XXXV - O verão continua igual

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Acumularam-se assustados junto à porta da TARDIS. Uma voz feminina e calma, idêntica a muitos processadores de voz de computadores centrais que se conheciam de filmes e histórias de ficção científica, deixava o aviso de vinte em vinte segundos de que eles deveriam encontrar uma cápsula de fuga para escaparem à iminente destruição da nave condenada. Tinham menos de cinco minutos para abandonarem o local.

Dave e Brad suavam copiosamente e os seus braços tremiam devido ao esforço de carregarem com a caixa do fungo. Chester saltitava no mesmo lugar e espreitava o fundo do corredor, contando cada passo que o Mike dava e que o aproximava deles e que pareciam demasiado lentos para a urgência da situação. Rob mordia os lábios apreensivo e ansioso, o que não era nada normal. Clara balançava sobre os seus próprios calcanhares, a marcar os passos, mas do seu Doutor que se acercava de forma indolente e até satisfeita, a carregar a guitarra e o amplificador, ignorando como estavam prestes a serem todos obliterados por uma detonação gigantesca. Joe resmungava insistentemente sobre a falta da sua máquina fotográfica, agitava um punho e observava o cenário entre o espanto e a pena.

O Doutor abriu a porta da TARDIS com um gesto teatral, rodando a chave.

Os primeiros a entrar, tropeçando na entrada, foram Dave e Brad que se atiraram para o chão da cabina telefónica, onde pousaram a caixa com um baque brusco.

- Não partiram isso? – perguntou Rob que entrou a seguir.

- Espero bem que não! Não estive a ter esta trabalheira toda para, no fim, não ter servido para nada – ofegou Brad. – Phoenix? Está tudo bem com o fungo?

- Sim... acho que sim – resfolegou Dave. Tossiu e respirou fundo para oxigenar os pulmões. – Que caixa pesada! Mas porque era tão pesada? Não faz sentido!

- Para que vocês desistissem de a trazer convosco. Outro meio de proteção do fungo – explicou o Doutor que entrava e se encaminhava diretamente para a consola, passando por cima deles. – Querem, por favor, levar a caixa para o deque inferior? Não a deixem a atrapalhar a entrada da nave, interfere com os procedimentos de segurança.

- Joe... Rob... estão dentro da TARDIS e estarão mais seguros. Estiveram doentes e já não irão ficar, neste estágio final. Carreguem agora a caixa, por favor – implorou Brad, esfregando o esterno.

- Sim, façam lá essa boa ação – choramingou Dave.

O disc jockey entrou na nave e ia para fazer o que lhe estava a ser pedido, pois o trajeto era muito mais curto do que aquele que lhe fora exigido do viveiro até ali, não se importaria de suportar o peso da caixa do fungo, mas paralisou ao verificar que o interior era maior do que o exterior absurdo que se assemelhava a uma caixa de madeira azul.

- A nave... a nave...

- Sim, é maior por dentro – desvalorizou Rob, impaciente. – Anda cá ajudar-me e já te contamos tudo durante a viagem.

Foi a vez de a Clara entrar e chamou:

- Chester! Mike! Depressa! Faltam menos de trinta segundos!

- Mike!! Corre, meu!

Os dois entraram na TARDIS abraçados pelos ombros, quando a voz feminina anunciava que faltavam dez segundos e começava a contagem regressiva imparável e inevitável, do nove até ao zero, até à explosão, até ao fim. Clara fechou a porta. O Doutor baixou a alavanca. A geringonça vibrou e estavam em viagem.

Chester atirou-se para os braços de Mike e apertou-o contra si.

- Chazy, está tudo bem. Estamos salvos. Estamos todos salvos.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora