DO TÍTULO PROIBIDO

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Agora vou dar uma pausa nos últimos acontecimentos e passo a contar um pouco sobre Elisa e o "proibida". Antes disso, quero que preste atenção nas partes relatadas em cada um dos fatos ocorridos. Isso será importante para mais à frente.

Elisa e Aurélio se conheceram ainda na adolescência. Criaram um vínculo tão grande que resultou no matrimônio.

A Diretora nascera em uma família evangélica regida pelo patriarca tradicional e uma genitora submissa ao marido e a religião, porém, diferente da filha (que sempre sonhou em ser independente) a mãe não tinha desejos em viver a sua vida e realizar suas vontades. A jovem sempre frequentou todos os domingos uma das maiores igrejas da cidade e sempre foi conhecida por todos os que serviam a religião.

Seus pais criaram seus filhos nas mais absolutas regras, sendo quatro mulheres e um homem. Elisa é a terceira filha de José Antônio Falcão e Tereza Avelar Falcão. Diferente dos seus irmãos, nunca gostou de coisas fúteis como ousar falar da vida de outras pessoas ou até mesmo criar inimizades com quem pudesse ser.

Seu irmão mais velho casou-se aos dezoito anos, mas por problemas pessoais não conseguiu manter-se no matrimônio. O pai o deixou voltar para a casa sem problema algum, mas disse às filhas que se isso acontecesse com uma delas, jamais perdoaria. As outras três irmãs de Elisa sempre estavam disponíveis para os relacionamentos, e seu pai aceitaria apenas se fosse com um moço casto, de família e ainda da mesma religião. Sem choro nem vela, teria que ser do gosto dele e nada mais.

A jovem Falcão sempre gostou de explorar o novo e aguçar a sua curiosidade lendo livros, estudando sobre os assuntos da atualidade, mas lá estava sempre seu pai lhe dizendo palavras que martelavam o seu subconsciente:

"— Minha filha, tome cuidado com as novidades que aparecem para você! Não sabemos as procedências dessas coisas, e isso pode te levar ao mundo do pecado. Sabe muito bem que Deus fulmina ao pecador que desonrar o seu nome!"

Para uma jovem no seu auge da adolescência, isso se transformou em um verdadeiro martírio, pois sempre que sentia vontade de buscar conhecimento para sanar suas curiosidades, o medo assolava a sua cabeça e a proibia de adquirir uma possível evolução de sabres.

Em um domingo de páscoa a família se reuniu na igreja como sempre faziam. Os pais de Elisa saíram um pouco mais cedo, pois ajudariam no almoço que seria realizado na casa do pastor e grande amigo da família.

A moça de longos fios castanhos ficou com suas irmãs, para que pudessem se arrumar e esperar Benjamin que as levaria. Lúcia, Marta e Esther (irmãs de Elisa), estavam muito empolgadas, pois nesses encontros onde todos os religiosos se reuniam na casa de Pedro Mena, conheciam os rapazes de outras localidades.

Elisa a vida toda foi muito elogiada por seus pais por não ser como as irmãs. Sempre foi uma garota tranquila em relação aos inúmeros pretendentes. Ela era muito pacata e sem ambições para isso. Desejava sim encontrar alguém, mas que fosse honesto, amoroso e respeitador.

Naquela tarde, não demorou muito até que seu irmão chegou para levá-las. As irmãs saíram depressa, mas Elisa caminhou lentamente até o carro. Isso zangou as agitadas moças.

"— Venha logo, Elisa!" — disse Marta.

"— Já vou! Que chatice, pelo amor de Deus!" — respondeu revirando os olhos.

O que se ouviu durante o trajeto foram as gargalhadas das três ao comentarem sobre o filho do Pastor Mena. Diziam ser um garoto solitário e muito estranho. Sequer tinha namorada e nunca o viram se relacionar com ninguém.

"— Ele é tranquilo demais. Não sei como um menino bonito daquele ainda está solteiro. Por Deus, será que ele é como essa gente mundana que se relaciona com o mesmo sexo?" — questionou Lúcia, a mais velha das meninas e a mais arrogante.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora