PRIMEIRAS IMPRESSÕES

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Após dois dias que sucederam ao infarto do Presidente, logo pela manhã o telefone da Diretora tocou os despertando do sono. Com um movimento Elisa virou seu corpo e esticou a mão para alcançar o aparelho eletrônico que estava sobre a mesa de cabeceira, para ver o remetente da chamada. Era Dona Juliana avisando que Arabela já estava na cidade, mas que chegaria um pouco mais tarde, pois teria assuntos pendentes e pediu para que Elisa "segurasse as pontas" um pouco mais.

Como já estava quase na hora de se levantar, olhou para Aurélio que ainda estava sonolento. Aproximou seus lábios do rosto do esposo e o beijou.

Como de praxe, seguiu para o banheiro e preparou um banho quente, pois havia amanhecido frio.

- Quem vai se atrasar, meu bem? - perguntou Aurélio enquanto pegava a escova de dente.

- A filha do Seu Ricardo. Ela ficará conosco até a recuperação do pai.

- Que fatalidade isso ter acontecido com ele, não é mesmo?

- Sim! Todos ficamos abalados. Ele se preocupa demais com a empresa, e será difícil sem sua presença. Só faz dois dias que isso aconteceu e você não tem ideia de como está um caos sem o Presidente!

- E essa moça, é responsável? Quero dizer, ela sabe trabalhar com administração de empresas?

- Bem, sim! A senhorita Arabela trabalha na filial da Alemanha há anos, e assim como o pai, é muito aplicada.

- Você já conversou com ela?

- Ainda não a conheci.

Ele apenas sorriu e enxugou o rosto úmido. Trocaram mais algumas palavras e como ela se preocupava em não se atrasar, pois não sabia se Rubens havia chegado, então se apressou na organização das coisas.

Aurélio a deixou diante do prédio e seguiu para o seu trabalho. Elisa subiu até o seu escritório e encontrou sua secretária com um turbilhão de novos relatórios e projetos para serem assinados. Estava muito complicada a situação de não ter o Vice-presidente. Nesses momentos, tudo ficava sob sua responsabilidade.

Pessoas entravam, pessoas saiam e nenhum sinal nem de Rubens, muito menos de Arabela.

A Diretora se sentou e olhou para a sua amiga e secretária que havia levado os documentos do setor de produção.

- Estão demorando, não é mesmo? - disse Núbia.

- Sim! Achei que não fossem demorar tanto!

- Começo a achar que a moça não é tão responsável assim! - falou a secretária fazendo a chefe menear negativamente a cabeça. Percebendo sua reprovação ela se desculpou imediatamente. - Me perdoe, Elisa! Sabe que às vezes falo coisas sem pensar.

- Está bem, fique tranquila! Acredito que ela ainda não está aqui, pois deve ter muitos assuntos sobre sua adaptação no país. Imagine só viajar durante onze horas de um lugar tão longe! - disse recostando-se na cadeira.

A Diretora olhou para a janela onde revelava a vista da avenida Paulista, com o seu movimento intenso de carros e o trânsito completamente parado.

- Vamos pensar que ela se atrasou por causa do trânsito, não é mesmo? — disse Núbia.

- Sim, com certeza! Ela pode estar ali no meio daqueles carros - apontou para aquela direção.

- Sim, pode ser!

- Você a conhece, Núbia?

- Não! Nunca a vi! Dizem que é uma moça de temperamento forte e diga-se de passagem, bem agitada.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora