Perhaps it is madness

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''Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino.''

Eu poderia me arrepender pra sempre por cada passo que eu dava. Sim, Deus, a chance de eu acabar morta nisso tudo era imensa, mas eu não conseguia escutar nada a mais do que o bico dos meus saltos batendo contra o chão.

Me virei pela última vez até ter certeza que a boate estava ficando pra trás. A música da mesma se distanciava a cada passo que eu dava enquanto eu entrava em uma rua escura e sem muito movimento. Peguei o meu celular no meio dos seios, acendendo a tela e lendo mais uma vez a mensagem que Justin havia me mandado:

''Se a resposta for SIM, esperar na frente da casa abandonada (número 607).''

Olhei para o meu lado esquerdo vendo a casa abandonada. Sim, ela era totalmente abandonada e escura. Era de dois andares e com as janelas quebradas, o portão era de grade preta e era notável o matagal na frente da mesma, o que indicava que fazia anos que ninguém aparecia ali.

Engoli a seco, ouvindo um murmuro em instantes. Levei um susto, sentindo meu coração bater mais rápido.

- Merda! - Murmurei. - Cadê ele?

Olhei para os dois lados, vendo que não havia sinal de carros e muito menos de Justin. Peguei o meu celular novamente pra ver se tinha alguma mensagem, mas nada, negativo.

Soltei um suspiro derrotado, sentindo o arrependimento bater.

Eu não deveria ter vindo.

Assim que eu dei um passo pra seguir de volta pra boate e começar a inventar uma desculpa do porque de eu ter saído tão depressa, um farol acendeu na minha direção. Franzi a testa, fechando os olhos ao me sentir incomodada com aquilo, ouvindo uma freada ao meu lado.

- Hey! - Uma voz masculina e desconhecida me chamou. Abri meus olhos e olhei pro carro. Era uma Range Rover preta.

Fodeu! É agora que eu vou embora daqui pra nunca mais voltar.

Eu estou sendo sequestrada.

Justin, cadê você?

- Abbie! - O cara... me chamou pelo nome? - É esse seu nome, não é? - Ele perguntou confuso. - Entra logo antes que alguém te veja.

- Quem é você? Cadê o Justin?

- Ele mandou eu vim te buscar. - Ele disse impaciente. - Você vai entrar?

- É obvio que não, eu nem te conheço!

- Mas eu te conheço. Tem como você entrar logo? Eu não tenho muito tempo.

- Eu não vou entrar!

- Abbie, não faz isso. O Justin vai me matar. - Ele deu uma pausa. - ENTRA LOGO!

- Olha... - Soltei um suspiro. - Eu juro que se você for um sequestrador ou algo do tipo...

Ele começou a rir, me cortando em instantes:

- Você vai entrar ou não?

- Ok. Ok! - Eu disse, fechando os meus olhos no mesmo instante e torcendo a boca.

Seja o que Deus quiser, então.

Andei até o automóvel e abri a porta, sentando no banco da frente ao lado do motorista. Assim que eu fechei a porta, o cara acendeu a luz de dentro do carro e então, eu pude ter a visão completa do seu rosto.

Bela merda, eu nem lhe conhecia.

O seu olhar desceu pelos meus seios, pelo meu corpo até chegar nas minhas coxas.

- Santo Deus! - Ele murmurou. - Você é gata mesmo!

- Você é um sequestrador? - Perguntei, franzindo a testa.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente e acelerando o carro.

- Obvio que não.

- Quem é você então? Cadê o Justin? - Perguntei, olhando para o banco de trás a procura de Justin. Mas nada, não havia nada.

- Ele não seria burro ao ponto de vir te buscar, né? - Ele disse como se fosse obvio.

- Ele pulou pra trás?

- Não Abbie, ele está te esperando. - Ele disse impaciente. - Eu juro que quando eu contar pro Justin que você está com medo de mim ele vai se matar de rir.

- Quem é você?

- Eu sou o amigo dele. - Ele disse e eu revirei os olhos, rindo em instantes.

- Não me diga? Pensei que você fosse o pai dele.

Ele riu, me olhando de rabo dos olhos e voltando a olhar pra frente, continuando a dirigir.

- Eu quero saber o seu nome.

- Pra que? - Ele perguntou. - Vai querer passar uma noite comigo também?

- Vai se foder! - Eu disse, metralhando aquele pedaço de gente com os olhos. - Eu tenho o direito de saber o nome do ser humano que está me levando pra qualquer lugar desse mundo.

- Eu sou o Za. - Ele disse, enfim. - Mas pode me chamar de patrão.

Franzi a testa e então ele me fitou, começando a rir.

- Mentira, é só Za mesmo.

- Que bom, porque eu nunca te chamaria de patrão. - Falei, voltando a olhar pra frente.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente e continuando a olhar pra frente. Por incrível que pareça, eu conhecia aquele lugar, eu conhecia exatamente o lugar onde esse tal de Za estava me levando.

- O Justin já está me esperando? - Perguntei.

- Acho que sim, pera ai... - Ele disse, pegando o celular do seu bolso e conectando no alto falante do carro.

Ele discou um número que começou a chamar, no terceiro toque alguém atendeu.

- Alô? - Assim que aquela voz passou pelos meus ouvidos, eu sorri. Sem conseguir me controlar, eu sorri, sentindo meu estomago se revirar e milhares de borboletas começarem a dançar.

- Bizzle... - O Za disse. - Onde você está bro?

Bizzle?

- Em casa. - Ele respondeu. - Você está com a Abbie?

- Cara, ela é muito gostosa mesmo. - Za disse, olhando pra minha coxa.

- SAI DE PERTO DELA FILHO DA PUTA! - Justin gritou do outro lado da linha e eu ri, vendo Za rir junto.

- Tudo bem bro, relaxa, relaxa... Não vou fazer nada com ela. - Ele riu. - Você já está na sua casa então?

- Sim, cadê vocês?

- Abre o portão. - Za disse. - Estou aqui na frente.

Em instantes, a ligação foi finalizada. Za havia parado com o carro na frente do portão que começou a ser aberto, dando a vista da entrada da mansão com os seguranças. Za adentrou com o carro, passando pelo portão e estacionando na frente da casa. Ele desligou o automóvel e destravou as portas, me fitando.

- Pode sair. - Ele disse. - A não ser que você queira que a gente faça uma rapidinha aqui mesmo...

Eu não fiz nada, apenas destravei o cinto de segurança e abri a porta, mas antes que eu saísse do carro, mostrei o dedo do meio e dei as costas, ouvindo Za gargalhar.

Comecei a andar em direção a entrada da mansão, mas parei imediatamente quando vi que Justin não estava lá. Olhei ao redor a procura dele, virando pra trás e vendo que Za ainda estava dentro do carro.

Ele balançou a mão com gesto pra que eu entrasse, mas eu balancei a cabeça negativamente, voltando a olhar pra porta da casa. Eu não seria cara de pau o suficiente pra entrar na casa dele sem que ele me convidasse, certo? Apesar de que sim foi ele que me convidou, mas...

- Oi Abbie! - Aquela voz rouca e baixa me tirou qualquer outra atenção, fazendo com que os meus olhos grudassem nos seus. Engoli quadrado assim que ele parou na porta, um passo de distância de mim e cruzou os braços, abrindo um sorriso. - Eu fico feliz que você tenha vindo.

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