Arabela entrou no carro e nem olhou para a sua namorada. Ouviu um suspiro e sabia o que significava: irritação e chantagem. Dava para sentir o clima tenso e pesado no ar. Bastava que Viscenza desse entrada para que ouvisse um grande sermão. Mas nada foi dito ou feito; da mesma forma que chegaram em silêncio, também saíram.
Ao adentrarem o apartamento, Melissa jogou sua bolsa sobre o sofá, batendo a porta do quarto. Arabela, por sua vez, calma e serena, revirou os olhos e apenas fez uma careta. Ela não cairia mais uma vez no jogo da europeia. Sua paciência estava se esgotando. Com calma e serenidade, a executiva entrou no cômodo e viu a outra moça sentada sobre a cama, com os olhos fixos em sua direção.
— Só estava esperando você me encher de sermões como nas demais vezes! — falou ela, em um tom mais elevado, vendo Arabela a encarar silenciosa. Foi como se uma fúria a consumisse. — Por Deus, não vai dizer nada? Vai ficar com esse cinismo? Agora sei que eu devia ter ficado na Alemanha ao invés de ser humilhada por sua mãe. Ela parece uma cobra pronta para dar o bote.
— Está vendo a forma como está se referindo a minha mãe? Se não está satisfeita volte para lá. Não estou te segurando. Realmente não devia tê-la trazido. Foi a pior escolha. E se quiser ficar brava que fique, mas não vou te agradar. Faz tanto tempo que você vem me tratando mal, mas até nesse momento eu tenho tolerado, porém, ser grosseira e dizer essas coisas da minha mãe não dá.
— Vá para o inferno! — disse Melissa. — E você sabe que eu fiz de tudo no começo para ela gostar de mim. Sabe que quando estávamos com ela, nunca tive a aprovação.
— Oh, que judiação! — falou Arabela. — Estou vendo mesmo o esforço que fez. Se fosse amigável com ela, minha mãe jamais seria da forma que é com você. Agora me poupe desse discurso de boa moça e me deixa descansar. Queria sair eu te levei, agora me deixa em paz!
Melissa arregalou os olhos e ficou boquiaberta. Durante os anos que estiveram juntas, Arabela nunca havia dito aquelas coisas, menos ainda no tom que usou. Seu pavio estava cada dia mais gasto, e ter de suportar a forma como via as coisas acontecendo era um martírio.
Havia algo, uma certa energia que a fez refletir sobre o que ela queria de verdade; algo como um grande questionamento sobre amor verdadeiro e outros. Creio que se recorde de algo para que a tenha feito pensar nisso, não é?
A filha dos Viscenza sequer disse mais com a namorada, menos ainda ouviu algo dela. Ela apenas se dirigiu à varanda do apartamento e se sentou em uma das cadeira de descanso, degustando uma cheia taça de vinho. O céu estava tão carregados de estrelas que pareciam dançar com tanta beleza.
A noite se pendurou num ar mais gélido, porém carregado de lembranças. O vazio em seu peito foi preenchido por uma criatura de olhar indecifrável, algo como se o seu subconsciente dominasse o resto da sua cabeça.
No dia seguinte ao fato, assim como nos demais, chegou cedo na empresa e se encontrou com sua Diretora ainda na recepção. Percebeu que toda vez que olhava e pensava, via que era impossível deixar de notar o quão linda Elisa estava. Desejava tocar seus lábios com seus dedos, seguindo por beijos calmos e intensos, fazendo com que seu mundo se desligasse. A cada novo olhar uma nova sensação.
Durante aqueles breve encontros em que ela fazia acontecer, sugava o ar para sentir o perfume doce e inesquecível de Falcão. Em um desses momentos, a Presidente fez algo que se encantou: sentadas na sala da presidência enquanto conversavam sobre um dos projetos, Arabela mostrava algo à Elisa, observando atentamente cada palavra que saía dos belos lábios à frente; calmamente ela se levantou e se posicionou atrás de Falcão.
Seus cabelos tocaram os ombros da executiva financeira, exalando uma fragrância única e muito instigante. Viscenza então passou a verbalizar sobre suas opiniões, sem perceber que Elisa fixou seus olhos em seus lábios, percorrendo-os em toda a sua face. O coração de Falcão se acelerou, mantendo a observação por longo tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Elisa proibida
RomanceComedida, tímida e muito educada, Elisa é Diretora financeira de uma das maiores empresas de cosméticos femininos do Brasil e Europa, sendo também a maior produtora de comerciais. Por decisões do destino, a jovem executiva conhece a filha dos chefes...