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Pela janela do carro eu observava as       ruas da pequena cidade. Storybrooke.
Meu lar.
E agora meu porto seguro.
Rua Mifflin, n° 108. A Mansão Mills continuava imponente como eu me lembrava e um pequeno sorriso surgiu em meus lábios.
Enfim estava em casa.
Assim que o carro para em frente vejo a porta se abrir.
- Minha querida. Que bom tê-la novamente comigo.
- Mamãe!
Adiantei-me para abraçá-la. Precisava tanto desse abraço.
- Estava com saudade de casa. Digo baixo ainda apertadas em nosso abraço.
- E eu estava com saudade da minha menina aqui comigo. Mamãe sussurra em meu ouvido.
Soltamo-nos um pouco e vi seus olhos rasos em lágrimas assim como eu própria devia estar.
Olhar para Cora Mills era como ver um espelho refletindo o meu futuro. E eu espero realmente ter além da aparência - a força que minha mãe demonstra.
- Sidney, pode fazer o favor de levar as malas de Regina para o quarto dela, por favor.
- Claro Sra Mills. Sidney respondeu -ele é o faz tudo e jardineiro de mamãe.
Ao pisar dentro da grande casa, suspirei.
- Que saudade minha querida!
- Eu também estava morrendo de saudades mamãe, e é bom estar em casa novamente.
Sabia que mamãe podia “me ler” melhor do que eu mesma. E ela sentia a fragilidade que eu estava somente me olhando, eu tinha certeza.
- Eu te amo minha menina, diz se adiantando e me abraçando novamente.
- Eu te amo mais!
Era uma brincadeira nossa, desde que aprendi a falar era assim, quando declarava amor uma à outra eu sempre amava mais.
- Mamãe eu...
- Não precisamos falar agora meu amor. Temos muito tempo para isso e agora eu só quero matar a saudade do meu bebê.
- Mamãe! Não sou mais um bebê!
- Para mim será sempre meu amor. Sinto o carinho em sua voz e dou um pequeno sorriso.
Alívio me define nesse momento, não quero conversas sérias agora.
- Tenho uma sidra de maça esperando na cozinha. E uma lasanha no forno para o nosso almoço.
- Hummm, posso sentir o sabor daqui mamãe.
Já dentro da cozinha senti toda a nostalgia me envolver como se fosse magia. O aroma das flores que mãe cultivava, o cheiro tão característico do tempero dela entrando nos meus pulmões me fazendo inspirar fundo. Sem contar a aura de amor que a casa emanava, tudo me deixava inebriada e protegida como em nenhum outro lugar do planeta.
- O almoço esta quase pronto querida. Esta com fome?
- Não estava, mas ao sentir esse cheiro maravilhoso, fiquei.
Ela sorriu pra mim e logo estava tudo pronto. Almoçamos ali na cozinha mesmo num clima agradável, pois éramos somente mamãe e eu.
Após o almoço fui para meu quarto, precisava descansar antes de conversar com mamãe. Meu quarto não havia mudado quase nada desde que fui embora. Não havia mais pôsteres na parede, mas ainda conseguia enxergar traços de uma Regina jovem ali ao avistar pelo um urso de pelúcia sobre a cama e um relógio em formato de guitarra na cabeceira. 
Tomei um banho relaxante e coloquei roupas confortáveis. Apesar de já ter passado algum tempo meu corpo ainda não estava 100%.
- Querida?
- Entre mamãe.
Mamãe entrou se encaminhando para a cama de casal que havia no meu quarto. Sentou e deu dois tapinhas nas pernas.
- Venha. Deixe-me mimar o meu bebê um pouco.
E somente essas palavras fizeram com que a fortaleza que eu tentava ser se transformasse em ruínas.
Ali eu era somente a filha amada e não a mulher com o coração despedaçado.
Senti as lágrimas descendo sem controle pelo meu rosto.
- Chore meu amor. Deixe as lágrimas lavarem tudo que tem dentro desse coraçãozinho.
- Não tenho mais coração mamãe! Disse já soluçando no colo da minha mãe.
Chorei. Chorei por muito tempo, sentindo as mãos de minha mãe em meus cabelos e minhas costas. Me confortando.
- Conte-me.
- Eu não sei nem por onde começar mamãe.
- Pelo início meu amor. Somos além de mãe e filha – amigas. Você se afastou esse tempo mas a nossa relação ainda é a mesma e não irei te julgar. Eu só quero o seu bem e te ver feliz.
- Feliz. Repeti a palavra com um gosto amargo na boca.
- Isso eu não sou há um bom tempo mamãe.
- O que houve meu amor? Mamãe se alarmou um pouco com meu tom de voz.
- Eu cometi tantos erros mamãe!
- Isso é normal querida. Somos seres humanos que erram, somos falhos por natureza. Mas somos também os que aprendem com os próprios erros.
- Eu.. eu.
- Killian?
- Sim. Suspirei triste e senti mamãe apertar minha mão na sua.
- Eu me iludi tanto com ele mamãe. Quando você me disse que ele não era o certo para mim, eu simplesmente não quis ouvir e agi como uma criança mimada. E agora eu me arrependo tanto.
- Não podemos voltar atrás e desfazer as coisas meu amor, e pensar assim só nos deixa frustrada.
- Eu sei mamãe, mas não consigo parar de pensar “se eu tivesse te escutado”.
- Oooh meu amor, depois da perda de Daniel as coisas foram difíceis. Mas depois que seu pai faleceu você ficou tão triste que quando Killian apareceu cheio de vida e alegria até eu achei que ele era o que você precisava, e não foi surpresa quando vocês se envolveram.
- Eu vi nele o meu príncipe encantado mamãe! Alguém capaz de tudo por mim, mas estava tão errada. Sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto novamente.
- E o que foi que aconteceu nesse tempo que você esteve fora de casa? Mamãe questionou sabiamente.
- Nos casamos. Em Vegas. Acho que ai eu já devia ter prestado mais atenção, afinal que tipo de príncipe se casa com Elvis sendo o responsável pela cerimônia – isso depois de cinco dias que saímos daqui.
Mamãe ficou quieta acho que absorvendo o “nos casamos” que eu havia falado.
- Depois resolvemos sair em lua de mel e viajar o mundo. Conhecer lugares e nos amar como Killian me prometeu várias vezes.
- Mas sabe o que descobri mamãe? Era um pergunta retórica e mamãe não disse nada.
- Que palavras doces e sentimentos falsos fazem promessas vazias.
- Nós vivemos em vários lugares mamãe, no começo foi tudo muito bom. Muita diversão, aventuras, luxo e animação. Aproveitamos tudo que o dinheiro podia pagar.
- Tudo que o seu dinheiro podia pagar você quer dizer? Mamãe sentenciou me olhando nos olhos.
- Sim.
- E?
- E depois de um tempo - um ano acho – as coisas já não estavam tão bem como no início. Killian só sabia ficar na farra e na vida boa; sequer cogitava a ideia de arrumar um trabalho. Mas eu ia levando, fazendo concessões e fingindo não ver as coisas.
- Até cinco meses atrás quando eu conheci o Killian de verdade.
- O que aconteceu cinco meses atrás?
- Eu engravidei.
Um soluço escapou pela minha garganta e me forcei a não chorar nesse momento. Precisava falar tudo, agora que tinha começado. 
- Meu amor que maravilha. Para quando é? Mamãe disse emocionada e medindo meu corpo com os olhos.
- Não é mamãe!
- Como assim?
- Eu perdi o meu bebê mamãe. Faz dois meses mais ou menos.
Dessa vez não tive forças para conter o choro. Chorei novamente, por tudo mas principalmente pelo meu bebê que não conheceria a avó maravilhosa que ele teria.
- Ohhh meu amor, eu sinto tanto. Mamãe chorava também. - Porque não me contou, eu teria ido até você.
- Não podia mamãe. Eu estava...não, na verdade eu ainda estou tão envergonhada de ter saído daqui brigada com a senhora.
- Eu nunca iria te julgar minha querida.
- Eu sei mamãe, mas sou uma Mills orgulhosa se lembra. Sorri fraco para ela.
- Sim, me lembro. Afinal minha filha tinha que puxar esse traço da minha personalidade sendo que Henry era tão calmo e compreensivo. Sorrimos nos lembrando de papai.
- E depois querida?
- As coisas entre nós pioraram de vez quando contei a ele que estava grávida. Eu fui uma tola acreditando que ele iria ficar feliz, assim como eu estava com a gravidez.
- Mas?
- Não foi bem assim mamãe. Quando contei ele ficou parado me olhando como se eu tivesse dado a pior notícia do mundo. Disse que não queria filho nenhum e usou como justificativa para a atitude negativa dele com a gravidez “como iríamos viajar, sair, viver se estivéssemos presos a uma criança”.
- Não acredito nisso!
- Sim, foi exatamente assim que me senti mamãe. Desacreditada. Além de enganada e triste.
- E depois?
- Ele começou a ficar cada dia mais estranho mamãe, voltava tarde e estava sempre nervoso. Uma noite ele chegou bêbado, quebrando tudo e gritando muito, dizendo que tudo estava errado e que era culpa minha e da criança que ele não queria.
- Eu tentei ajudá-lo já que estava bêbado e ele me empurrou mamãe!
- Oooh meu Deus!
- Eu cai e quando olhei estava sangrando.
- Regina!
- Ele me deixou lá mamãe, sangrando e simplesmente saiu para a rua novamente. Eu me arrastei e chamei uma ambulância, mas...
-...mas quando cheguei ao hospital não havia mais jeito. Lágrimas molhavam meu rosto novamente.
- Calma meu amor. Calma. Chore por tudo, a mamãe esta com você agora.
- Eu queria tanto aquele bebê mamãe! Tanto! Eu não amo Killian mas eu já amava mais que tudo o bebê que eu carregava.
- Eu sei meu amor. Nós sempre amamos nossos bebês.
- E então quando tive alta do hospital descobri que Killian tinha me roubado, comprado um barco e fugido com uma mulher chamada Millah.
- Eu tentei ficar sozinha mas depois de um tempo pensando, vim para cá.
- Fez muito bem. Mamãe beijou minha testa.
- E teve notícias de Killian? Ela me perguntou contendo a fúria na voz.
- Não mamãe. E não quero saber, nunca mais quero ver a cara dele na minha frente. Disse com desprezo voz.
- Eu entendo meu amor. Estou tão triste por tudo que passou minha querida.
- Me perdoe mamãe. Depois de perder meu bebê fiquei pensando no quanto a senhora sofreu com a minha ausência.
- Vamos esquecer o passado meu amor. O que importa é que você esta aqui. Comigo. No seu lar.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
Depois de desabafar, eu dormi que nem reparei mamãe saindo do quarto. Foram muitas emoções para um dia só.

MOMMYOnde histórias criam vida. Descubra agora