Eu podia sentir a minha perna doer e a minha respiração falhar por eu mal conseguir respirar, mas eu não parava de correr. Os cortes ardiam cada vez que uma gota de suor encostava nos milhares de machucados espalhados pelo meu corpo, mas eu tentava me concentrar em tudo, menos neles. A temperatura do local era quente e saia vapor do chão, mas eu nem se quer conseguia enxergar um palmo a minha frente, eu só sabia que tinha que correr e sair o quanto mais rápido dali, e era exatamente isso que eu estava fazendo.
O desespero tomava conta cada vez mais do meu ser. E se eu estivesse correndo para o lugar errado? E se a saída fosse em outra direção? E se eu estivesse andando em círculos?
Eu não sabia.
Minha boca seca gritava por água, eu não conseguia nem engolir mais a saliva. Então, eu pude ouvir um estrondo que me fez parar rapidamente, olhei pra trás pra ver se eu conseguia enxergar algum sinal de luz, porém, nada havia. E mais uma vez o estrondo se foi dado, e outra, e outra... E quase na quarta vez eu pude identificar o que era: uma porta. Eu podia escutar milhares de portas se abrindo, mesmo que eu não estivesse enxergando nada, nem se quer uma delas. Cada rugido da madeira doía a minha cabeça e o que eu mais lutava naquele instante era de uma luz que me ajudasse a correr para o local certo.
Antes a única coisa a ser ouvida era a minha respiração descompensada, mas então, eu escutei dois passos. O chão parecia molhado, como se houvesse poças de água, mas tudo permanecia escuro.
- Tem alguém aí? - Eu perguntei, sentindo a minha garganta seca.
O medo me dominava. Eu nem se quer me recordava de como havia chegado naquele lugar.
Mais dois passos se deram e tudo voltou ao silêncio novamente.
- Quem está ai? - Eu perguntei mais uma vez.
Então, tudo o que eu havia pedido desde o momento que eu pisei ali, se esplandeceu: uma luz. Uma luz tão forte que até doeu os meus olhos, fazendo com que imediatamente eu os fechasse. Aos poucos, eu fui abrindo pra tentar enxergar onde eu estava e o que era aquilo tudo, e foi quando eu abri os meus olhos por completo que eu pude ter a visão completa: Scott estava de baixo da luz. Havia uma luz muito forte que o clareava, uma lâmpada, e atrás dele havia uma porta. Ela estava fechada.
Antes que eu pudesse lhe perguntar o que era aquilo tudo, outra luz nasceu, um pouco distante do Scott, mas pude enxergar através da luz o Mike. Havia outra porta atrás dele também.
E então, outras luzes foram acesas. Mariê, Christiane e um homem que eu não conhecia estava debaixo das outras luzes. E atrás de cada um deles havia uma porta. Todos eles estavam em uma roda e eu estava no meio dessa roda, como se, eu não estivesse saída. Como se eu estivesse que escolher um deles pra sair dali.
- O que... está acontecendo? - Perguntei, sentindo a minha voz falhar.
Minha roupa estava completamente rasgada e eu tentava tampar os meus seios que mesmo ainda cobertos pelo sutiã, deixava a mostra a renda do mesmo já que a blusa estava toda picotada. Olhei pra Scott tendo a certeza que a resposta vinha dele, então, ele estalou seus dedos e de trás da porta apareceu uma mulher. Ela estava de costas e andava na direção de Scott, parando ao seu lado, porém, ainda de costas pra mim. Eu não conseguia enxergar o seu rosto, a sua boca estava tampada. O seu cabelo era quase da altura do meu e da mesma cor, então, eu me dei conta de quem ela era.
- Você só está esperando por isso, não é? - A voz do Scott soou pelo local, o seu maldito sorriso diabólico nos lábios me causavam calafrios. - Você não está esperando por isso pra depois partir? - Ele me desafiava. - Pois então, Abbie... - Ele segurava firme no braço daquela mulher que começou a gemer de dor. - Você nunca será capaz de fugir de mim.

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Peacock
FanfictionTodas as minhas palavras estão escritas em sinais, você é o caminho que me leva para casa. Veja as chamas dentro dos meus olhos, elas queimam tanto. Talvez eu seja uma luz, querida. Nessa noite eu quero me apaixonar, eu quero fazer você confiar em m...