A grande noite

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Sam

Acordei com uma sensação estranha... um aperto no peito.
Há muito tempo, não me sentia assim. E a última vez que isso aconteceu não foi nada legal... sem que eu possa evitar, as lembranças invadem minha mente.

Flashback On

Para comemorar o feriado de quatro de julho, decidimos acampar em uma região com cachoeiras.
Eu, Lucca, Fábio, Jane e Allie, estávamos nos sentindo os próprios desbravadores. Montamos as barracas distante dos demais campistas, queríamos uma experiência única e decidimos dispensar as facilidades que o camping oferecia.
E no primeiro dia nos saímos bem. Ao final do dia, sentados em volta da fogueira, assando nossos hambúrgueres e cantando desafinadamente, enquanto Lucca tocava violão, tive um pressentimento ruim.
Meu coração disparou e um súbito mal estar me dominou.

Eu não sabia dizer com precisão o que ia acontecer, mas senti que algo ruim estava por vir.
Lucca, mais atento e observador que os demais, notou a mudança em meu semblante e silenciosamente me interrogou com o olhar.
Apenas balancei a cabeça em negativa e me afastei, indo para a barraca.

Poucos minutos depois, ele se juntou à mim.
- Ei Sam, o que está havendo?- questionou objetivo.
- Um pressentimento ruim.- respondi sem rodeios- Como aqueles de quando éramos crianças.
- Certo. Mas você viu o que é?- como sempre ele não duvidou de mim.
- Não. E é isso que me angustia, porque sei que algo vai acontecer... mas não sei o quê.
- Vamos fazer como a vovó Célie nos orientou.- disse colocando a mão em meu ombro em sinal de apoio- Orar e mentalizar o bem nos envolvendo. Sempre funcionou.
- Sim, ela me ajudou a entender o que acontece comigo, a aceitar e aprender a controlar minha sensibilidade. Sou muito grato à ela e, a você por ficar do meu lado, não me tratar como uma aberração.
- Sam, nós somos irmãos, cara. - sorriu e me abraçou, afastando-se em seguida- Você sempre poderá contar comigo. E nós temos muita sorte por tê-la em nossas vidas.
Assenti e em seguida nos concentramos como vovó Célie nos ensinou e de olhos fechados, fiz o apelo à Jesus e à espiritualidade amiga que nos protegessem e amparassem para que passassemos com equilíbrio e discernimento pelo o que estava por vir.

Ao encerrar a oração me sentia mais aliviado e com a certeza de que estávamos amparados.
- Lucca, você nunca ficou com medo do que acontece comigo? Nunca achou fantasiosa a explicação da vovó Célie?- questionei curioso- Afinal, você é católico.
- Confesso que quando éramos crianças e antes de entender o que acontecia com você, eu tive medo sim. Mas independente da fé que professamos, meus pais sempre nos ensinaram que o respeito às individualidades e às crenças alheias, tem que vir em primeiro lugar. Todos nós temos as nossas verdades e o direito de viver de acordo com o que acreditamos e achamos certo.- sorriu me encarando amigavelmente- E depois à explicação de vovó Célie, de que você tem uma  sensibilidade ...
- Mediunidade.- afirmei.
- Isso, mediunidade, me pareceu bastante crível. Até porque em todos os episódios em que se manifestou, você estava certo e até ajudou as pessoas. E depois meu amigo, entre o céu e a terra, há mesmo coisas que fogem a nossa compreensão, mas que não podemos negar que existam.
Sorri e o abracei grato pelo apoio.

Voltamos para junto dos demais e assim a noite transcorreu animada.

Voltamos para junto dos demais e assim a noite transcorreu animada

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