Bateram na porta do camarim. Dois toques impacientes.
- Rapazes?
Reconheceram a voz da Cammy. Mike olhou-os a todos, um por um. Era notório que queriam que ele avançasse como o seu porta-voz, que os voltasse a liderar naquela questão, como o tinha feito desde o início, quando resolvera chamar por um médico para ajudar o amigo que apresentava uma doença estranha.
- Dois minutos e vamos sair – anunciou.
- Está tudo bem? Já está tudo bem?
- Sim, querida. Dois minutos. Avisa toda a gente.
- Pareces mais calmo.
- Estamos prontos, Cammy.
- Dois minutos. Estou a contá-los, Mike Shinoda!
A mulher afastou-se da porta. Eles tinham regressado ao camarim depois dos seus outros "eu" o terem abandonado pela porta traseira. Naquele momento estariam a entrar na carrinha para saírem do perímetro do anfiteatro em direção a uma segunda TARDIS, em direção à maior aventura das suas vidas que terminava no mesmo camarim.
Brevemente iriam entrar em palco e houve uma injeção de adrenalina. Sem que fosse totalmente combinado, os seis entreolharam-se, aproximaram-se, abraçaram-se num círculo compacto, braços nas costas e nos ombros do companheiro do lado, cabeças unidas.
Mike voltou a tomar a liderança:
- Rapazes! Vamos lá a dar um show inesquecível.
Dave concordou:
- Preciso mesmo de ir tocar. Tenho demasiadas energias negativas acumuladas no meu organismo.
- De certeza que não é o fungo do Joe e do Rob? – perguntou Brad, divertido.
- O fungo não era meu, nem do Joe. Era daqueles saleiros gigantes metálicos – esclareceu Rob.
- Que saleiros gigantes metálicos? Ninguém me falou em saleiros gigantes metálicos – indignou-se Joe.
- Quero ir cantar e pular! – exclamou Chester.
- Um show inesquecível – insistiu Mike.
- A gravar para a posteridade – anuiu Brad.
- Desta vez, terei comigo a minha máquina fotográfica – afirmou Joe.
- E eu vou incendiar a plateia. Estou pronto para isso! – avisou Chester.
- Vamos fechar este dia da melhor maneira. Com música épica – disse Rob.
- Sem fungos, sem inimigos, sem medos e sem dúvidas – concluiu Dave.
Gritaram um "yeah!" a uma só voz, esticaram os braços, uniram as mãos num único punho. Desfizeram o círculo e repararam que não estavam sozinhos. Claro que sabiam que o Doutor e a Clara ainda continuavam ali, mas quando se juntavam naquele círculo motivacional antes de qualquer espetáculo, o mundo resumia-se a eles os seis, a mais ninguém. Tudo o resto se diluía. Perdia importância, consistência e até existência.
Mike pigarreou.
- Devemos ter qualquer coisa como um minuto. A Cammy está a cronometrar o tempo e não vai permitir atrasos.
- Sim. Estou pronto! – disse Chester.
- Estão todos prontos? – perguntou Dave.
Brad, Rob e Joe assentiram.
- Faltam as despedidas – lembrou-se Mike.
Olhou para o Doutor e para a Clara e tentou sorrir. Uma espécie de caroço alojou-se na sua garganta. Ele engoliu e doeu-lhe, sentiu uma dor no peito e compreendeu que dizer adeus era mais difícil do que parecera à partida. Tinha partilhado com aquele estranho alienígena e a sua companheira, que viajavam numa inusitada cabina telefónica azul, momentos irrepetíveis que, em jeito de conclusão, tinham sido fantásticos. Jamais os esqueceria.
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O Mágico e Os Ladrões de Som
FanfictionO Doutor e a Clara esperam passar uma tarde de verão divertida num festival de música, mas deparam-se com uma ameaça alienígena inesperada que pretende invadir a Terra e transformar todos os seus habitantes em mortos-vivos. Uma aventura diferente on...