XVI - Um confronto inesperado

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Dave tentou novamente assumir o seu papel de líder daquela equipa. A princípio revelou-se tarefa ingrata quando Brad e Rob gesticulavam um para o outro, frenéticos, descontrolados e em aflição, atropelando palavras numa algazarra ininteligível. O baixista colocou-se entre os dois, abriu os braços, agitou-os e berrou que se calassem. Mesmo que os outros se tivessem posto estáticos, surpreendidos com aquela mostra de autoridade, Dave continuou a berrar:

- Calem-se! Calem-se! Calem-se!

- Ei, meu... o Joe desapareceu – disse Rob.

Dave voltou a perder a paciência.

- Calem-se! – insistiu. – Essa discussão não leva a lado nenhum. Tudo caladinho e vamos lá pensar. Precisamos de pensar, não de discutir. Está bem? Está bem?!

- Ninguém está a discutir – argumentou Brad, de olhos esbugalhados. – O que foi que te deu, Phoenix?

- Calem-se!

- Porra, para com isso! Estamos calados! O que queres?

- O Joe desapareceu – repetiu Rob.

- Nós sabemos que ele desapareceu. Isso é a única coisa que nós sabemos – disse Dave.

- E depois de sabermos isso? – provocou Brad.

- O Joe não estava em coma?

O baixista e o guitarrista olharam ao mesmo tempo para o baterista.

- Estava, mas sempre se conseguiu deslocar e ficar de pé sem ajuda – respondeu Brad, mais calmo. – Ele foi ter com o Mike ao nosso camarim e lá ficou em cima daquele tapete e depois aconteceu qualquer coisa que assustou de tal maneira o Mike...

- Foi quando o Mike gritou como uma menina – acrescentou Rob.

- Sim, isso... o Mike gritou que nem uma menina, como quando alguém lhe mexe nos vasos orientais. Nós fomos ver o que se estava a passar e o Mike trancou-nos no camarim, em pânico. Cheirava a queimado, o tapete tinha ardido, chamou-se por um médico e acabámos numa nave espacial. O Joe pode deslocar-se.

- E nós esquecemo-nos desse facto. Deixámos o Joe sozinho e ele não podia ficar sozinho – completou Dave, acariciando nervosamente a sua barba ruiva.

- O que querias fazer? Amarrá-lo à cama? – espantou-se Brad. – Ele está doente, Phoenix. Temos de o ajudar, não o podemos magoar ainda mais. – Gemeu, inquieto: – Pobre Joe...

Rob apontou para a porta da nave.

- E onde terá ele ido? Não me parece que tenha alguma coisa muito importante e inadiável a fazer numa nave estacionada no meio do espaço, num dos extremos da Via Láctea. Quando estava connosco nos bastidores do espetáculo, é compreensível ter ido à nossa procura. Foi para nos infetar e espalhar a doença. E aqui?

- Ele está a ser comandado pelo fungo e, segundo o Doutor, o fungo precisa dele para se desenvolver e eclodir. Nessa fase de eclosão, o parasita mata o seu hospedeiro. Como aquelas formigas, na Terra... O Joe está em perigo mortal! – concluiu Brad e agarrou a cabeça com as mãos. Os seus olhos lacrimejaram e quedou-se boquiaberto, com um grito entalado na glote.

Dave saltitou até à consola da TARDIS.

- O que é que estás a fazer, Phoenix? – perguntou Rob, girando o dedo da porta para a coluna ciciante que ornamentava a parte central da nave.

- Com tanto monitor e tanto botão deve haver uma maneira de descobrir onde está o Joe. Basta apontar um sensor, fazer uma varredura à estrutura da nave, solicitar uma leitura, qualquer treta dessas de filme.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora