Repercussão III

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Robert

Quando Fábio me mandou mensagem dizendo que Lucca tinha aceitado ir ao Rock Bar, comemorei como se meu time do coração tivesse marcado um tochdown no último minuto de jogo.
Jane, que estava na cozinha, veio correndo, enxugando as mãos no pano de prato:
- Amor, o que aconteceu?! Você está bem?!- questionou, visivelmente assustada.
- Ah, estou ótimo!- levantei e a abracei eufórico- O Lucca vai hoje ao Rock Bar conosco!
- Sério?! Ele te mandou mensagem?
- Sério! E foi o Fábio quem me avisou, acabou de mandar uma mensagem.- expliquei- Ele também está animado!
- Que ótimo! Ele precisa começar a retomar as atividades que gosta de fazer. - disse séria.
- Uau! Que desânimo... eu esperava que você fosse ficar tão animada quanto eu.
- Eu estou contente, mas não consigo não me preocupar...
- E posso saber o porquê dessa preocupação?
- Ah, Rob... ele e a Allie, não estão bem. - falou tristonha- Na verdade, individualmente, nenhum deles está bem.
- Bem, você sabe minha opinião sobre isso e...
- Amor, já falamos sobre isso e até discutimos!- me interrompeu impaciente se soltando dos meus braços.
- Justamente! E você continua a defendê-la!- respondi sentindo a irritação me dominar.
- Não estou defendendo! Estou tentando entender e ser justa!
- Ah, claro! Como se fosse possível compreender alguém que diz amar uma pessoa e, no momento,em que ela mais precisa, se afasta!
- Robert! Por favor, não seja tão intransigente!- falou incisiva- A Allie é nossa amiga e o principal, não sabemos o que está acontecendo para que ela venha se comportando assim!
- Eu sei: ela simplesmente não o ama agora que ele está em uma cadeira de rodas e, não tem a dignidade de terminar!- falei deixando toda meu inconformismo transparecer.

Nós nos olhamos como oponentes, dispostos a ir até o fim nessa discussão.
Após alguns instantes, ela se afastou e foi para a sacada, apoiando- se no encosto de uma das cadeiras. Percebi que estava respirando pausadamente e tentando se controlar.
Porra! Eu tinha a magoado.

- Amor... me perdoe!- disse me aproximando e abraçando- a- Eu não quero brigar com você.
- Eu também não quero brigar, mas não consigo entender ou aceitar a forma como você está julgando e condenando a Allie!- murmurou- Às vezes, você age como seu pai...
- Jane, eu não acredito que você me comparou ao meu pai!- disse me afastando chocado e magoado.
- Robert, você assumiu o papel de júri e de juiz, de dono da verdade! E é como seu pai age, infelizmente.
- Mas eu não sou como ele! Não sou...
- Não é mesmo! Por isso, não entendo o porquê está agindo assim em relação à Alícia!- segurou meu rosto entre as mãos e me encarou amorosa- Eu só quero que abrande seu coração e seja mais complacente. Nós sabemos que ela sempre foi apaixonada por ele... deve estar acontecendo algo muito sério...
- Jane...
- E nós como amigos dos dois, devemos apoiá-los. - concluiu, ignorando minha tentativa de interrupção.

Me perdi naqueles olhos verdes intensos e suspirei, por fim, me rendendo:
- Tudo bem! Com você me olhando desse jeitinho, como posso recusar qualquer pedido?
- Ah, meu amor... meu Robert! Esse sim é você: leal, compreensivo e amoroso. - aproximou os lábios dos meus e sussurrou- Eu te amo, Robert!
A beijei como se minha vida dependesse disso.

Ela voltou para a cozinha e voltei a leitura de um contrato. Na verdade, tentei retomar, mas as palavras dela me comparando ao meu pai não paravam de ecoar em meus pensamentos.
O senhor Dallinger, realmente era intransigente, acredita estar sempre certo. Suas opiniões e vontades não podem ser contrariadas.
Ai de quem ousar se colocar em seu seu caminho... eu que o diga!

Desde que me recusei a continuar trabalhando na holding e me submeter aos seus caprichos, ele vem tentando dificultar minha busca por uma nova colocação.
Fiz algumas entrevistas e processos seletivos e, quando parecia que tudo estava certo recebi ligações,em que sem nenhuma justificativa,diziam que meu perfil não era adequado para a vaga.
Então porquê me fazer passar por todas as etapas, que inclusive eram eliminatórias, pela entrevista e entrega de documentação, se iam me considerar inadequado?!
Da última vez que isso ocorreu, questionei a responsável pelo processo de contratação e a mesma constrangida e, visivelmente, penalizada pela minha situação, disse que eu era perfeito para a vaga, mas que a ordem havia vindo de cima, isto é, do presidente da empresa.
Imediatamente, entendi o que estava acontecendo, meu próprio pai, estava me boicotando.

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