O despertar

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Lucca

Dor.
Excruciante.
Meu corpo todo doía.
Até pensar era doloroso.
Como isso é possível?

Em um esforço sobrehumano abri os olhos e a luz forte, fez com que eu os fechasse novamente, gemendo.

- Filho... meu amor... Lucca... A mamãe está aqui.- ouvi minha mãe e estranhei o tom choroso em sua voz.

Tentei falar, mas algo em minha garganta me impediu. Assustado, reabri os olhos e mesmo com a luz me incomodando os mantive abertos.
As paredes brancas e aparelhos de monitoramento foram as primeiras coisas que identifiquei.
Hospital.
Eu estava em um quarto de hospital.
Cenas desconexas passaram em minha mente, velozmente.
Sam totalmente bêbado.
Robert e eu cantando no carro.
Robert me agradecendo por ser seu amigo... A luz ofuscante, os sons ensurdecedores e dor, muita dor.
E depois o nada.

Agitado, ouvi os alarmes dos monitores dispararem e, minha mãe aflita pedindo ajuda.
- Por favor, enfermeira! Ele acordou...

Onde estão Robert e Sam?! Como eles estão?!
Finalmente, consigo focalizar o rosto da minha mãe e me surpreendo ao ver que chora.
Ela acaricia meu rosto, enquanto diz:
- Calma, meu amor! Por favor, tente ficar, calmo...
O tubo na minha garganta me impede de responder e pedir à ela que também se acalme, porque vê-la chorar é doloroso demais para mim.

Finalmente, duas enfermeiras e um médico chegam e passo a ser examinado, perdendo minha mãe de vista. Eles usam termos técnicos como saturação, ritmo cardíaco e afins, enquanto me examinam detalhadamente.
Ao final do que posso chamar de inspeção, o médico se dirige a mim:
- Lucca, eu sou o Dr° Hill, responsável pelo seu atendimento. Nós vamos retirar o tubo da sua garganta e, assim que eu contar até três, você precisa tossir, ok?- ele me olhava atentamente.- Se você me entende, pisque duas vezes.

Pisquei duas vezes, conforme ele pediu e ouvi sua contagem, enquanto a enfermeira se posicionou ao meu lado. No três, tossi e tive a sensação de ter engolido fogo líquido, com a ardência que senti ao ter o tubo retirado.
A outra enfermeira, molhou meus lábios com gaze embebida em água fria e em seguida me deu um pouco de água.
O alívio foi imediato.
- O que... houve? Onde estão meus amigos?- minha voz soou rouca e assustada.

Antes que o médico dissesse qualquer coisa, meu pai e Fábio surgiram em meu campo de visão e ambos choravam.
- Filho! Graças a Deus!- meu pai falou me abraçando.- Meu Deus... obrigado!

Meu irmão, segurou minha mão e tentou sorrir. Mas sua tentativa falhou miseravelmente.
Por fim, minha mãe se juntou à nós e pude perceber o abatimento nos rostos de cada um deles.
- Ei pessoal, vocês estão me assustando.- disse baixo, sorrindo fracamente- Me digam o que está acontecendo? Onde estão o Sam e o Robert?
Eles se entreolharam e meu pai, pigarreou e falou sem rodeios:
- Sofreram ferimentos leves, mas já tiveram alta e estão se recuperando bem, graças a Deus.
- Ótimo! Eles estão bem, foi só um susto.- sorri aliviado- E eu, quando terei alta? O estrago foi muito grande?

O ar de desolação que dominou a expressão do meu pai, assim como o fato de Fábio e minha mãe evitarem meu olhar, me causou de imediato certa apreensão.
- Filho, o Dr°Hill vai te explicar tudo.
- Certo, sou todo ouvidos.
- Bem, Lucca você se recorda do que houve?
- Sim... quer dizer, mais ou menos.- hesitei- Um carro bateu no nosso...
Diante da minha hesitação, ele retomou a fala firme:
- Na verdade, um caminhão invadiu a pista em que vocês estavam. Infelizmente, o seu lado foi o mais atingido e você teve ferimentos mais sérios.
- Que são sérios eu percebi, meu corpo todo dói. Agora entendi o porquê, fui literalmente, abalroado por um caminhão.- apesar da dor e do medo, tentei brincar.

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