Assim que os batentes da porta deslizaram horizontalmente mostraram, no enquadramento da moldura, o Doutor e Mike Shinoda. Os daleks que ocupavam a ponte de comando detiveram-se por um curto instante, para logo de seguida retomar a sua marcha peculiar, rodeando os dois reféns que se mantinham imóveis, numa expetativa aterrorizada.
O comandante dalek, que usava uma armadura preta, aproximou-se.
- Caíste na nossa armadilha, Doutor!
- Não cantes vitória. Vim aqui recuperar o que me pertence. Não negoceio sob ameaça. Deixa a Clara e o rapazinho irem embora.
- Não há nada para negociar, Doutor! Estás rodeado! E estás numa nave buondabuonda. É muito complicado manobrar uma nave buondabuonda e descobrir o caminho certo da saída.
- Acabei de o fazer e encontrei a ponte, dalek. – O Doutor apontou um dedo. – Deixa os meus amigos irem embora! Não o volto a pedir.
- Exterminar!
Um disparo luminoso saiu da arma acoplada ao apêndice metálico de um dos daleks que estava perto dos reféns. Aconteceu uma explosão ofuscante, chispas quentes choveram, o ar a crepitar com o aumento brutal de temperatura. Tudo sem gritos, pois o ataque foi de repente.
Mike sentiu uma dor no coração ao ver que o alvo tinha sido o Chester. Uma coluna de fumo cinzento enrolava-se ao lado da Clara que se encolhia de horror. Reconhecendo que algo de terrível tinha ocorrido com o amigo, Mike continuava mudo e petrificado, preso naquele meio segundo de comoção incrédula.
A nuvem esguia dissipou-se e apareceu a figura embasbacada de Chester com a mão direita erguida e vazia.
- A guitarra! Ele pulverizou... a minha guitarra! Podia ter sido... eu.
Então, o mundo voltou a girar e Mike gritou:
- Chester!!
- Mike!!
Clara agarrou-se à cintura de Chester para impedi-lo de correr na direção do Mike e o braço do Doutor estendido na frente do japonês teve o mesmo propósito. Não podiam ceder ao pânico, senão não sairiam vivos daquela sala.
O comandante dos daleks rodopiou e repetiu a ordem, numa irritação crescente:
- Exterminar! Exterminar!
O Doutor puxou Mike para o lado e a Clara fez o mesmo ao Chester. Aconteceu um fogo cruzado de raios, pequenas explosões, novelos de fumo, as vozes metálicas dos daleks a exigir o abate dos invasores. As paredes forradas de painéis com as luzes intermitentes acabavam esburacadas e ajudavam ao ambiente caótico que confundia a mira das armas. Havia um barulho medonho, entre berros e deflagrações.
Clara ordenou a Chester que corresse. Ele agarrou-a pela mão. O Mike apareceu junto a eles e, por sua vez, agarrou na mão do Chester. Os três fugiram pela sala, desviando-se dos raios mortíferos, escapando-se à destruição por milímetros, por sorte, por instinto, por perícia.
O Doutor encavalitou-se na armadura de um dalek e dirigiu a arma do inimigo aos agressores, rebentando com outros daleks, criando um corredor que levava diretamente à porta aberta. Assim que notou que a Clara e os dois músicos estavam a correr para a salvação, empurrou o dalek e também ele correu. Assim que franqueou a porta, carregou no botão cinzento e os batentes fecharam-se com um silvo.
Estavam salvos.
Os quatro correram mais um pouco e afastaram-se da porta que parecia ter-se trancado automaticamente. Do outro lado, os daleks continuavam a vociferar, possessos, contra eles, desejando o seu extermínio. Ao alcançarem um átrio e por perceberem, através do silêncio, que estavam definitivamente salvos, pararam ofegantes e cansados. Chester encostou-se à parede, uma mão sobre o peito, mais assustado que exausto. Mike parecia que iria desmanchar-se a qualquer momento.
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O Mágico e Os Ladrões de Som
FanfictionO Doutor e a Clara esperam passar uma tarde de verão divertida num festival de música, mas deparam-se com uma ameaça alienígena inesperada que pretende invadir a Terra e transformar todos os seus habitantes em mortos-vivos. Uma aventura diferente on...