O trajeto até ao camarim era curto, mas Clara aproveitou-o para fazer um breve resumo da situação, com os dados que possuíam até àquele momento, no bom estilo de uma professora no início da aula – um sumário da matéria dada na última lição, um sumário do que iria ser dado na presente lição.
Joe Hahn dos Linkin Park tinha sido atacado por uma criatura, em princípio, um parasita alienígena que gostava de som, pois reagira positivamente às vibrações da chave de fendas sónica. A análise tinha sido interrompida, pois a leitura devolvida era de que o parasita aumentaria de perigosidade se a chave de fendas sónica permanecesse ligada.
A Clara e o Doutor pararam novamente junto à porta do camarim.
- Se não conseguiste completar a verificação da criatura que está a alimentar-se do Joe Hahn, como sabes que é uma ameaça assim tão grande ao mundo? Que nos vai infetar a todos irremediavelmente? – perguntou ela, curiosa, depois de ter terminado de resumir o que estava a acontecer.
Ele respondeu:
- Consegui ver que se trata de um organismo que não é da Terra e durante as primeiras vibrações da minha chave de fendas sónica percebi a sua gula. Por isso desliguei-a logo, mas antes de a ter desligado obtive alguns dados. Escassos e bastante importantes, são os únicos que possuímos. O som é o elemento primordial, neste caso. E não são os Linkin Park músicos? Não fazem um barulho enorme quando tocam nos seus espetáculos? A criatura chegou a este planeta e deve ter conseguido traçar uma rota que a conduziu ao local na Terra onde iria ser concentrado o maior volume de ruído. A música da banda e a multidão barulhenta que vai assistir. Um banquete, para se desenvolver mais depressa e prosseguir com a sua conquista. Foi a dissertação que desenvolvi com a pouca informação que recolhi.
- Então, estamos perante... um ladrão de som?
- Exatamente, Clara! Exatamente! – aquiesceu o Doutor entusiasmado. – Estamos perante um ladrão de som. Nunca encontrei semelhante criatura nas minhas viagens pelo universo. É uma novidade também para mim. Não faço a mínima ideia do que fazer a seguir.
- Bem, parece-me que estás a ficar mais empenhado em descobrir.
Clara alçou o braço para bater na porta.
- Porque dizes isso? – estranhou o Doutor.
- Olha só para ti. Toda essa felicidade e excitação. Isso é um senhor do tempo empenhado.
- Clara...
- Doutor, vamos seguir o meu instinto neste assunto. Pode ser? Se se tornar demasiado perigoso, pensamos noutra solução. Por favor. Fá-lo por mim.
- Não me deixas outra escolha, infelizmente.
Clara bateu na porta. Disse que tinham voltado, o Doutor queria ver outra vez o paciente. Passados alguns segundos de tensão, a porta entreabriu-se e ela e o Doutor reentraram no camarim.
O cenário permanecia igual. Joe com a gosma verde na cabeça estacionado no tapete encarquilhado sem qualquer reação, Chester num canto a roer as unhas, Dave ao lado dele, Brad de braços cruzados, Rob de mãos nos bolsos e Mike mortificado. Foi ele que disse:
- Acabaste de dizer que não havia nada a fazer aqui... o que foi que mudou, entretanto?
- Estivemos a conferenciar, os dois – esclareceu Clara, deitando um rápido olhar ao Doutor. – A trocar pontos de vista, a verificar... uh, a recordar casos semelhantes, que possam ser usados como procedimento inicial para descobrirmos... eh, o que se está a passar. É isso. Fizemos a analogia com outros casos e conseguimos definir uma linha de atuação que fará da intervenção um sucesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mágico e Os Ladrões de Som
FanfictionO Doutor e a Clara esperam passar uma tarde de verão divertida num festival de música, mas deparam-se com uma ameaça alienígena inesperada que pretende invadir a Terra e transformar todos os seus habitantes em mortos-vivos. Uma aventura diferente on...