Mais a tarde mamãe saiu para o aniversário de Roland e Emma e eu ficamos em casa numa maratona de filmes da Disney. Eu sentia Emma inquieta ao meu lado.
- Mooomy, Emma té lêtinho! Disse meu bebê já puxando a minha blusa.
- Na na ni na não...a senhorita sabe bem que não tem leitinho enquanto não comer a comida do almoço. A vovó deixou separadinho. Você quer agora?
- Não té! E fez um bico enorme me olhando com o que devia ser o olhar mais selvagem - de um gatinho.
Era fofo!
- Ok, mas saiba que não tem leitinho.
Ela se mexeu, separando-se dos meus braços e foi até o outro lado do sofá, o mais distante possível de mim e ainda se virou me dando a visão das suas costas. Eu tinha vontade de rir da pirraça dela mas não podia.
Ela não falou mais comigo e o silêncio junto com "Let go! Let go!" me fizeram desmaiar no sofá.
- Regina? Filha, acorda.
- Mamãe. Quantas horas?
- São 16:00. Onde está Emma?
- Eu apaguei aqui no sofá. Emma deveria estar aqui também, mas ela está chateada comigo por não dar leitinho e ainda oferecer o almoço que ela não quis.
- Vamos procurá-la. Mamãe disse.
- Emma? Emma? Onde você está?
- Achou ela querida?
- Não mamãe, onde será que ela se meteu? Agora estou preocupada já procurei pela casa toda!
- Calma, vamos dar outra olhada por aqui.
Procuramos a casa toda e nada de encontrar Emma. Nisso eu já chorava alto imaginando mil jeitos dela ter se machucado.
-Regina?
- Sim mamãe.
- Venha aqui, estou no seu quarto.
Quando cheguei lá mamãe apontava para a janela onde a cortina cobria a parede. Havia um relevo pequeno embaixo da cortina.
- Emma! Comecei a chorar de novo, dessa vez de felicidade. Ela estava bem!
Caminhei até onde ela estava e puxei de uma só vez por baixo da cortina. Ela se assustou com o movimento súbito e abriu os olhos verdes o máximo que conseguia e deu um gritinho.
Eu estava tão feliz e aliviada por ela estar bem que somente puxei ela para os meus braços e ouvi ela rindo baixinho por ainda estar rouca e se agarrando ao meu pescoço.
- Oooh meu bebê, não faz isso com a mamãe mais não! Promete pra mim?
- Pomete! Mas ela não estava entendendo a minha preocupação eu tinha certeza.
Mamãe olhava pra nós duas com o olhar amoroso. Mas depois uma ruguinha surgiu na testa dela.
- Emma? Porque você está com a bochecha roxa?
Eu rapidamente virei o rostinho dela pra ver sobre o que mamãe falava. E realmente havia um tom de roxo na bochecha dela.
- Tá doendo bebê?
- Não. Ela respondeu com a carinha mais sapeca do mundo.
Vi mamãe caminhando para onde Emma estava antes e puxar a cortina toda, deixando a parede a vista.
- Eeeema! Mamãe disse.
-Bebê! Eu disse.
- Eu! Ela disse batendo as mãozinhas uma na outra feliz.
A parede estava toda rabiscada até onde a altura de Emma alcançava!
Os lápis de cor que eu havia comprado pra ela estavam jogados no canto da parede, a maioria sem as pontas junto da boneca Elsa e algumas canetinhas todas sem tampa. Um pequeno furacão havia passado por ali.
Eu queria rir. Mamãe tentava não sorrir.
- Quem fez isso? Mamãe perguntou com a voz “brava”.
Emma arregalou os olhinhos em direção a mamãe e escondeu o rostinho no meu pescoço.
-Elsa! Ela apontou a boneca.
- Só a Elsa? Perguntei olhando pra ela com a minha melhor cara de Evil Queen.
- Não, Emma tamem. Ela disse abaixando a cabeça.
- E isso está certo? Rabiscar toda a parede da vovó?
- Emma feizi desenho pra mommy. Ela disse segurando meu rosto entre as mãozinhas e me olhando nos olhos.
Um fato: eu não tenho defesas contra esse olhar.
- Mostra pra mommy.
- Ahh Regina! Você é boba por essa menina. Mamãe implicou comigo pois percebeu que eu já estava estregue a Emma.
A coloquei no chão e ela me arrastou pela mão até a parede. Meu Senhor, aquilo não sairia com água e sabão.
- Ati mommy! Ela apontou para um desenho meio distorcido mas dava para entender que eram três pessoas.
- Que lindo! Essa é quem? Apontei pra o desenho da esquerda.
- Vovó! Éta é Emma (o desenho pequeno) e éta é mommy (o desenho mais nítido era eu rodeada de corações – corações verdes – e flores amarelas.
- Muito bonito meu amor. Mas não pode rabiscar as paredes, é só pedir e a mommy te dá papel, ok?
- kay!
- A vovó também achou muito bonito Emma, mas escute a mamãe e peça papel da próxima vez.
-Tá.
Eu não conseguia parar de sorrir olhando o desenho na parede.
- Emma té papa.
- Vamos para a cozinha minha pequena artista.
Emma estava com tanta fome que nem reclamou de comer o pratinho dela que mamãe deixou separado no almoço.
- Tá gostoso amor?
- Uhum.
-Papou tudo meu bebê lindo.
- Emma papou!
- Que tal um cochilo agora? Perguntei enquanto lavava a louça que sujamos.
- Nãoooooo! Ela disse coçando os olhinhos.
- Certeza? A Elsa está cansada e quer uma sonequinha?
Ela me olhou com cara de dúvida depois olhou a boneca.
- Não té não. Ela té té binca. Bocejou no meio frase.
Peguei ela no colo e segui em direção ao quarto. Mamãe estava tirando uma soneca e Emma e eu iremos pelo mesmo caminho.
Me deitei com Emma por cima do meu corpo parecendo um koala e nos cobri. Coloquei a chupeta na boca dela e fiquei passando os dedos em seu cabelo e sentindo ela relaxar.
- Emma ama a mommy.
-Eu te amo Emma.