Desfazendo o nó.

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Jane

Decidida a dar um basta nesse sentimento que guardo para mim há anos, é assim que me sinto.
É como se esse amor não correspondido fosse uma âncora me impedindo de seguir em frente, de me abrir e viver novas experiências.
Por mais que eu flerte e até fique com outros caras, no final, me pego comparando-os ao Robert.
Nos menores detalhes, me vejo buscando por ele ... e isso é tão injusto com quem está tentando ficar comigo e para mim também.

E hoje o dia pareceu se arrastar, elevando minha ansiedade a um nível alarmante.
Carol percebeu minha inquietação, mas não contei nada, a sensação que tenho é que se verbalizar sobre esse assunto, perderei o pouco domínio que ainda mantenho sobre mim.
Não posso me dar ao luxo de desmoronar...

Me enfiei no trabalho, terminei de organizar a viagem para o congresso do Fábio e da Carol. E decidi dar uma mãozinha ao destino, ao reservar quartos vizinhos... quem sabe esses dois se entendam além do trabalho?
Afinal, a parceria de trabalho é perfeita.
Acabei sorrindo até dar conta de que estou agindo igual à Allie, a cupido do grupo.

Distraída com as tarefas rotineiras, demorei para me dar conta de que meu celular pessoal estava recebendo uma mensagem.
O peguei e quando vi o nome do Robert, senti meu coração falhar uma batida.

Será que ele vai desistir do nosso encontro?
Devo insistir?
Será um sinal para que eu desista também?
Me fiz essas e outras perguntas em uma fração de segundos, antes de finalmente criar coragem e ler a mensagem.

" Oi, Pimenta! Tudo certo para hoje? Passo para te pegar ao final do expediente, ok?
Beijos, Robert. "

Ai meu Deus!
Ele não desistiu!
Isso é ótimo... certo?
E Beijos?!
Nem parece o Robert Iceberg dos últimos tempos... por favor, Deus, que eu não esteja prestes a me decepcionar.

Digitei a resposta e apaguei algumas vezes, antes de me dar por satisfeita com o que escrevi.
Eu não queria parecer ansiosa, mas também não queria ser impessoal. Por fim, a resposta ficou assim:
" Oi, Robert! Tudo certo sim. Ok, vou te aguardar no hall. Até daqui a pouco. Beijos!"

Se eu estava com dificuldade para responder uma mensagem, imagine quando estivermos frente à frente.
Que Deus me ajude!

Trêmula, voltei a digitar a minuta de um contrato, quando senti uma presença inconfundível.
- Pois não, senhor Landucci, em que posso ser útil?- perguntei formal mas com um sorriso matreiro.
Tio GianCarlo detestava tanta formalidade e sempre que estávamos sozinhos fazia uma careta engraçada em desagrado.
- Ah, Jane, só você para me fazer rir! - disse se sentando à cadeira em frente à minha mesa- Esses têm sido tempos difíceis...
Segurei em suas mãos e as apertei levemente em um gesto carinhoso, antes de responder:
- Sim, mas passarão! E nós todos sairemos fortalecidos e mais unidos de tudo isso.
- Deus te ouça, filha! - me encarou visivelmente emocionado- Tenho a sensação de que ainda iremos enfrentar muitas coisas...
- E enfrentaremos juntos, como a família que somos!- reforcei.
- Desculpe esse velho tolo, Jane.- disse constrangido- Eu não sei o que me deu...
- Tio, o senhor pode me falar sobre qualquer coisa. - afirmei suavemente- O senhor é como um pai para mim. Conte comigo sempre.
- Obrigada, minha filha!- pigarreou para disfarçar a emoção e continuou- Enfim, está tudo acertado para a viagem do Fábio e da srta. Meirelles?
- Está sim. Eles embarcam amanhã pela manhã, assim terão o dia para se acomodarem e descansar. - informei prática- As palestras e apresentação do nosso projeto ocorreram nos dias posteriores.
- Certo. Eu espero que dê tudo certo e que vençamos essa licitação. - falou, levantando-se e se dirigindo para sua sala- Precisamos mais do que nunca de boas notícias.
Assenti em silêncio e me vi pedindo em oração que Deus o protegesse e sustentasse.

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