DE TUDO, ISSO FOI O ÁPICE

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Certas reflexões colocaram-me em parafusos um dia desses. Penso que a sua identificação com os fatos são nitidamente grandes. De onde lê essas palavras pode dizer que a história é como a sua. É verdade! Sabe como sei? Porque não existe ser humano que se possa se desvencilhar do despautério social. Cansar de dizer sim, quando na verdade se quer dizer não pelos medos. Eu mesmo encontrei-me entregue ao medo por incontáveis vezes. Lastimáveis fatos!

Dito as frases, volto a insistir que me desculpe por tais interrupções. Na verdade, entenda que isso é necessário. Pensei muito quando decidi narrar esta história, pelos tempos que estamos nos aproximando. Não que o livro seja cruel, porque ele não é, mas, notoriamente, contar essas orações tornou-se indispensável por serem reais.

Para a surpresa de Viscenza, os pais voltaram antes do tempo. O Senhor Ricardo e sua esposa chegaram bem cedo ao Brasil. Estavam um tanto enjoados da viagem e por estarem longe de casa, mas traziam grandes histórias e muitos presentes para os amigos e a família: tão felizes.

A filha por outro lado não estava nem um pouco humorada e feliz. Passou os dias enfiada na sala da presidência, guiando a sua concentração aos pensamentos conhecidos por nós. Nada de interessante aconteceu nas suas horas que me coloque a descrever. Já para Elisa, salvo o mesmo discurso, mas o que muda são as provações.

Aquela noite foi a mais pesada de todas. Olhar para o lado, enxergar Aurélio e ainda se lembrar das palavras do sogro nos dias que antecederam, foi horrível. Mal sabia controlar a respiração e a fadiga no peito. Olhava tão perdida nas coisas que um dia foram normais, e estar ali era uma tortura.

Os relatos já nos foram revelados, então passemos ao momento em que ela criou grande decisões.

Alguns dias haviam se passado ali: os oito necessários, e foram suficiente para ela, porque já haviam se esgotado as suas forças. Se fizessem com que ficasse mais um dia ali, Elisa explodiria.

Obviamente houve insistência. Todos queriam que eles ficassem um pouco mais, já que teriam outras programações. Aurélio até tentou convencê-la de que ficassem um dia restante, mas ela alegou que gostaria de organizar as coisas antes de voltar ao trabalho.

Durante o trajeto, poucas coisas foram ditas, além de comentarem sobre a viagem. Ele, atento e sagaz, percebia cada vez mais que algo faltava em Elisa. Ela sempre foi quieta, como sabemos, mas estava um tanto exagerada. Os olhos perdidos eram o que mais destacavam em todas as suas ações.

― Como se sente hoje? ― indagou ele.

― Bem.

Ela apenas sorriu e voltou ao silêncio.

― Esse ano tinha menos gente do que no ano passado, não achou? Meu pai quem disse, e depois eu também reparei.

― Acho que sim. Realmente estava mais vazio.

― E o que você achou? Valeu a pena?

― Achei muito bom. Com certeza sempre vale a pena.

A sua falta de sinceridade obviamente não foi notada por ele.

Quando Elisa adentrou sua casa outra vez, era como se aquele lugar fosse estranhamente desconhecido. Não pelo tempo que ficou fora, porque quando ficamos longe da nossa casa as coisas ficam estranhas, uma vez que nos acostumamos, mas falo da estranheza sentimental.

Nada estava como antes. Não é como se ela mudasse uma decoração do lugar, porém, não reconhecia cada canto da residência. Tudo estava desencaixado. Por um lado houve alívio, mas por outro houve agitação. Seus olhos não sustentaram as lágrimas e foi o mesmo instante em que Aurélio adentrou o quarto. Ele estava de cabeça baixa, mas quando elevou os olhos viu a sofreguidão na mulher.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora