Início da batalha

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Lucca

Meu primeiro dia de fisioterapia, Allie virá... espero que possamos ficar bem, sei que nada será como antes, mas ainda tenho esperança em nosso relacionamento.
Meu dia promete ser bem cheio...
Após a minha higiene matinal e o café
da manhã, fiquei esperando minha princesa, lendo um livro sobre paisagismo, mas não consegui me concentrar no que lia.
A ansiedade em vê-la me fazia ficar disperso.

Allie chegou e foi logo se sentando em meu colo, me dando um beijo demorado.
Quando nos separamos e recobramos o fôlego, ela perguntou:

- Oi amor,como foi sua primeira noite de sono em casa?
- Boa.- respondi suavemente, enquanto a olhava como se pudesse decorar seus traços, gravar seu sorriso e seus olhar, eternizando-os em minha memória.
- Muito bom! Então, imagino que você esteja de bom humor...
- Hum Hum...
Fiquei desconfiado pelo rodeio, mas ela continuou antes que pudesse dizer mais alguma coisa.
- Tenho uma proposta para te fazer...- falou toda dengosa, acariciando os cabelos da minha nuca.
- Qual?
- Que tal irmos à cafeteria? - sugeriu alegre- Assim você se distrai um pouco...
- Não!- respondi enfático.
- Não?! Como assim?!- me questionou levantando do meu colo- Por quê não?!
- Eu não quero sair!!- respondi ríspido- Não quero que me vejam assim.

Um silêncio tenso se fez e eu desviei o olhar do dela, me sentindo totalmente desconfortável.
Por fim, ao ver que eu não ia ceder, ela disse com um misto de choque e indignação:
- Ora , Lucca... você só pode estar brincando comigo!

- Você acha que tudo isso é uma brincadeira?!- eu estava tentando me controlar para não gritar, mas sentia uma raiva surda me dominar.
-Você tem que enfrentar a sua situação, até porque é passageira!- retrucou fria- Ou só vai voltar a sair de casa, quando estiver andando normalmente?!E depois diz que eu é que sou preconceituosa...
- Alicia, por favor...
- Por favor, o quê?! Se esconder, não vai fazer com que volte a andar mais rápido.

A olhei e não reconheci! Aquela pessoa insensível e ferina não era a minha princesa.

- O que você sabe sobre o que estou sentindo ou passando, Alicia?!- questionei magoado e irritado- Você não tem o direito de me recriminar ou julgar!
- Não tenho direito de tentar te ajudar?! - questionou rispidamente- Só quero retomar nossas vidas, voltar a sermos normais...

- Retomar nossas vidas?! Porra, você é que está brincando comigo! Eu estou preso à uma maldita cadeira de rodas, não tem nada de normal nisso!
- Você entendeu o que eu quis dizer! Caramba! Por que tudo tem que ser tão difícil?!

Respirei fundo antes de responder:
- Porque se você ainda não se deu conta, minha situação atual é difícil!- o sarcasmo imperava em minhas palavras- Eu sinto dor o tempo todo, mal consigo dormir, dependo dos outros para as coisas mais simples e corriqueiras. Você não sabe como eu me sinto...a última coisa que quero é ir a qualquer lugar...

- Eu não sei mesmo como você se sente! Nunca fui aleijada! Só sei que ficar com pena de si mesmo, não vai ajudar em nada...
- Alicia...
-Assim como se esconder do mundo também não!- continuou a falar apesar da minha tentativa de interrompê-la.

- ALICIA, SAI DAQUI!- explodi magoado.
- As coisas se resolvem assim?! Você
grita, me expulsa e eu tenho que entender e relevar?!
- Você não tem que fazer nada! Nem
estar aqui e, nem relevar nada. Eu só quero que você saia daqui!- disse, sentindo meus olhos encherem de lágrimas. - O aleijado aqui não vai atrapalhar sua vida! Sinta-se livre...
- VOCÊ ESTÁ TERMINANDO COMIGO?! EU NÃO ACREDITO NISSO!

Rise UPOnde histórias criam vida. Descubra agora