XII - Através das estrelas, para longe

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A TARDIS estremeceu com um enorme abanão que os atirou a todos para o chão. Menos o Doutor que já estava habituado aos arranques brutos da nave quando esta descolava e se segurou à consola. Menos a Clara que também estava mais do que acostumada aos inícios espalhafatosos das viagens naquele veículo extraordinário que, por fora, era uma vulgar e anónima cabina telefónica azul, e se agarrou ao tubo metálico das guardas que delimitavam o centro do compartimento.

- Porra! – protestou Chester. – Bati com o cu no chão!

- Para onde estamos a ir? – perguntou Rob.

- Acho que mordi a língua... – murmurou Dave.

- Estão todos bem? – indagou Mike.

- Eu estou! – respondeu Brad. – E o Joe?

- O Joe está melhor do que nós. Tem uma cama – disse Dave.

- Ele está infetado com um fungo, Phoenix – irritou-se Chester. – Um fungo parasita do espaço que o está a devorar e que nos vai devorar a seguir, que vai invadir a Terra e trazer a merda do apocalipse. Como é que pode estar melhor do que nós?!

- Esta situação está a deixar-te demasiado irritado. Tens de beber um chazinho, meu. Vê lá se te acalmas. O nosso inimigo é o fungo, não é o Doutor, nem seremos nós.

- Vai-te catar, Phoenix!

- Chaz! Termina essa fase da raiva – pediu Mike agarrando-lhe o braço. – Combinado, companheiro? Vamo-nos concentrar no que importa. – De seguida sentou-se e perguntou: – Doutor, o que está a acontecer?

O Doutor dividia o olhar atento pelos monitores e pelos comandos que acionava num frenesi imparável. O compartimento sacudia-se, zumbia, crepitava e roncava, como se estivesse a ser açoitado, no exterior, por um terrível vendaval.

- Onde estamos a ir? – insistiu.

Com um último estremecimento, que fez um ruído insuportável de aço a contorcer-se, a comoção acalmou-se e cessou por completo. O chão inclinou-se um pouco e os cinco rapazes deslizaram até serem barrados por uma antepara que protegia os degraus que, naquela zona, davam acesso à plataforma onde a consola assentava. Dave ficou por cima de Rob, Brad bateu com as costas em Dave, Mike bateu nesses três e Chester acabou enrolado no Mike. Grunhiram de dor.

- Está toda a gente bem?! – perguntou Mike alto.

- Não parti nenhuma costela, por isso acho que estou bem – observou Chester.

Brad, Dave e Rob disseram que também estavam inteiros e começaram a desengancharem-se uns dos outros e a colocarem-se de pé.

Clara volveu os seus enormes olhos castanhos para o senhor do tempo.

- Onde nos levou a TARDIS, Doutor? – perguntou, ansiosa.

- Para o local de origem do fungo.

- Um planeta?

O Doutor franziu as sobrancelhas grisalhas.

- De acordo com a leitura obtida... uma nave espacial no quadrante leste da Via Láctea. Perto do sistema de Zorban. Houve uma guerra bastante intensa aqui, que me lembre. Os guerreiros amarelos venceram, mas a paz nunca foi consensual e subsiste uma guerrilha entre esses guerreiros e as diversas fações do reino. Os assuntos deles são internos. Os zorbanianos não são uma espécie que pretende a conquista de novos territórios. Não faz sentido que estejam interessados na Terra – declarou, intrigado.

- Estamos no espaço? – arquejou Brad, entre o assustado e o maravilhado.

- Ao que parece – disse Dave.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora