Capitulo 2

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-Oi princesa ,onde vai com tanta pressa? - ele diz sarcástico

-Me deixe passar Chad - digo com um tom cançado.

-Porquê? Vai pagar as dívidas da mamãe drogada? Ou vai cuidar do irmãozinho com pulmão fraco? - ele fala com um semblante de falsa tristeza .

O ser humano consegue ser maldoso . Minha vontade era de bater nele , mas eu não consigo , simplesmente o ignoro e saio dali correndo , para não perder o ônibus . O ouço gritar uma das suas piadas mas nem presto a atenção , só sigo meu caminho .

13:47

Chego em casa ,com meu irmão no colo , que me conta , detalhadamente , tudo o que fez na creche , animadamente . Por vezes eu queria ser uma criança , inocente , que só vê o lado bom da vida . Eu faço tudo que eu posso para não transparecer tristeza na frente dele , e dar sempre o melhor de mim para ele , o amo muito , e o ver feliz é a melhor parte do meu dia.

Entramos , e ele foi logo ver televisão , enquanto eu ia para a cozinha , preparar o almoço , para nós dois , já que a minha mãe não estava em casa . Com certeza ela está com meu padrasto , jogando e se drogando . Eu já estava acostumado , com tudo o que aqueles dois me faziam passar.

Depois de comer , tomei um banho junto com o Noah e logo fui vestir o uniforme do meu trabalho , e ele foi fazer o mesmo com a roupa que eu já tinha separado para ele .

Eu trabalho numa lanchonete/doceria . Lá é um espaço lindo e confortável , que sempre me traz uma sensação de estar em casa , com as cores rosa e azul bebê , que de certa forma , me dava paz . Eu sempre levava o Noah comigo , lá tem um espaço infantil onde ele ficava brincando até o fim do meu expediente , e ainda comia uns docinhos bem gostosos que eu lhe dava .

Chegando no local , encontro D.Amélia , a dona da lanchonete . Como sempre , ela estava com um sorriso no rosto atrás do balcão falando com algum cliente . Quando ela me avistou , acenou-me com a mão , então nos aproximamos .

-Oi Sam! - aceno pra ela com um sorriso -oi meu amor-ela fala fazendo voz de bebê para o Noah.

-Tia , hoje vai ter docinho?-pergunta com os olhinhos brilhando .

-Claro meu amor , quantos docinhos você quiser - fala dando um beijo nele.

-Ebaaaaa-comemorou

Eu observava tudo com um sorriso bobo no rosto .

-D.Amélia , vou colocá-lo no espaço infantil e já volto para trabalhar -aviso-a ainda com um sorriso vendo Noah olhar os doces da prateleira.

-Claro querida-responde simpática .

Ela é como se fosse minha avó , sempre me dando conselhos , me ajudando em tudo , tenho muito amor e gratidão por ela , me deu uma oportunidade de trabalho , quando todos me viraram as costas por eu ser muito nova e não ter experiência .

As horas na lanchonete passam rápido , cheio de clientes , como de costume , e logo estou voltando para casa com meu irmão .

Ao abrir a porta de casa me deparo com minha mãe e meu padrasto sentados no sofá bebendo cerveja , e vendo alguma coisa na televisão . Ela nota a minha presença e se vira na minha direção.

-Oi filhota - ela fala com um sorriso sarcástico no rosto.

Na minha frente , temos ,Mariane , minha mãe , ou melhor dizendo , o motivo da minha vida ser um desastre .

-Oi-falo seca e receosa , esses dois dias sem ela estavam até que bons , e ela voltando fazia com que todo o sofrimento voltasse também .

-Fala direito com sua mãe , pirralha - dessa vez foi meu padrasto que falou , do sofá.

-Queriam o quê , que os recebebesse com fogos de artifício ? - me exaltei um pouco e me arrependi logo em seguida.

Minha mãe no mesmo instante dá um tapa na minha cara . Não falo nada , nem mesmo choro, já estou acostumada .

-Fale direito comigo - eu já tinha me esquecido que meu irmão estava ao meu lado , só me apercebi quando minha mãe se dirigiu a ele -Oi filhinho - ela diz no mesmo tom sarcástico de sempre , e Noah sai correndo para seu quarto com os olhos cheios de lágrimas-Ele está se tornando como você , está sendo um mau exemplo para ele - eu só queria gritar que o mau exemplo era ela, mas eu não conseguia , então ,permaneci calada - Não vai falar nada?-continuei em silêncio-Então falo eu ... Você tem até amanhã para me dar 300 reais , eu preciso -ela diz como se não fosse nada .

-O QUÊ?-grito-eu não tenho esse dinheiro , ainda não recebi , e quando isso acontecer tenho que pagar o aluguel dessa casa -falo desesperadamente .

- O problema é seu , dê seu jeito , se não já sabe - ela fala e eu saio correndo para o meu quarto.

É sempre assim desde que meu irmão nasceu . Minha mãe é uma viciada em drogas e em jogos , sempre que ela chega alterada em casa , ela me bate , sem motivo nenhum ,ela simplesmente me bate ao ponto de me deixar cheio de hematomas no corpo .

Antes de meu irmão nascer ela só me batia , mas quando ele nasceu , eu comecei a trabalhar para dar a ele coisas que o mesmo precisava e pagar as despesas dessa casa , e quando ela descobriu que eu trabalhava , começou a me pedir dinheiro , e eu tinha que dar , não tinha escolha , ou era isso , ou assistia meu padrasto batento no meu irmão .

Desde a primeira vez que meu padrasto bateu nele , ele tinha apenas dois anos , e a partir daquele dia , eu nunca mais me recusei a dar o dinheiro .

Cheguei no meu quarto chorando , fui dentro do meu armário peguei uma caixa que eu tinha bem escondida ali . Lá dentro tem um dinheiro que eu venho juntando a dois anos.

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SAMANTHA |✔|Onde histórias criam vida. Descubra agora