IX - Surpresas e mais surpresas

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A Cammy estava furiosa, porque o doutor que eles tinham chamado nunca mais resolvia o que quer que estivesse para ser resolvido. Mike teve, primeiro, que acalmá-la e explicar-lhe que o médico... que o Doutor, emendou ao captar o olhar de censura afiada que o homem lhe mostrou, que o Doutor estava a tratar do assunto e que eles iriam tocar naquele fim de tarde em Milton Keynes, que seria um espetáculo épico e que seria o melhor de todos os concertos inseridos no Projekt Revolution.

Depois de fazer todas as promessas e mais algumas, de assegurar que estava tudo muito bem encaminhado e de esclarecer que o Doutor era competente, pediu a carrinha da banda, sem motorista. Aguentou outros tantos gritos da Cammy, reforçou os votos de confiança naquela empreitada, continuou a guardar segredo e passados dez minutos ouviram bater à porta. Era a Cammy que vinha entregar-lhes as chaves da carrinha, que estava estacionada do lado de fora dos bastidores, nas traseiras do contentor que lhes servia de camarim. Brad abriu uma nesga da porta, recebeu as chaves, agradeceu e tornaram a trancar-se ali dentro. Dave destapou um reposteiro, que escondia a parede oposta e havia ali uma segunda porta mais estreita que, assim que foi aberta, revelou o veículo solicitado.

O Doutor fez a sugestão de transportarem o Joe no tapete, acrescentando que o facto de se mostrar chamuscado seria mais uma evidência que os ajudaria a combater o parasita, pois desconfiava que essa alteração no tecido se devia à contaminação. Foram Dave e Rob que fizeram do tapete uma espécie de cama suspensa, com o DJ lá estendido e levaram-no para o banco de trás da carrinha, onde o deitaram.

Mike ocupou o lugar ao volante, seria ele a conduzir. A Clara sentou-se ao seu lado e o Doutor juntou-se-lhes no banco da frente. No banco do meio, entalados uns nos outros, acomodaram-se Chester, Dave, Rob e Brad, que trazia a trouxa com a tigela onde tinham recolhido a massa verde dormente.

O motor ligou-se, a carrinha balançou pronunciadamente.

- Vais ter de me dizer onde está essa TARDIS, Doutor – pediu Mike, arrancando devagar, contornando as divisórias que estabeleciam os bastidores do anfiteatro.

- Darei as direções, Mike. Segue para a estrada principal – indicou Clara. – Depois, é fácil.

- Muito bem.

O Doutor estava pensativo. Apoiava o queixo no braço, cotovelo na porta do pendura. Os outros quatro iam também calados. Brad tinha os pés em cima do banco, joelhos fletidos, parecido a um gafanhoto. Evitava a proximidade à trouxa, que se pousava no chão da carrinha.

Os seguranças estavam avisados de que a carrinha iria passar, indicações da Cammy e abriram a cancela que dava acesso à estrada sem fazerem perguntas, ou verificarem o seu interior. Nem Mike fez um aceno ou entabulou conversa. Tinha enfiado um boné na cabeça e até puxara a pala sobre os olhos para não ser reconhecido.

- Doutor? – chamou a Clara.

- Estou a tentar lembrar-me de algum detalhe que me faça reconhecer este invasor. Mas até agora, continua a ser uma novidade para mim – admitiu ele, olhando-a.

- E a relação com o som? Começaremos por esse facto.

- O som!

- O parasita tem uma relação com o som? – perguntou Mike.

- Efetivamente – respondeu o Doutor. – Vamos ter de relembrar as propriedades do som para perceber a reação do parasita de há pouco. Adorou as vibrações da minha chave de fendas sónica e detestou os berros do vosso amigo.

- Chamo-me Chester! Para ti é tudo amigos, é? Não és o meu amigo, meu. De certeza que não és o meu amigo!

- Chester, não o provoques.

O Mágico e Os Ladrões de SomOnde histórias criam vida. Descubra agora