IV - Um apelo e um mistério

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Clara segredou para o Doutor:

- Estavam à tua espera?

O Doutor encolheu os ombros e voltou a guardar o cartão psíquico no casaco. Seguiram o segurança que os levava para dentro da área restrita. Antes, comunicou qualquer coisa por breves palavras através do walkie-talkie que tinha preso junto ao ombro esquerdo. Fez-lhes um sinal com os dedos para que fossem com ele.

- O que é que tu sabes e que não me contaste?

- Não sei o que está a acontecer, Clara.

- Não é isso, Doutor. Estou a perguntar sobre a parte que sabes. Afinal... tu conheces os Linkin Park e estavas a fazer um enorme teatro sobre serem uns miúdos revoltados.

- Poderia conhecê-los, assim como conheço os Beatles. O John Lennon é um rapaz excelente... Ainda me está a dever duas libras de uma aposta que fiz com ele, em Hamburgo, quando tocavam na Reeperbahn. No entanto, minha querida Clara, não conheço estes teus miúdos revoltados.

- Eles não são meus...

- Não faço a mínima ideia de quem possam ser. Conheces os nomes deles?

- Eles são seis. Os mais conhecidos são o Mike e o Chester.

- Ah, bom! Muito interessante...

- O que é que é interessante?

- O teu conhecimento sobre os miúdos revoltados não é muito profundo.

- Conheço o que é preciso conhecer – rebateu ela, ofendida. – Conheço algumas canções bastante famosas. E sei os nomes deles todos!

- Vais cantar as canções durante o espetáculo?

- Espero cantá-las durante o espetáculo, sim. Por que motivo estavam à tua espera, Doutor? Se eles não te conhecem.

- É nesse ponto que somos idênticos, Clara.

- Idênticos? Eu e tu?

- Sim, dois idênticos e perfeitos ignorantes.

- Ah!

O segurança tinha-os encaminhado para um local amplo, como um átrio, coberto por uma lona esticada e apoiada por vários mastros, numa espécie de tenda gigante. Aí viram uma mulher que carregava uma prancheta e usava um cartão identificador plastificado pendurado ao pescoço, preso numa fita vermelha. Ela falava com um homem alto e encorpado que a escutava apreensivo, de braços cruzados.

- Não sei o que aconteceu – dizia. – Até há uma hora eles estavam muito bem-dispostos e entusiasmados por irem tocar aqui, em Milton Keynes. Eles sabem que este concerto vai ser filmado e vai ser gravado, que será utilizado para fazermos a promoção do Projekt Revolution, não estavam nervosos ou reticentes. Estavam entusiasmados, como disse. Essa é a definição correta. Entusiasmados. Mas depois entraram dentro do camarim maior, aquele mais reservado, e trancaram-se lá dentro. Dizem que é um problema particular e não deixam ninguém entrar.

- Será que o Chester partiu outra vez um dos vasos orientais do Mike? – perguntou o homem.

- Se fosse isso, eu teria sabido. O Mike grita como uma menina quando perde um dos seus vasos. A sua voz muda completamente. Ele conseguiria estilhaçar vidro com esses gritos!

- Cammy, foco!

- Sim, estou focada – retorquiu a mulher, zangada.

- Daqui a minutos vamos precisar deles para começarmos o espetáculo. Os Linkin Park nunca se atrasam. Se não estiverem a horas em cima daquele palco, as pessoas vão começar a desconfiar de que aconteceu alguma coisa.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora