Elisa proibida

SEJA PACIENTE E NÃO SURTE

Elisa ficou a semana toda evitando grandes contatos com Arabela. Durante todas as noites antes de dormir, se lembrava da forma como a Presidente a encarava, fazendo com que o seu corpo congelasse pelas sensações.

Àquela altura, os pensamentos delas já estavam em grande sintonia, e o comportamento da Diretora havia mudado drasticamente: estava tão silenciosa que até mesmo com Aurélio evitava prolongar muitos assuntos, pois ela mesma não sabia o que estava se passando com sua mente; mas por ser mais quieta não causou tanto estranhamento nas pessoas: talvez estivesse concentrada nos grandes eventos daquela semana.

O jantar na casa dos sogros foi tranquilo e sem grandes acontecimentos, portanto, não nos atentamos a essa ocasião, já que teremos outras oportunidades mais à frente. O que posso dizer é que as coisas ainda estão serenas, brandas e habituais, nada que nos surpreenda em relação a família.

Ao amanhecer, a belíssima Falcão se levantou antes mesmo do relógio despertar. A senhora Juliana, assim como fazia todos os dias, enviou-lhe mensagens de início de semana, afinal, aqueles seriam dias importantes onde a reunião do conselho aconteceria. A forma como a Sra. Viscenza sempre tratou a Diretora fazia com que fosse especial, mas por conhecer sua filha, estava notando certas coisas. Lembre-se disso depois!

Antes do início do expediente, os Viscenza se reuniram na mansão. Talvez tivesse sido melhor que Arabela deixasse sua namorada na Europa, já que desde que chegou foi provocada severamente, ficando dividida. O transtorno em sua vida só estava no começou, pois desde o encontro que teve com Fernanda, muitas emoções voltaram à tona.

— Cada dia mais linda, minha filha! Uma dama: você agora é uma grande mulher responsável e determinada. Soube por sua mãe que você está fazendo um trabalho impecável na empresa, e isso me deixa tão feliz. Estamos orgulhosos dela, não é, querida?

— Sem sombra de dúvidas, Ricardo! — respondeu Juliana. — Mas ela deve tomar cuidado com certas moças que rodeiam sua vida para que coisas terríveis não aconteçam. Sabe disso, não é minha filha?

Arabela revirou os olhos e arfou extravasando a irritação que o comentário lhe causava. O dia estava mais frio do que no anterior, fazendo com que a Presidente trajasse um sobretudo preto, com um vestido mais curto na cor caramelo; meia calça fina e scarpins também na cor preta. Conseguia estar ainda mais bonita do que em outras ocasiões.

— Sabe o que quero saber mesmo ao invés de ficarmos falando sobre o meu relacionamento?

— O que? — disse a mãe.

— Quero sabe o porquê vocês defendem tanto Rubens naquela empresa? Ele chega todos os dias atrasado e alega que fica até mais tarde na empresa fazendo hora extra.

— Mas ele realmente faz isso, minha filha! — respondeu Ricardo.

— E por que não fui informada sobre o fato antes?

— Pensei que ele diria assim que chegasse da Alemanha.

— Não, papai! Rubens faz de tudo para me afrontar. Todos os dias ele faz questão de me dizer que não sou a presidente fixa, portanto, não me deve satisfações. Como vou trabalhar com um Vice-presidente que não respeita a pessoa mais importante dentro da Lamoncler?

— Tenha paciência, Bela! As coisas vão se ajeitando.

— Eu tenho paciência até demais, mãe! Já faz três semanas que estou aqui e até agora não consegui conversar com ele sem que me afronte, seja sarcástico e me trate mal. Acham que fico como quando meus próprios pais parecem não me apoiar. Por que ele é assim?