RESPONSÁVEL

8.4K 817 124
                                    

No dia seguinte o clima ficou muito frio. Uma leve chuva começou a banhar a cidade e fazer com que o tempo ficasse ainda mais carregado. Dona Juliana se sentou ao lado de Elisa e fez um carinho em sua mão.

Naquela sala de espera estavam apenas as duas e mais alguns amigos do Presidente; dois ou três. Todos conversavam amenidades sobre seus dias, mas apenas a Diretora financeira observava a mais velha com os olhos de carinho e preocupação.

— A senhora quer um café ou chá? Está com frio? Se quiser vou buscar um agasalho. Está só com essa camisa fina — perguntou enquanto acariciava as costas da mais velha.

— Não se incomode, minha menina, pois estou bem. Não necessito de nada — sorriu com tanta satisfação.

Juliana recostou-se no assento assim que Elisa finalizou o carinho e passou a olhar a sua adorada. Fitou-a com admiração percorrendo seus olhos nos longos fios castanhos da mulher. Se lembrou do dia em que conheceu a moça e se encantou por seu caráter, fazendo com o coração áspero da senhora ficasse delicado; apenas com ela, é claro.

— Com licença, Juliana — disse o médico amigo da família, tomando sua atenção.

— Ó, sim, Edgar, o que houve?

Ela ficou nervosa instantemente. Preocupou-se de que algo pior pudesse ter acontecido. Não tardando o assunto, o homem sorriu e relatou o que era:

— Ricardo quer ver uma moça chamada Elisa. Creio que seja você, não é mesmo? — apontou para a executiva.

— Sim, sou eu — sorriu.

— Ótimo! Podem entrar. Peço que não prolonguem a permanência lá.

Ao receberem a autorização do médico, ambas seguiram para o quarto onde estava Ricardo. Sobre a cama estava aquele homem carinhoso, e por sua situação, cortou o coração da moça. Juliana se sentou ao lado dele e sorriu para Elisa que se sentou do lado oposto também sorrindo.

O quarto era grande, mas sem cor. Havia apenas um ramo de Gérberas corais entrelaçadas com algumas brancas e vermelhas dentro de um vaso simples de vidro. O cheiro das flores exalava no ambiente, fazendo com que Elisa sugasse o ar a sua volta.

— O doutor nos disse que o senhor quer falar comigo — relatou Elisa.

O Presidente sorriu e esticou sua mão para alcançar a amiga e funcionária. Nunca foi visto uma confiança tão grande como a que ele tinha por ela. Ambos os senhores sentiam por ela um amor paterno e admiração valiosa.

— É verdade, Elisa! Pedi para te chamar, pois mesmo estando aqui o trabalho não pode parar.

— Pedi para ele deixar que resolvêssemos esse tipo de assunto em um outro momento, mas ele não me escutou. Insistiu tanto para que o médico te deixasse entrar — confessou a Sra. Vicenza.

— Não se esforce quanto a isso, Dr. Ricardo. Dona Ju tem razão quando fala que deve deixar para depois. Fique tranquilo que tudo está sob controle.

— Sei que tudo está sob controle porque você deixa as coisas assim. Veja se meu sobrinho veio me ver. Sequer fez isso. Sei que se antes ele quase não ficava na empresa, quem dirá agora que não estarei por lá?

Elisa ficou incomodada com aquilo. Não sabia o que dizer para amenizar a situação, pois não poderia concordar com o homem, já que não gostava de fofocas ou intrigas. Apenas baixou seu olhar e se silenciou.

— O que Ricardo quer dizer é que você é pessoa mais confiável que temos. Sabe que é o nosso braço direito!

— Ora, Dona Juliana, isso uma honra para mim. Estarei sempre dando total dedicação!

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora