AS REAÇÕES DE UM GRANDE CORAÇÃO

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Arabela pensava, às vezes, que Elisa corresponderia o interesse, assim como com outras mulheres aconteceu. Para sobressair todo o constrangimento da Diretora, sua face estava tão pálida que nem parecia mais ter sangue em seu corpo. 

Para que a Presidente percebesse o quão desesperada a executiva estava, teria sido preciso ver como ela ficou assim que sua chefe deixou a sala. Sequer moveu um músculo assim que Viscenza cruzou a porta. Paralisou sua mente no submundo da perdição e dos pensamentos, que para ela eram pecaminosos sem qualquer limite.

Ela então se afastou de sua mesa, e a única coisa que conseguia se lembrar era a forma como a outra mulher a encarou: tão profundamente que chegava a dar nós em seu estomago. Era a mais rara sensação que Falcão já havia sentido, dominado suas ideias e cobrindo tudo o que ela sempre soube.

Elisa então entrou no lavabo dentro de sua sala e passou a olhar para o seu reflexo, tendo a perturbação visível em sua face.

"Meu Deus, perdoe-me por tal situação! Perdoe-me por permitir que esta moça tenha dito aquelas coisas, mesmo que possam ter sido meras brincadeiras. Me perdoe, meu pai!" pensou ela, em um desespero terrível, pois começara a sentir certos movimentos em seu ser.

Passamos agora para a Srta. Arabela Viscenza, a qual manteve-se tranquila e bem alegre, já que para ela não havia causado transtorno algum. Adentrou sua sala e se sentou em sua cadeira ficando diante da porta da saída do escritório. Sorriu ao se lembrar dos olhos iluminados e raros de sua Diretora, permitindo um sorriso descarado escapar dos belíssimos lábios em um vermelho tão intenso que a deixava ainda mais encantadora e instigante.

Talvez tivesse tão presa em sua imaginação que sequer percebeu a presença de um certo Vice-presidente. Ele analisou sua prima da porta, vendo que ela estava num mundo bem longe.

— Atrapalho sua reflexão sobre qual das modelos é a mais gostosa daqui, Bela? — falou ele, olhando para ela de forma debochada.

Arabela elevou seus olhos para ele e engoliu o discreto sorriso da sua boca. Ajeitou seu corpo sobre o assento e limpou sua garganta.

— Creio que não preciso quebrar tanto a cabeça para descobrir qual é a mais gostosa. Basta apenas que eu lhe pergunte, pois você não faz outra coisa a não ser deixar seu trabalho de lado para se enfiar nas gravações e ver as modelos — respondeu ela, sorrindo ainda mais debochada e defensiva.

— Enfim, não quero rebater as suas peripécias em relação as falas. Quero saber se já assinou os relatórios financeiro ou terei de esperar mais um dia para assinar?

— Terá de esperar o quanto for, pois as coisas não acontecem no seu tempo. Se quer que isso seja feito, comece a chegar mais cedo para dar sua assinatura e cumprir com suas obrigações.

— Escute, Arabela — pausou ele, pressionando sua testa enquanto suspirava. — Não me dê ordens como se fosse a Presidente fixa daqui. Estou rezando para que o tio Ricardo se recupere e você volte para a Alemanha logo. Quanto ao meu horário de chagada, tenho o direito, pois fiquei, por inúmeras vezes, depois do expediente.

— Dói tanto assim?

— O que? — indagou curioso, pendendo a cabeça para o lado.

— A inveja dói tanto?

— Inveja do que?

— Inveja de eu estar no cargo mais importante da empresa, enquanto você estava aqui e sequer foi mencionado por meu pai. Dói tanto?

— Se seu pai soubesse o que você faz dentro da empresa jamais deixaria que estivesse em cargo algum. Sua postura é lamentável!

Antes que ela pudesse falar algo, Bárbara, uma das secretárias, apareceu.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora