12 Doidinha da Silva

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Durante o show tirei várias fotos e fiz pequenos vídeos dele, foi mais forte que eu.
Dei o recado dele pra Bia, mas ela só fez ri e eu fiquei na minha.
Toda vez que ele passava por perto do lugar que eu estava ele sorria.
No fim do show, teve algumas entrevistas, momentos com fãs, todas as vezes que eu ia me aproximar dele alguém me empurrava ou eles seguiam empurrando -o para o camarim, aquilo me encheu de raiva.
Como minha bolsa estava no camarim o que era impossível de acessa lá, decidi sair.
Com o celular guardado do bolso interno da calça caminho para o jardim que vi mais cedo.
Show business não é minha praia. Instabilidade do público me deixou tonta e com muita raiva.
Puxo o celular e ligo pra Penélope, sem me importar com a hora.
- Alô.
- Desculpa se te acordei.
- Amiga o que aconteceu? Sua voz tá estranha.
- Só caiu a ficha. Nossos mundos são totalmente diferentes.
- Cami, se vocês se gostam nada é impossível. De uma chance.
- Eu não combino com isso!
- Ei nada de tomar decisão com a cabeça quente. Não vai ser um mal entendido que irar fazer você desistir.
- Obrigada Lope.
- Conta como tá sendo por aí?
- Bom eu tô sentada num jardim lindo depois de ser barrada por algumas fãs malucas. Sem minha bolsa. Alguma hora a Bia e os segurança vão sentir minha falta e se desesperar pois o Heitor disse "que se alguém me perdesse de vista ia perder o emprego".
- Poxa amiga, mas queria ver a cara deles.
- Tenho uma proposta para você, segunda as 1:30 da tarde temos uma reunião de negócios, esteja na minha sala.
- Ok. Mas você pode adiantar o assunto?
- Não.
- Você é má.
- Não sou não.
- Sim. Olha o que você acabou de fazer!
- Isso não conta. Miga tá ficando muito tarde e tenho que dá um jeito de voltar pra casa dele.
- Você não tem nem um trocado aí não?
- Está tudo na bolsa - bato as mãos nos bolsos - espera, eu acho que essa quantia da de chegar de táxi. Beijo, se cuida.
- Você também maluca. Você não tá no Rio, então juízo.
Guardo o celular e espero mais meia hora para ver se alguém aparece.
Nada, vejo o povo saindo do estádio e indo embora. Vejo o pessoal da limpeza começar a trabalhar. Depois de horas a comitiva do Juan Côrtes o astro latino em Ascensão sai do estádio. Não consigo ver direito de longe, mas parece que o Heitor tá furioso e todos ao seu redor estão com medo de ser demitido.
Tento chegar neles antes de entrarem no carro.
- Heitor - grito umas quatro vezes tentando me aproximar.
Os seguranças não tão nem aí. Os caras da banda parecem mais bêbados que o normal. A Bia tá falando com alguém e o Heitor já entrou no carro.
Esse não é meu mundo.
Prefiro tá cercada por números e contratos milionários do que gente que não tá nem aí pros outros.
Está marcado pro domingo de tarde minha viagem pro Rio.
O carro desaparece na via. Não vou atormentar minha mãe ou ela faria um barraco. Com o celular quase descarregado e sem muito dinheiro em mãos o melhor a fazer é ir pra casa, espero um táxi ou Uber e nada passa. Quando estou pra desistir aparece um mototaxista e eu imploro pra ele me levar no endereço.
Essa noite vai ficar pra história.
3% de bateria. Tento liga pro Heitor. Chama, chama e quando ele atende escultor ele dizendo muito rápido em espanhol coisas que não consigo assimilar tão rápido.
Quanto tento responder algo o celular morre.

Na entrada do condomínio o porteiro mesmo me reconhecendo tem que interfonar.
Pago o cara que me levou e agradeço, espero o porteiro dá a autorização.
- E?
- Parece que estão todos dormindo.
- Vai por favor, você me conhece sou a namorada do Heitor é minha mãe tá aí.
- Tá bom menina, vai cuidado.
A caminhada até a casa dele é cansativa o sol tá pra aparecer no horizonte. A noite foi horrível. Vejo a casa, mas não sei o que fazer. Vejo se que a porta tá aberta e entro.
Não quero falar com ninguém.

👑

Acordo com alguém me sacudindo carinhosamente.
- Não.
Noite passada foi um pesadelo, cheguei no quarto tomei um banho e dormi enrolada na toalha. Me viro pra voltar a dormi.
Sinto um beijo no meu pescoço. Me mexo pra outra posição.
- Não faz assim.
Abro os olhos. Heitor.
Fico sem palavras.
- Eu sei que você acordou.
Respiro fundo e me sento.
- Ontem foi um pesadelo.
- Uau. Ontem foi um fodido pesadelo sem você do meu lado.
- Na hora que você saiu e entrou no carro eu fiquei gritando teu nome.
- Eu procurei você por cada canto daquele estádio. O segurança que ficou responsável por assegura-la foi demitido. Você é meu bem mais precioso.
- Heitor, ontem descobrir que somos de mundos diferente.
- Se você me ama eu sou capaz de qualquer coisa pra você.
O medo de ontem volta com tudo.
- Fiquei com tanto medo.
- Tô aqui princesa. Não vou sair do seu lado, nunca mais.
Ele me abraça forte.
- Deita aqui do meu lado.
Ele joga o sapato e deita do meu lado.
- Tive medo de nunca mais poder vê-la.
- Tô aqui.
- Não faça mais aquilo.
- Ok.
Me aconchego mais nele.
- Fiquei maluco quando olhei pro lado e você não estava lá. Os seguranças não viram você é a Bia não soube me dizer nada. A última coisa que viram foi quando alguém te empurrou.
- Eu não...
- Mas relaxa. Você tá aqui é agora não sairá do meu lado.
- Heitor.
- Isso tá incomodando - ele puxa a toalha e joga no chão.
- Heitor!
- O que? Estava apertando minha costela. Da próxima você não vai sair do meu campo de vista e vai ter um chip localizador na sua credencial mocinha. Quase tive um ataque de pelanca.
Ele me abraça mais forte.
Olho pra ele, o medo vem como um tapa na cara. Eu posso viver sem ele, mas eu não seria feliz sem ele. Doideira. Adormeço com a mão em cima do coração dele por dentro da camisa.

A vida é cheia de altos e baixos, uma montanha russa bem doida. Que nos leva a lugares nunca idos. E aqui estou eu. Em um lugar depois da curva do medo contemplando o novo.

Um músico na minha vida. (sqn) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora