VIII - O perigo continua

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- Não toquem nisso! – gritou o Doutor esticando um braço.

A respiração de Chester era irregular e ele cerrava os dentes, irritado por terem-no obrigado a gritar. Estava também suado e com o rosto vermelho. Dave passou-lhe um braço pelos ombros. Desta vez o vocalista não fugiu dele e aceitou o amparo.

- Isso quer dizer que o Joe está curado? – perguntou Rob, cauteloso.

- Quem é o Joe?

- É o... é o paciente, Doutor! – explicou Clara, fazendo um sorriso amarelo.

- Ah, o Joe! – Era como se o Doutor tivesse escutado o nome do DJ pela primeira vez. Uniu as fartas sobrancelhas grisalhas e declarou, muito sério: – Não, o Joe não está curado. A contaminação apenas foi interrompida e atrasada. Se a secreção do parasita se estendesse mais, já não seria capaz de reverter o processo. Ele continua com o agente dentro dele. Pelo pouco que consegui verificar, não foi atacado pela cabeça. A cabeça é apenas um centro crucial para dominar o hospedeiro, o local do corpo humano onde se situa o órgão mais importante do sistema, o cérebro. O parasita entrou no corpo do vosso amigo por outro ponto, menos evidente.

- Essa coisa verde... é a secreção do parasita? – perguntou Mike.

Brad fez uma careta de nojo e deu um subtil passo atrás. Rob censurou-o com o olhar.

- Sim. O parasita entrou na corrente sanguínea do vosso amigo...

- Do Joe – corrigiu Dave.

- Sim, do Joe – aceitou o Doutor agastado. – Encontrou o caminho para o cérebro e começou a desenvolver-se nessa matéria verde que estava a dominá-lo até à completa obliteração. Por sorte, consegui descobrir a tempo uma maneira de interromper esse desenvolvimento mortal. E graças ao descontrolo do vosso amigo nervoso.

- Ei! – protestou Chester.

- E quanto ao Joe? – insistiu Rob. – Se não está curado...

- Ainda tem o parasita dentro dele, por aquilo que disse o médico – explicou Brad, incerto do que estava a dizer, a passar os olhos por todos.

- Não sou nenhum médico, sou o Doutor!

- Ok, certo, certo. Temos o espetáculo para fazer... Doutor – disse Brad. – Se o Joe não ficou curado, não podemos ir para o palco.

- Não, não podem. O parasita ainda está dentro dele. Agora interrompemos a contaminação, o parasita vai perceber que estamos a combatê-lo e vai criar nova secreção.

- Esta crise vai repetir-se? – perguntou Mike preocupado.

- Até que consiga obter novos hospedeiros. Como vos disse, o parasita continua dentro dele. O vosso amigo Joe foi o primeiro, vocês serão os seguintes. Era o que a massa verde estava a fazer. Entrou no vosso amigo Joe, desenvolvia-se, entrava para dentro de vocês a seguir e prosseguia o seu caminho alegremente até entrar em todos os humanos deste planeta e consumi-los.

- O que sugeres que façamos a seguir, Doutor? – indagou Clara. – Isto não está terminado... e ainda não temos a explicação do que será este... parasita. Já sabemos como atua, sabemos também que se relaciona com o som. O som tanto o alimenta, como o sufoca. Mas falta descobrir mais para o combatermos, para o eliminarmos e impedirmos que a doença se espalhe pela Terra.

- Temos de ir para a TARDIS. E levar essa coisa connosco.

- Que coisa? – tornou Mike a perguntar, desconfiado.

- O Joe e a massa verde desativada.

- Ei! O Joe não é uma coisa! – indignou-se Chester dando um arranque, mas Dave puxou-o e conseguiu mantê-lo preso a si.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora