Um amor que teve início na adolescência, pode ser destruído por um acidente e suas consequências?
Imaturidade, traumas do passado, falta de confiança e preconceito, podem acabar com uma relação?
Nessa história vamos descobrir como o autoconhecimento...
Olá amoras e amores! Como vocês estão? Eu já estava com saudades de vocês e da nossa história. Sendo assim, segue capítulo tristinho, mas escrito com todo carinho. Beijos de luz e boa leitura.
Robert
"Obrigado por você ser meu amigo..."
Foram as últimas palavras que falei para ele e, agora sou o culpado por ele ficar paraplégico.
Meu pai fez questão de acabar com qualquer esperança que eu tinha, de não ser o responsável pelo estado dele. Suas palavras foram duras, mas verdadeiras: " Mais uma vez, Robert, você me decepcionou. Mas eu já estou acostumado, não me surpreendo com sua total falta de habilidade em fazer algo certo. Contudo, os Landucci, não mereciam pagar um preço tão alto! Por conta da sua falta de destreza, seu amigo está aleijado! O fato do motorista do caminhão estar alcoolizado e ter dormido ao volante, não atenua a sua culpa. Se você fosse, minimamente hábil, teria desviado e evitado essa tragédia. " Ainda que hesitante, tentei argumentar, mas ele foi taxativo: " Você destrói tudo o que toca, Robert. Foi assim com a sua mãe e, agora com os Landucci. Eu não sei se você se deu conta, mas os destruiu, como fez comigo e com todos que se aproximam de você."
Sem mais uma palavra, meu pai foi embora. E eu me odiei mais uma vez, por ter tido a esperança tola que diante dessa situação, ele se importaria comigo e com os meus sentimentos. Aliás, eu sou mestre em me iludir e desejar o impossível. Desde o dia em que ouvi uma discussão acalorada entre meus pais, deveria ter entendido que do senhor Richard Dallinger, eu só teria suporte financeiro.
Flashback On
Eu ia completar oito anos e estava ansioso pela minha festa de aniversário. Todos os dias, riscava o calendário de super heróis que havia no meu quarto. E enchia os ouvidos da minha mãe, com ideias mirabolantes e com os planos que eu tinha para a festa. Pacientemente, ela me ouvia sorrindo, afagando meus cabelos, contendo com carinho o meu entusiasmo desenfreado. Na véspera do meu aniversário e da festa tão ansiosamente por mim aguardada, meu pai voltou mais cedo do escritório. Inocentemente, achei que ele quisesse passar mais tempo conosco, quem sabe fazer algo para comemorar meu aniversário, só eu, ele e a mamãe.
Alegre, segui a direção das vozes e ao perceber que gritavam raivosamente um com o outro, me encostei a porta do escritório para ouvir e, tentar entender o que estava acontecendo.
- Lívia, não seja teimosa! É a segunda vez que coloca sua saúde em risco por causa dele... - Eu disse que daria tudo certo quando descobrimos o tumor naquela época e, deu. Se eu tivesse abortado, nós não o teríamos Richard!- ela o interrompeu. - Mas você sabe que o que fez foi uma temeridade! Eu não sei o que teria feito se tivesse perdido você. - a voz dele soou grave e desesperada aos meus ouvidos infantis- E agora, você está agindo da mesma forma. Ele terá outros aniversários, outras festas... - Eu já disse que não irei cancelar! Quero que ele tenha boas recordações e... - E eu quero que você lute! Quero que viva!- interrompeu veemente- Eu preciso de você, Lívia! Preciso da minha amiga, do meu amor! - E eu preciso que você entenda, que não há mais o que ser feito. Quero passar os meus últimos momentos, junto à vocês, criando memórias felizes... - Desde que você quis engravidar a nossa vida virou um inferno! Sua razão de viver passou a ser o Robert! - Richard! Nós decidimos juntos... - Não! Você quis e eu concordei para te ver feliz! Só não imaginei que ele me roubaria você! - Richard como você pode dizer isso?! Ele é o nosso bem mais precioso, a escolha mais acertada que já fizemos... - Não! Amar você foi o meu acerto.- cortou contundente- Ele é o meu erro. - Por favor, não diga isso! Eu sei que está fora de si com os resultados dos últimos exames, mas ele não tem culpa de nada! - era possível perceber a tristeza em sua voz- Nós fizemos tudo o que era possível, mas... - Não fizemos! Se você priorizasse a si mesma e, porque não a mim, aceitaria se internar e realizar o tratamento sugerido pelo Dr° Krampp. - Richard, é um tratamento experimental e no meu caso, só me faria sofrer mais. Outros órgãos já foram tomados pelo câncer... além do meu pulmão.- sua voz chorosa falhou- Eu quero morrer com dignidade, Richard. Perto de vocês, lúcida... - Lívia, eu... nós... - Por favor, meu amor... É a minha vontade, ok? Um silêncio desolador se fez, até que ele respondeu com a voz embargada: - Ok. Tudo por você, meu amor. Outra vez o silêncio imperou e eu já estava pronto para correr e me esconder, quando a voz dela se fez ouvir novamente: - Richard, eu preciso que me prometa, que vai deixar esse ressentimento sem fundamento de lado e vai cuidar do nosso filho. Promete? - Não é um ressentimento tolo, ele te roubou de mim e ... - Richard! Prometa!- disse incisiva, impedindo-o de prosseguir com sua fala temerária. - Eu... prometo. - Ele vai precisar muito de você. Ter a sua promessa acalenta meu coração e traz paz ao meu espírito, meu amor. Esse é o melhor presente que pode me dar. - Eu amo você, Lívia! Como nunca amei e jamais irei amar alguém. - Vocês são os amores da minha vida, meus bens mais preciosos. Eu também te amo, Richard teimoso Dallinger, com todo o meu coração.
Ouvi passos se aproximando da porta e corri para o meu quarto. Naquela noite, fui acometido de uma estranha febre, preocupando sobremaneira minha mãe.
Foi um duro golpe para minha mente infantil, descobrir que minha mãe iria morrer e que meu pai me considerava um erro.
Flashback Of
Na festa, meu pai parecia tão feliz ao nosso lado, que achei que ele pudesse ter mudado de ideia ao meu respeito. E essa impressão, durou por mais um ano, até a morte dela.
Contudo, assim que ela partiu, ele fez questão de mostrar o que pensava e sentia em relação à mim.
E hoje mais uma vez, não perdeu a chance de mostrar que sou um maldito erro ambulante. As palavras dele foram como punhais afiados cortando minha carne. Como eu pude fazer isso?! Eu decepcionei as únicas pessoas que ainda me amavam! Como encarar a todos?! Principalmente, ao Lucca?!
Em meio ao meu desespero, senti o sono me envolver. Felizmente, ainda havia essa possibilidade de fuga.
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Acordei com uma carícia suave em meus cabelos e por um instante, pensei que fosse o toque da minha mãe. Seu perfume impregnava o ambiente... E uma inesperada paz se apoderou do meu espírito. " Acalme-se meu precioso, tudo tem sua razão de ser e, no fim o bem vencerá. Eu amo você." Pensei ter ouvido a voz dela e assustado abri os olhos, perscrutando o quarto. Eu estava sozinho... - Mãe...- cheguei a murmurar em um misto de apelo e lamento.
Porém, desejei ardentemente que vovó Célie tivesse razão e, aqueles que amamos continuassem vivos em algum lugar, após a sua morte. Mas, infelizmente, isso era impossível.
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E eu estava fadado ao desamor do meu pai, assim como a solidão, agora que tinha decepcionado a família que me acolheu como a um filho.