Reflexão e Diversão

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Sam

Desde a alta do Lucca, estamos nos revezando para acompanhar suas sessões de fisioterapia ou passarmos algum tempo juntos para distraí-lo.
Contudo, ainda não conseguimos  reunir a gangue completa, devido aos compromissos profissionais e amorosos.
Robert estava dedicado integralmente ao namoro com Jane! O que é muito acertado, já que demoraram tanto a se entender.

Fábio, estava em um ritmo de trabalho intenso e, para ser sincero, antes mesmo do acidente ele vinha se comportando de maneira estranha.
Parecia triste, mas quando tentei conversar, negou veementemente.
E eu, estou trabalhando, tentando ser presente para o meu amigo e cumprir os compromissos que assumi como professor na casa de caridade que frequento.

Dar aulas para jovens adultos carentes têm sido desafiador, mas extremamente prazeroso.
E tem me ajudado a manter a tristeza longe... já que desde que reencontrei Sarah em uma exposição, tenho me sentido cabisbaixo e solitário.
E não por causa dela, já que a iniciativa de encerrar o nosso relacionamento foi minha.
Porém, eu vinha me sentindo inquieto, como se estivesse faltando algo em minha vida.

Nosso relacionamento, assim como o término foram intensos e conturbados

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Nosso relacionamento, assim como o término foram intensos e conturbados.
O ciúme e a desconfiança foram os ingredientes principais dessa receita explosiva. O desejo e os nossos egos inflados serviram como tempero.
E nós nos amamos e também nos magoamos muito.

Na verdade, me questiono, se realmente a amei em algum momento.

Hoje, reconheço que não me esforcei para fazê-la se sentir segura dos meus sentimentos. E que o fato dos meus pais e amigos não gostarem dela, pesou em muitas das minhas escolhas.
Jane e Allie, até tentaram enturmá-la, mas Sarah morria de ciúme delas e acabou agindo com grosseria em diversas ocasiões.
Fábio e Robert, tentaram permanecer neutros, mas era evidente o desconforto com a presença dela.
Lucca foi o único que conseguiu conquistar a simpatia dela, diria até que o carinho.

Agora, vejo que as inseguranças que ela tinha, a faziam atacar a tudo e a todos. O fato de ter tido uma infância difícil, com dificuldades financeiras, a marcou de forma negativa.
Sendo assim, Sarah achava que precisava se impor, ostensivamente.
E eu não fui maduro ou tolerante o suficiente para tentar ajudá-la a perceber o que realmente considero ter valor na vida: família e amigos.
Ter segurança financeira e conforto material, é necessário, claro.
Entretanto, não consigo colocar isso acima de todo e qualquer valor, principalmente acima das pessoasa quem amo.

E as escolhas de amizade de Sarah, baseavam-se em status, conta bancária, em detrimento do caráter e conduta.
E por mais que estivesse muito atraído fisicamente, sentia um vazio ao estar com ela.
Assim que completamos sete meses de namoro, decidi dar um ponto final à nossa história. E a atitude de desdém dela ao ouvir minha explicação, me deu ainda mais certeza de estar agindo acertadamente.

O nosso encontro foi regado pelo desconforto e constrangimento, me fazendo sentir extremamente triste. Como pude me enganar tanto em relação à ela?
O desejo sexual realmente é capaz de nos cegar.

Prometi a mim mesmo, só me relacionar com alguém que me toque a alma e me desperte mais do que desejo sexual, paixão.

Afastei esses pensamentos dolorosos, pois havia chegado a casa dos Landucci.
Vi que o carro de Robert já estava estacionado e me surpreendi positivamente, já que pontualidade não era seu forte.
Estacionei e peguei a caixa de cerveja sem álcool, assim como a sacola cheia de petiscos e salgadinhos.
Lucca ainda está ingerindo vários medicamentos, então nada de bebidas com teor alcoólico.
Tia Marina já me esperava à porta, com seu sorriso caloroso.

- Samuel, seja bem-vindo querido!- disse me abraçando afetuosa- Os garotos estão no quarto do Lucca.
- Oi, tia! Muito obrigado! - respondi retribuindo o abraço- A senhora está bem?
- Estou ...estou sim. - sua hesitação não me passou despercebida mas antes que eu pudesse perguntar algo ela continuou- O Fábio acabou de ligar e avisar que vai chegar mais tarde, houve um problema com a entrega de um material.

Me repreendi por não ter vindo mais conversar e tomar café com ela em seu estúdio.
E anotei mentalmente na minha lista de compromissos, antes de responder:
- Ah, que chato! Está difícil de conseguirmos nos reunir.
- É, Sam... amadurecer tem seu ônus. - respondeu sorrindo nostálgica- Sinto saudades de quando vocês eram adolescentes e se reuniam por horas na sala de jogos.
- Eu também sinto muita saudade,tia! - a abracei e caminhamos juntos assim pelo corredor até o quarto do Lucca. - A vida era tão mais fácil...

Fomos surpreendidos pelo som alto e Robert com uma toalha na cabeça, fazendo  às vezes de cabelo e dançando todo desengonçado. Lucca sentado em sua cama, literalmente, estava chorando de rir.
Tia Marina e eu nos olhamos e caímos na risada.
- Posso saber o que está acontecendo aqui?!- finalmente consegui perguntar.

Robert se assustou com a nossa presença, pois estava fazendo sua performance de costas para a porta e, Lucca continuou rindo.
- Eu... ahn... estava mostrando ao Lucca como a nova amante/namorada do meu pai estava dançando quando cheguei à casa dele.- explicou sem graça.
- Mas ele e sua madrasta não tinham voltado?- questionei enquanto entrava no quarto e colocava a bebida e a sacola com a comida na mesa de trabalho de Lucca.

- Bem meninos, vou deixar vocês à vontade.- Tia Marina disse ainda da porta- Vou trabalhar numa peça que tenho que entregar no sábado. Se precisarem de algo, peçam à Rosa. Comportem - se! Amo vocês!
- Nos também te amamos!- gritamos em uníssono e ela sorriu.
Tia Marina era demais!

- E então, Robert?- questionei ávido pela fofoca.
- Oi, Sam! Tudo bem? Estou bem também!- Lucca disse sarcástico- Você fica tão ansioso em saber da vida alheia que até esqueceu a educação.
- Ah, Lucca! Vai se ferrar!- retruquei rindo e dando-lhe um abraço- Você só está falando isso porque já está sabendo do babado.
- Ei,pessoal! Não vamos esquecer que estamos falando da vida pessoal do meu pai, tá?- Robert disse irônico- E babado é um termo pobre para definir essa bagunça que ele chama de vida amorosa!
Caímos na risada, as peripécias amorosas do senhor Dallinger sempre rendiam histórias hilárias.

- Ei,pessoal! Não vamos esquecer que estamos falando da vida pessoal do meu pai, tá?- Robert disse irônico- E babado é um termo pobre para definir essa bagunça que ele chama de vida amorosa!Caímos na risada, as peripécias amorosas do senhor Dallin...

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Servi as cervejas e entreguei os salgadinhos preferidos de cada um deles.
- Sam, você é o cara!- Lucca disse à guisa de agradecimento.
- Nossa, que mudança de tratamento! - provoquei.
- Claro né! É só alimentar o dragão que ele fica mansinho!- Robert falou rindo.
- Ah, seus palhaços! Vamos logo ao que interessa: Robert pode me contar tudo, mas tudo mesmo sobre finalmente ter se acertado com a Pimenta. - Lucca respondeu esfregando as mãos.
- Hum... e depois o fofoqueiro sou eu!- alfinitei rindo e ele jogou uma almofada direto no meu rosto.
- Ok, meus fofoqueiros preferidos, preparem- se...- Robert respondeu e deu um longo gole em sua cerveja.
- Estamos prontos e preparados! - eu e Lucca falamos juntos e nós três caímos na gargalhada.

Ah, o papo ia render...
Sorri satisfeito, por estar ali com eles só faltava Fábio, o galã do grupo. Enquanto Robert começou a falar, intimamente agradeci aos céus por tê-los em minha vida, os irmãos com que o destino me presenteou.

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