- Ele está pior.
Dave espreitou Brad. O guitarrista tinha o rosto perlado de suor, estava corado, a boca gretada estremecia em murmúrios e todo ele se agitava num sono inquieto. Sim, parecia que a febre tinha claramente aumentado. Dave sentiu-o a escaldar quando lhe tocou nas têmporas com as costas da mão.
- Merda...
A sua principal preocupação era não terem nada com que pudessem aliviar-lhe a temperatura anormal do corpo. Um simples paracetamol, uma toalha molhada e fresca. Era frustrante e irritante, tudo ao mesmo tempo, numa amálgama de sentimentos ruins que o deixavam irritadiço, na raia da violência. Era só ter o gatilho certo e desatava ao murro e ao pontapé com a primeira coisa que lhe metessem à frente!
Rob sentou-se ao lado dele, depois de ter percorrido pela décima vez aquela caixa hermética onde estavam encerrados e que, de alguma maneira engenhosa e desconhecida, deixava passar o ar, senão há muito que já teriam sufocado. Dave estimava que tinham passado pelo menos entre trinta a quarenta minutos. O baterista puxou os joelhos para o peito, abraçado às suas próprias pernas.
- E agora, o que fazemos? – perguntou.
- Não faço a mínima ideia, Rob – rosnou, tentando não apontar a sua raiva latente ao companheiro, pois que não tinha, como ele, o enfermo Brad ou o contaminado Joe, culpa nenhuma daquilo.
- O Brad precisa de ser medicado. Ainda coze o cérebro com essa febre e deixamos de ter guitarrista.
- Eu sei, Rob. Eu sei.
- O que achas que aconteceu?
- Não faço a mínima ideia. A minha melhor hipótese é que fomos feitos prisioneiros por alguém que também está nesta nave. Ouvimos aquela voz vinda nem sei bem de onde a dizer que fomos capturados e surgiu esta cela onde nos enfiaram, ao estilo de uma prisão instantânea. Sem janelas, sem portas, sem grades, sem vidros ou espelhos, nada.
- Alguma abertura deve ter, continuamos a respirar normalmente e o ar não ficou viciado.
Dave suspirou. Passou uma mão pela cara, repuxou a barba ruiva.
- Rob... meu amigo Rob. Já fizemos essa inspeção um cento de vezes. Será alguma tecnologia alienígena. Nós, pobres humanos, não fomos feitos para quebrar este código e resolver a equação que nos deixe escapar por esse sistema de exaustão que permite a renovação do ar respirável aqui dentro. Somos prisioneiros – frisou.
- Prisioneiros de quem?
Rob olhou em volta. A luz era fraca, num tom azulado, conseguiam ver vultos e contornos, só de perto era possível reconhecer feições. De resto, a caixa não era muito grande, mas dava para eles os quatro à vontade, sendo que dois estavam deitados no chão.
- O Doutor tinha dito que não havia formas de vida na nave que estaria abandonada. Que grande treta! – zingrou Rob, aborrecido.
- O Doutor pode não saber tudo, ele vai descobrindo graças àquela chave de fendas sónica e à cabina telefónica. Apalpa o terreno, como qualquer um de nós, perante uma situação diferente e nunca vista. Ah! Nem sei por que motivo estou a defender o homem, já que acabámos de o conhecer!
- Só ele nos poderá salvar daqui, Dave...
- E como o iremos avisar?
- E se experimentarmos gritar e bater nas paredes?
- Já viste bem estas paredes, meu? Parecem feitas de aço sólido. Não acredito que deixem passar qualquer som.
- Ou talvez isso aconteça. Os fungos são ladrões de som e esta nave poderá estar desenhada para conseguir captar, absorver e devorar tudo o que seja onda sonora. Talvez seja isso que queiram que façamos... um barulho ensurdecedor para engordar os fungos.
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O Mágico e Os Ladrões de Som
FanficO Doutor e a Clara esperam passar uma tarde de verão divertida num festival de música, mas deparam-se com uma ameaça alienígena inesperada que pretende invadir a Terra e transformar todos os seus habitantes em mortos-vivos. Uma aventura diferente on...