QUANDO DE UM ASSUNTO NASCE OUTRO

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Assim que Arabela pausou sua fala, Rubens buscou a origem do seu espanto. Diante da porta do escritório da presidência, com uma expressão de surpresa, estava Juliana. A mais velha arregalou seus olhos ao escutar o teor do assunto que tratavam. Mas nada poderia se comparar com quem apareceu ao lado da senhora Viscenza.

Assim como a mãe de Arabela ouviu o que disseram, Elisa também presenciou o tal diálogo. Teve sua face pálida instantaneamente, trazendo consigo grande desconforto, pois isso outra vez esteve presente.

— M-mãe... Elisa, eu...

Juliana então elevou sua mão direita e impediu que sua filha finalizasse sua frase. Quanto mais disse algo pior ficaria, já que percebeu o quão perturbada e incomodada sua querida Diretora ficou.

— Desculpe, Dona Arabela! Acabei me enganando e peguei uma das pastas da presidência.

— Ah, obrigada, Elisa! — respondeu ela, olhando sem jeito para Falcão.

Além do desconserto que o clima naquela sala estava, nenhum sinal de lucidez em explicações foi encontrado. Nada do que Arabela dissesse poderia apagar o que foi escutado minutos antes.

— Perdão! — disse Elisa. — Tenho algumas coisas para finalizar, deixarei que fiquem a sós.

— Elisa, espere! — falou a Presidente. — Ouça! Não sei até onde ouviu o que esse irresponsável disse, mas não acredite nem leve a sério sobre o assunto! — pediu suplicante.

— Não precisa se desculpar, Dona Arabela!

— Você entende que isso é só coisa da cabeça dele, não é? Já conversamos no outro dia. Ele tem um mal que é brincar com coisas sérias, não é, Rubens? — falou Arabela, fulminando o primo.

— Sim, sim! Sem dúvidas. — respondeu sarcástico.

— Não há problema, senhores, de verdade! Não ouvi nada, nem sei de nada! Com licença.

Um silêncio torturante tomou conta do ambiente. A única coisa que se ouviu foram os saltos dos sapatos de Elisa se distanciando até entrarem em sua sala. Seu corpo estava quente e o sentia trêmulo. Se encontrava outra vez naquela maldita situação, a qual ficava em apuros.

Juliana deixou a bolsa sobre a mesa de Arabela e, com uma das sobrancelhas elevadas, encarou a filha.

— Poderia me explicar que história é essa que vocês dois estavam falando aqui na sala? Vai me explicar, Arabela?

— Eu não tenho nada que te explicar, mãe! Esse idiota é quem cria caraminholas e fica inventando injustiças falando que estou interessada na Elisa.

— Só falei o que vi! — interrompeu Rubens. — Bem, com licença! Tenho mais o que fazer.

Juliana nada disse, menos ainda a prima. Assim que ele saiu, a senhora Viscenza mais uma vez fez com que sua filha se sentisse desconfortável por seus olhos fixos e dominadores. O que ela poderia responder se foram pegos no flagra?

— Isso é verdade, Arabela? Você está se engraçando para o lado da Elisa? — perguntou incrédula.

— Está louca, mãe? Já te respondi que isso é coisa do Rubens! Esse otário é quem monta um conto na imaginação, e eu é quem acabo arcando com as consequências?

— Quem não te conhece que te compre, Arabela Viscenza! Abra o seu olho e veja onde está pisando, viu?

— Mãe, não há necessidade para que a senhora também pense isso! Agora terei de me desculpar com Elisa. Ela ouviu tudo, não foi?

— A última parte que foi dita sobre ser nora de um pastor e tudo mais, sim. Acho melhor se desculpar mesmo, pois isso é sério demais. Elisa é uma mulher correta, sisuda e muito bem casada! Tome rédea da situação e arrume tudo.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora