok. - Respondi, até ouvir a porta sendo fechada.

Em passos lentos, comecei a andar até a cadeira de frente a de Scott. Segurei firme a bolsa que carregava nos meus ombros, sentando na cadeira em instantes.

- Não sei porque, mas eu tinha certeza que você seria a única visita que eu receberia. - Scott disse, soltando um suspiro. - E isso não me incomoda nem um pouco, docinho.

- Não me chame desse apelido, por favor. - Pedi, fechando meus olhos em instantes.

- Como está Milk, falando nisso?

- Morto! - Respondi, dando o meu sorriso mais sincero.

- E por que você não me deixou morrer também? - Ele levantou as sobrancelhas. - Até onde eu sei você me tirou do fogo.

- Porque é mais prazeroso dormir todas as noites sabendo que você está mofando atrás dessas grades sujas, não existe melhor lugar pra você.

Um sorriso escapou dos lábios de Scott e ele pareceu nervoso, talvez as minhas palavra estivessem o incomodando.

- Eu não vim aqui pra conversar com você, Scott. - Eu disse. - Eu vim aqui apenas pra ter o privilégio de ver com os meus próprios olhos a amargura que você chegou. Como você foi capaz de fazer tudo aquilo com a minha mãe? Comigo? E até com Abigail? Você achava mesmo que ia conseguir tirar a vida de todas nós?

- Abbie, querida... Vocês nunca serviriam pra nada mesmo. - Ele disse, sorrindo de lado. - Além de sexo, é claro. O seu próprio avó foi homem o suficiente pra ter percebido isso. Comeu a sua avó e depois a matou, na frente da sua própria mãe. E ela foi tão burra por ter entrado no caminho de um homem, achando que seria diferente.

- Mas foi diferente, meu amor. - Eu disse, deixando a ironia tomar conta das minhas palavras. - A minha mãe não está morta! A Abigail não está morta! EU. NÃO. ESTOU. MORTA! E nem você, claro, mas pelo menos eu, minha mãe e a minha tia não vamos apodrecer atrás das grades.

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