CORPOS QUE FLUTUAM

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Por oito dias, as executivas permaneceram próximas. Nos últimos dois, Elisa não parava de se lembrar do quão belos eram os olhares e sorrisos de Arabela, sendo envolvida por algo ainda maior do que antes. Nem religião, crenças e proibições poderiam barrar as atrações que invadiam seu coração, permitindo que ela se entregasse ao novo universo das tentações.

Dia e noite ela se questionava e ficava com a mente voltada para aquela figura estupenda, à qual dedicou um espaço da sua imaginação. Sentia seu corpo se aquecer quando Viscenza se aproximava e tinha a certeza de que aquilo não era mais apenas a grande admiração, e sim um verdadeiro mar de atrações deliciosas. Perturbou-se quando percebeu isso e teve, em muitas madrugadas, a insônia presente.

No dia seguinte da reunião do conselho, Elisa acordou preocupada com Aurélio, pois mais uma noite não havia dormido bem. Estava entrando em um resfriado forte, o qual enfraquecia sua capacidade para o trabalho, então ela passou aqueles dias tendo de seguir para a empresa sozinha.

A Diretora permaneceu com sua cabeça em dois mundos, conciliando o cargo na empresa e o caminho em que estava percorrendo com Arabela e o seu mundo pessoal. Entre seus encontros religiosos com a comunidade evangélica, tinha sempre algo que a deixava em aflições: era como se a sua mente criasse cobranças.

Na manhã da viagem dos senhores Viscenza, Elisa, Arabela e Rubens foram outra vez intimados a manter a boa ordem da empresa. Tudo ficaria integralmente nas mãos dos três, principalmente nas das duas executivas.

A primeira vez que Arabela percebeu que não eram ilusões o que via em Elisa, foi dois dias antes do fato que vou lhes contar daqui a pouco. No fim da tarde de terça-feira, a senhora Falcão estava em sua sala concentrada em suas funções, atribuindo algumas adaptações aos relatórios. Tudo estava indo bem entre ela e a amiga Presidente, tendo sua companhia durante alguns almoços.

Arabela entrou no escritório e se sentou diante da Diretora. Ficou tão silenciosa que pôde ver os olhos da mais velha tocarem os seus em um brilho incrível, então Viscenza pensou:

"Preciso dessa mulher para mim!"

Era como se ela já decretasse que teria Elisa para si. Via os sorriso lindos e os olhos doces da mulher à sua frente, fazendo com que algo dentro dela estremecesse.

— Me lembrei de você hoje pela manhã. — confessou a senhorita Viscenza.

— Se lembrou? — disse Elisa, franzindo o cenho, esboçando um leve sorriso.

— Sim. Vi algumas flores pelo caminho enquanto dirigia para cá. Elas me fizeram lembrar da sua delicadeza de ser. Não é engraçado isso?

— Poxa! Nem sei que dizer, senhora. — riu, de forma desconsertada.

— Sabia que o seu sorriso é algo que me encanta? — falou a Presidente.

Elisa corou, mas não desviou seus olhos para outro canto; manteve-os atentos nas expressões sedutoras de Arabela; fechando-os, sorriu e meneou sua cabeça, voltando a enxergar sua chefe em seguida.

— Agradeço e digo o mesmo, Dona Arabela. É uma moça encantadora.

Isso abriu uma nova estrada. Viscenza despejava sobre Falcão todas as suas ferramentas de romantismo, pois era assim que queria conquistar a Diretora: delicada e galanteadora.

A grande troca de olhares mais intensos do que antes passaram a acontecer em reciprocidade nos próximos dois dias, e foi quando a perspicácia do destino fez o favor de aparecer. Passamos aos fatos!

O dia estava tão frio que Núbia havia comprado chocolate quente para algumas pessoas do terceiro andar. Arabela adentou o corredor e seguiu em direção à sala da presidência após o almoço.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora