Amigos para sempre II

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Robert

Após conversar com Sam, sinto que meus pensamentos e emoções até então totalmente conturbados, foram tranquilizados. Ele tem esse dom de transmitir serenidade.
Mesmo em meio às situações mais complicadas, ele mantém o controle e eu o admiro muito por isso.
Talvez seja a filosofia que ele segue, talvez a personalidade dele... mas se for a primeira opção, partiu ser espiritualista!

Acabo sorrindo levemente ao lembrar de todas as situações constrangedoras que já passou por conta dessa crença e que nós da gangue sempre o defendemos e apoiamos, independente de crer em coisas diferente.
Ou não acreditar em nada, como é o meu caso... nessas horas de desespero, invejo aos meus amigos que conseguem crer em algum tipo de divindade ou poder superior.
Infelizmente, a vida me mostrou muito cedo que estamos à nossa própria sorte... afinal que Deus é esse que mata a mãe de uma criança, apesar de todos os pedidos dela para que a curasse?!
Que Deus é esse que permite que um pai despreze o próprio filho?! Ou ainda, deixa paraplégico um cara cheio de vida e sonhos ?!

Não.
Definitivamente, não existe nada além desse mundo.
Surpreendentemente sinto o perfume da minha mãe ao concluir esse pensamento e me recordo do carinho que pensei ter recebido no hospital.
Estremeço e só posso estar impressionado de alguma forma, querendo me apoiar em alguma religião como muleta, para não ter que encarar minhas responsabilidades e erros.
Só me faltava essa agora...

Decido tomar um banho rápido e me jogo na cama em seguida, sentindo o cansaço e as emoções descontroladas cobrarem seu preço. Meu corpo todo dói e apesar disso não consigo dormir.
Uma lembrança insiste em vir à minha mente...

Flasback

Fábio e eu, mais uma vez tínhamos nos metido em uma enrascada por conta de mulher.
Dessa vez, entretanto, a situação estava bem complicada...
Tudo porquê as duas "senhoras" em questão eram casadas mas não acharam relevante nos informar sobre esse pequeno detalhe.

Tivemos que sair da balada pela saída de serviço, Fábio depois de tomar um soco que o deixará com o olho roxo e eu com o lábio cortado por outro soco certeiro, fora alguns outros golpes bem dolorosos diga-se de passagem.
Eu sempre fui contra abandonar a luta, mas dessa vez o instinto de preservação falou mais alto, por assim dizer.

Dessa vez, o Sam tinha acertado na previsão quando disse que se não ficássemos atentos nos meteríamos em problemas... mas bem que ele poderia ter sido mais específico né?

- Porra, Fábio! Pior que a minha nem era tão gostosa assim- disse na tentativa de fazê-lo relaxar, enquanto permanecíamos escondidos atrás das latas de lixo.
- Idiota! Você não achava isso quando sua língua estava na garganta dela! - respondeu rindo e me olhando com deboche.
- Ah, estou pensando nisso agora, afinal terminar a noite fedendo a lixo, com a boca cortada e no zero a zero, clareou meu raciocínio.
A gargalhada que ele deu aliviou minha tensão também e me fez sentir menos culpado por ter nos colocado nessa situação. Já que fui eu quem arranjou o encontro duplo, sem me precaver antes.

- Robert... você não existe, cara! - disse por fim, me abraçando de lado- Mais uma história pra conta da dupla dinâmica.
- Mais uma!- respondi aliviado ao constatar que ele não estava puto comigo- Ninguém nunca poderá dizer que não geramos entretenimento.
- Ah, não mesmo! Mas da próxima vez, você pode se certificar de que não teremos que enfrentar nenhum marido armado e nenhum lutador de MMA?- falou irônico- Meu moral está seriamente abalado.
Caí na gargalhada e continuamos escondidos até que Paul, nosso amigo que era barmen, vir nos avisar que a barra estava limpa e, que os maridos ofendidos e seus amigos tinham ido embora.

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